As 75 melhores músicas de 2017: 61) Criolo – “Menino Mimado”

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“E eu não aceito, não”

Os melhores discos de 2017: 54) Criolo – Espiral de Ilusão

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“Como você dorme com isso?”

Tudo Tanto #33: Você samba de que lado?

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Escrevi sobre a onipresença do samba, este fator de unificação nacional, na minha coluna Tudo Tanto na edição de julho da revista Caros Amigos.

Você samba de que lado?
Cem anos depois, o gênero que ajudou a disfarçar o racismo brasileiro e a unificar o país como nação sobrevive à espreita

Alexandre Matias

Essa cena: “Por volta das nove da noite, cerca de 150 homens, funcionários da prefeitura municipal, municiados de marretas, alavancas e pé de cabra, obedeceram à voz de comando e arremeteram contra o alvo. O bruxulear dos archotes usados para iluminar a operação militar conferia maior dramaticidade à cena. Uma multidão, contida ao largo pelo contingente armado, assistia à distância, como um espetáculo sinistro, a destruição madrugada adentro. O elemento surpresa impediu possíveis reações organizadas por parte dos desalojados. Em meio à barulhenta penumbra, homens, mulheres e crianças, antes encafuados nos desvãos dos pequenos imóveis, corriam atônitos pelas ruelas tentando salvar um ou outro pertence tido como mais valioso: colchões, alguns poucos móveis, trouxas de roupa, tralhas de cozinha. Na manhã seguinte, no entanto, sob o sol do verão carioca, foi possível constatar o tamanho do estrago: nada escapara à demolição. Resto, no local, apenas uma montanha poeirenta de entulho.

‘Foi um espetáculo bonito’, definiu um dos jornais de maior circulação à época, O Paiz. ‘A impressão moral daquele feito era como se aos golpes ruidosos, em vez de rolarem pedras, rolassem crenças, ruíssem tradições’, analisou o matutino. Outra publicação, O Tempo, foi mais explícita: ‘Metemos uma lança em África, espostejando a Cabeça de Porco’. A imprensa foi unânime em glorificar a ‘medida civilizatória’ imposta à paisagem da cidade pelo primeiro prefeito da história do Rio de Janeiro, Cândido Barata Ribeiro, médico e intelectual baixinho, magricela e míope, de testa larga e barbas longas, um dos nomes mais proeminentes do movimento republicano brasileiro.

Essa cena aconteceu no dia 26 de janeiro de 1893 e foi recriada pelo escritor cearense Lira Neto, biógrafo de Getúlio Vargas e do Padre Cícero em dois grandes épicos (os três volumes de Getúlio e o tomo único Padre Cícero – Poder, Fé e Gueera no Sertão), como um dos momentos iniciais de seu novo desafio, contar “a história do samba moderno urbano”. O livro Uma História do Samba – As Origens foi publicado no início do ano pela Companhia das Letras (editora dos outros livros do autor) é o início de uma nova trilogia, que pretende mostrar como o gênero, que antes ser estilo musical era sinônimo de festa, barulho e confusão no final do século 19, firmou-se entre a elite e as classes populares brasileiras, saiu do submundo onde era tratado como fora da lei e tornou-se popular a ponto de se tornar um fator de unificação nacional.

Lira Neto na verdade joga uma lupa sobre o tal “mistério do samba”, iluminado pelo antropólogo Hermano Vianna no livro de mesmo nome, lançado em 1995 pela editora carioca Jorge Zahar. Neste volume, Hermano parte de um “noite de violão” em 1926 que reuniu, sob o mesmo teto, os sociólogos Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda (ambos já matutando ideias que paririam os dois livros que os tornam clássicos da cultura brasileira, respectivamente Casa Grande e Senzala, de 1933, e Raízes do Brasil, de 1933), o músico Heitor Villa-Lobos e os sambistas Pixinguinha, Patrício Teixeira e Donga. “O encontro”, título do primeiro capítulo da publicação, é o ponto de partida para entender como o samba deixou de ser criminoso e maldito para se tornar aceito, amado e entrado na textura da noção de nacionalidade brasileira.

Pois o samba era vil, visto como sendo de mau gosto, chulo, fora da lei – “eufemismos” dados para o ponto central da questão: o samba era negro. A recente abolição dos escravos obrigou a elite brasileira a conviver com os ex-escravos sem a hierarquia do regime escravocrata e a solução para continuar esta ascendência era enquadrá-lo em outra lei – a da vadiagem. Sambistas eram negros, negros eram sambistas: o samba, portanto, era diagnóstico de que algo não estava bem – para a elite, essencialmente racista.

