O disco brasileiro do Del The Funky Homosapien

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Projetinho idealizado por dois terços do trio Zulumbi – o MC Rodrigo Bradão e o DJ PG -, o disco Third World Vision reúne nomes como BNegão, Jorge du Peixe, Ogi, Maurício Takara, Ladybug Mecca (do Digable Planets), Nuts, PG, Espião entre outros ao rapper norte-americano Del The Funky Homosapien, ícone do hip hop que também já participou de projetos já clássicos como Deltron 3030, Gorillaz e Hieroglyphics. Third World Vision vai ser lançado no dia primeiro de setembro no site Só Pedrada Musical, do DJ Daniel Tamenpi. Ele já deu um aperitivo com a faixa “#CDV (Círculo da Vida)”, que reúne todos os participantes na mesma música.

A capa criada pelo estúdio Petit Pois remete ao clássico Krishnanda, de Pedro Santos – se você ainda não conhece, faça-se esse favor:

Batuque 2012: Deltron 3030 em São Paulo

E a terceira edição do festival Batuque, no Sesc Santo André, traz nada menos que Deltron 3030 para o Brasil, com Del the Funky Homosapien, Dan the Automator e Rob Swift, em duas apresentações nos dois primeiros dias de dezembro. O Batuque é a encarnação mais pansônica do velho Indie Hip Hop, comandado por Rodrigo Brandão, e além dos 3030 ainda traz shows dos Sebozos Postiços, B-Negão & Os Seletores de Freqüência, Kamau, Rodrigo Campos, Projetonave, entre outros. Um finde promissor.

N.A.S.A. – The Spirit of Apollo

Zé Gonzalez já vive a ponte aérea entre a América do Sul e a América do Norte há mais de dez anos, mas só agora efetiva seu primeiro lançamento intercontinental, chamando o produtor Sam Spiegel, irmão de Spike Jonze, que também assina como Squeak E. Clean, para lançar o projeto N.A.S.A. Mas o primeiro disco da dupla, The Spirit of Apollo, sofre da síndrome da festa V.I.P., em que o número de celebridades parece exceder o próprio conhecimento dos convivas. Pra que tanto convidado assim? Contando apenas os facilmente reconhecíveis, temos uma lista que inclui Seu Jorge, quase todo Wu-Tang Clan, Santogold, Lovefoxxx, George Clinton, Del Tha Funkee Homosapien, Tom Waits, John Frusciante, David Byrne, Chuck D, Spank Rock, M.I.A., Kanye West, Sizzla, KRS-One e a Karen O do Yeah Yeah Yeahs, fora outra lista com nomes que inclui boa parte do escalão do hip hop americano atual. E o que esse povo todo acrescenta ao disco? Ou são samples humanos? Sendo assim, esse monte de artista acaba travando as possibilidades em vez de amplia-las, comprometendo o fluxo do disco com obviedades e pura encheção de lingüiça.

Mesmo com suíngue calibrado, o refrão de “Money” (“money is the root of all evil”) não consegue ser mais clichê, enquanto “Way Down”, com John Frusciante, soa como genérico de trip hop. A dobradinha Tom Waits/Kool Keith em “Spacious Thoughts” é totalmente dispensável e até a participação de George Clinton é trivial. Ainda mais quando se compara esse lado de The Spirit of Apollo com o em que ele acerta. São poucos hits, mas que, quando batem, pegam muito bem. A primeira faixa a ser revelada, “Gifted” (que reúne Santogold, Lykke Li e Kanye West) continua sendo a faixa mais bem resolvida do disco, que ainda tem outros bons momentos. “Watchadoin?”, que junta M.I.A., Santogold e Spank Rock (este último põe quase tudo a perder, soando tão vazio quanto a Fergie), cogita a possibilidade do Clash ter descoberto o funk carioca na época de Sandinista!, “Strange Enough” transforma Karen O num Mick Jagger (mas precisava do Ol’ Dirty Bastard e do Fatlip? Não precisava) e “A Volta” mostra que Lovefoxxx funciona até no ragga.

E quando sai do mundo de celebridades pop, a música do N.A.S.A. torna-se verdadeiramente inspirada, talvez por serem justamente quando Zé se sente mais em casa – seja ao lado do Babão dos Inumanos, quando deixam o samba comer bonito na vitrola em “O Pato”, que no caso, não é o de João Gilberto, mas o Donald, e em alguns momentos isolados (“N.A.S.A. Music” seria tão melhor se fosse instrumental ou a aparição de Miguel de Deus e da metaleira de Lincoln Olivetti no meio de “The Mayor”). Talvez a solução fosse deixar Zé Gonzalez ter mais peso no disco e na dupla – boa parte dos convidados apareceram graças aos contatos de Sam no meio publicitário, onde também bate cartão. Mas só o fato do fato da dupla chamar-se N.A.S.A. (que, apesar de vir da junção de North America com South America, ainda é a agência espacial estadunidense) diz muito sobre o resultado. Quem sabe, Zé está só esperando o momento certo para seu próprio disco.

N.A.S.A. – The Spirit of Apollo

N.A.S.A. – “O Pato