A cena descrita no início do texto não é apenas pesada – ela é atual. Fora a iluminação policial (embora lanternas no escuro deem tanta dramaticidade quanto archotes), a destruição do enorme cortiço conhecido como Cabeça de Porco ou Pequena África no Rio de Janeiro é das inúmeras “reintegrações de posse”, neologismo orwelliano para aplacar o impacto real da situação, em que famílias inteiras veem seus lares sendo devastados pela truculenta força militar para que abram-se alas para o progresso. Quantos morros, favelas e quebradas não sucumbiram a esse trator racista durante todo o século passado – até hoje?

Mas impressiona mesmo a reação aberta contra as origens africanas de uma nova cultura popular. Vianna descreve a chamada “belle époque carioca, período no qual muitos autores identificavam uma total separação entre a cultura das elites e a cultura popular no Rio de Janeiro”, em seu Mistério do Samba. “Essa é, por exemplo, a opinião de Jeffrey Needell, para quem na belle époque ‘tropical’, que vai de 1898 a 1914, a tendência dominante era de ‘pôr um fim ao Brasil antigo, ao Brasil ‘africano’, que ameaçava suas pretensões à sofisticação, apesar de se tratar de uma África bem familiar à elite’ (Needell, 1993: 77). Essa também é a opinião de Mônica Velloso, que escreve em As Tradições Populares na Belle Époque Carioca: ‘o endeusamento do modelo civilizatório parisiense é concomitante ao desprestígio das nossas tradições (…) Mais do que nunca, a cultura popular é identificada com negativismo, na medida em que não compactuaria com os valores da modernidade’ (Velloso, 1988: 8/9). E continua: ‘Nos salões da moda, nos cafés e conferências literárias, a referência ao nativo atinge o máximo de desqualificação’ (Velloso, 1988: 17).”

Um país racista que disfarçou seu racismo glorificando uma música (e uma cultura) antes tida como pobre e negra. O racismo brasileiro não pode ser dito – afinal, todos sambam.

E mais de um século depois o samba persiste, seja como trilha sonora de comercial de cerveja, no palco globa do carnaval e em nichos como o novo disco de Criolo (Espiral de Ilusão, dedicado ao gênero), no novo de Rodrigo Campos (Sambas do Absurdo, ao lado de Juçara Marçal e Gui Amabis), o heróico reconhecimento póstumo de Almir Guineto na Folha de S. Paulo (descrito pelo Bernardo Oliveira, do selo Quintavant) ou na celebração dos vinte anos do disco Afrociberdelia, da Nação Zumbi, que repete insistente a pergunta sobre “de que lado você samba?”. Ele sobrevive matreiro, à espreita, pronto para chegar. E sempre chega.

Criolo, por Elifas Andreato

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Então é isso: “Menino Mimado“, que Criolo mostrou há duas semanas, na verdade faz parte de um disco inteirinho dedicado ao samba, chamado Espiral de Ilusão, que será lançado na próxima sexta. E a Adriana do UOL descolou a capa do disco em primeira mão, assinada por ninguém menos que Elifas Andreato, capista clássico da música brasileira que assinou obras como estas:

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Vida Fodona #556: De Aleluia

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Um programa para o feriado.

Secos e Molhados – “Amor”
Eminem – “Lose Yourself”
Beth Ditto – “Fire”
Lorde – “Green Light”
Flora Matos – “Preta da Quebrada”
Fujiya & Miyagi – “Collarbone”
Cicada – “Falling Rockets (Just A Band Remix)”
Katy Perry – “Dark Horse”
Kendrick Lamar – “DNA”
Marcelo D2 + Helio Bentes + Siba – “Resistência Cultural”
BaianaSystem + BNegão – “Invisível”
Frank Ocean + Jay-Z + Tyler the Creator – “Biking”
Criolo – “Menino Mimado”
MC Beijinho – “Me Libera Nega”
Sinkane – “Telephone”
Busy P + Mayer Hawthorne – “Genie”
Tare Sang – “Let’s Do”
Gilberto Gil – “Back in Bahia”
Thundercat – “Friend Zone”
Ed Sheeran – “Shape of You”
Spoon – “First Caress”

Criolo 2017: “Meninos mimados não podem reger a nação”

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Criolo arqueia a sobrancelha para olhar no olho do sujeito que descreve em sua nova “Menino Mimado”. Mas o ar de ameaça (“Então pare de correr na esteira e vá correr na rua”, “Este abismo social requer atenção”, “Pois quem não vive em verdade, meu bem, flutua nas ilusões da mente de um louco qualquer”, “Eu não quero viver assim, mastigar desilusão”) dissipa-se ao som do violão, do tamborim, do violão de sete cordas, do pandeiro, da cuíca, do sax, do surdo e do trombone que o acompanham. Não é um dedo na cara, é só um toque, numa boa, na sincera:

É também um recadinho pro presidente postiço e todos os novos aspirantes a líderes que surgem por aí. Será que o próximo disco do Criolo está prestes a ser lançado? Será que o tom é mais político e pesado que o normal? Ou será um disco específico dedicado ao samba? De qualquer forma, eis uma voz a ser ouvida em 2017.

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A produção, mais uma vez, é do Marcelo Cabral com o Ganjaman e a música pode ser baixada no site do Criolo.

Mashups do Carnaval 2017

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Raphael Bertazi prepara mais uma leva de axés bahindie que mistura Daft Punk, Ivete, Beyoncé, Clash, Franz Ferdinand, É o Tchan, Daniela Mercury e Criolo – se prepara:


Daft Punk & Companhia Do Pagode – “Robozinho Empinadinho (Bertazi ‘Axé Bahindie’ Remix)”


Beyoncé & Daniela Mercury – “O Boy Mais Belo Dos Belos (Bertazi Mashup)”


Clash & Ivete Sangalo – “Céu De London (Bertazi ‘Axé Bahindie’ Remix)”


Franz Ferdinand & É o Tchan – “Me Bota Pra Fora (Bertazi ‘Axé Bahindie’ Remix)”


Criolo & LCD Soundsystem – “SP, I Love You But You’re Bringing Me Down (Bertazi Mashup)”

Verocai + Criolo + Mano Brown

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O mestre Arthur Verocai, um dos maiores arranjadores de nossa música, está lançando um dos raros discos com seu próprio nome, que segue a linha do único – e cultuado – álbum de 1972. No Voo do Urubu reúne nomes como Seu Jorge, Danilo Caymmi, Vinícius Cantuária, Mano Brown e Criolo e os dois últimos puderam comparecer nos shows de lançamento que o maestro fez neste fim de semana, no Sesc Pinheiros, em São Paulo, ao lado de uma pequena orquestra de cordas e sopros. Filmei o momento em que Brown e Criolo dividiram o palco com o mestre.

No Voo do Urubu é um dos grandes discos de 2016.

Tudo Tanto #017: A volta do protesto

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Fiquei sem atualizar minhas colunas da Caros Amigos desde o início do ano, por isso vou começar a compartilhá-las aqui. A primeira do ano foi sobre a aproximação da nova música brasileira a um novo protesto, que começava a surgir nas ocupações das escolas que aconteceram no ano passado e que anteciparam os protestos deste tenso 2016.

A volta do protesto

Há um tempo que a música brasileira não protesta. Uma conjunção de fatores diferentes fez a voz dos descontentes perder eco na música no início deste século. A derrocada das gravadoras fez que boa parte dos artistas passassem a depender de empresas e do poder público para gravar discos e fazer shows e, com isso, temáticas como provocação, cobrança e vingança desapareceram do cancioneiro nacional no início do século. A ótima fase econômica que o país atravessou na década passada ativou o sempre alerta otimismo brasileiro, que também ajudou a desligar as ganas da contestação. O rock deixou de ser a voz do contra e mesmo bandas de hardcore começaram a falar de amor. E a crise que o hip hop nacional enfrentou após incidentes violentos no meio dos anos 00 o fez repensar todo aquele sangue nos olhos.

Tudo isso transformou a temática da música brasileira do início do século em algo menos agressivo, incisivo, contestador. O amor assumiu de vez o papel de principal tema, abrindo espaços para outras platitudes – e os artistas que antes falavam apenas de amor começaram a falar de sexo no lugar. E logo a música brasileira para as massas se referia mais à pegação, balada e vida noturna, tanto em gêneros que sempre apostaram nestes temas (como a axé music e o funk carioca) até em estilos mais tradicionais (como o sertanejo e o samba).

Mas do mesmo jeito que essa conjunção de fatores fez diminuir o clima de contestação na década passada, ela foi se desfazendo à medida em que entramos na década atual. As chamadas jornadas de junho de 2013, a crise econômica no País, a insatisfação com o governo Dilma, os protestos contra a Copa do Mundo e os nervos à flor da pele nas redes sociais tornaram o país mais belicoso e agressivo. O brasileiro voltou a tomar às ruas como não acontecia há muito tempo e as pautas destes protestos eram – e são – as mais díspares possíveis.

E aí que parte daquela geração que cresceu à sombra dos artistas que falavam de amor e outros assuntos menos sérios começou a botar suas manguinhas de fora. Artistas que já vinham falando de temas menos óbvios e mais interessantes, buscando horizontes musicais mais amplos e desafios pessoais através da arte. Foi justamente a safra que culminou no ótimo 2015 que eu comentei na coluna anterior. Uma rápida audição em cada um daqueles álbuns deixam claro um clima de descontentamento, de não aceitação, de exigência – cada um à sua maneira, cada um do seu ponto de vista.

Assim, o Fortaleza do grupo cearense Cidadão Instigado é um desabafo agoniado sobre a forma como sua cidade-natal foi consumida pela violência, pelo consumismo e pela especulação imobiliária, usando-a como metáfora para esse estilo de vida de jecas brasileiros se sentindo melhores que seus conterrâneos porque falam inglês errado. O mesmo sentimento atravessa o fantástico De Baile Solto do pernambucano Siba, um disco feito em protesto contra a lei de segurança pública que proibiu o maracatu de tocar até o sol raiar – quando a própria definição de maracatu pressupõe a noite virada e o sol raiando. Dois discos feitos às próprias custas, sem gravadora, incentivo fiscal, apoio cultural, nada – justamente para não ser acusado de ter o rabo preso com alguém.

Os discos de Emicida e Karina Buhr são bombas-relógio que partem de dois temas – racismo e feminismo, respectivamente – mas que vão aos poucos mostrando a presença de ambos em diferentes aspectos de nossas rotinas. Outros discos abordam a política em nossos gestos, hábitos e comportamento, longe de siglas, ideologias e líderes – TransmutAção de BNegão e seus Seletores de Frequência fala sobre a mudança interior, o autoestranhamento de Rodrigo Campos em Conversas com Toshiro, A Terceira Terra dos Supercordas é sobre como passar para o próximo estágio da vida em sociedade, Estilhaça do Letuce transforma problematiza a vida a dois como uma tensão em busca de um equilíbrio e o Violar do Instituto pressupõe um incômodo, algo que destoa e desarmoniza. Até o instrumental do Bixiga 70 também “fala” isso, seja nos títulos de suas músicas ou no andamento mais pesado de seu terceiro disco.

Até os trabalhos mais experimentais do ano passado carregam esse tom. Discos como Niños Heroes de Negro Léo, o improviso interminável de Abismu de Kiko Dinucci, Juçara Marçal e Thomas Harres, o encontro de tirar o fôlego entre a mesma Juçara e Cadu Tenório, a alma livre e torta do Voo do Dragão do trompetista Guizado e até o transe telúrico de Ava Rocha em seu disco de estreia Ava Patrya Yndia Yracema – estão todos alinhando-se com o coro dos contrários, cada um vindo de uma direção diferente. Bárbara Eugenia e Tulipa Ruiz vão pelo caminho oposto, fingindo-se de pop em seus respectivos Frou Frou e Dancê para falar sério sem que a gente perceba.

Essa produção artística toda culmina no instigante Mulher do Fim do Mundo, que Elza Soares gravou com alguns dos músicos acima citados e que parece sintetizar o clima de descontentamento atual que todos os discos acima sublinham. Mas mais do que celebrar o encontro de Elza com uma geração mais nova, 2015 talvez tenha sido importante por mostrar para essa geração mais nova que uma geração ainda mais nova pode ser seu novo público.

Foi o que se viu no início do mês de dezembro do ano passado, quando a atual geração da música brasileira resolveu entrar de cabeça na luta das ocupações das escolas públicas de São Paulo, realizadas por adolescentes alunos das mesmas. Revoltados contra a decisão unilateral do governador Geraldo Alckmin de fechar escolas, os alunos foram lá e tomaram conta das instituições, assumindo a gestão e a rotina de mais de 200 escolas em todo o estado. E os artistas mais velhos se reuniram para fazer shows para arrecadar mantimentos para essa nova geração rebelde.

Pude assistir a uma de várias destas apresentações ao ar livre e gratuitas que aconteceram na cidade. Artistas como Céu, Cidadão Instigado, Bárbara Eugênia, Vanguart, Criolo, Maria Gadu, Tiê e até veteranos como Paulo Miklos e Arnaldo Antunes se reuniram num domingo em uma praça no Sumaré para celebrar esse novo momento de resistência – e aos poucos criava-se uma conexão improvável entre adolescentes que não conheciam uma geração mais velha de artistas que se dispunha a fazer shows de graça para eles. Um elo que parece ingênuo e frágil à primeira instância, mas que pode fazer com que estas duas gerações cresçam juntas, se respeitando e construindo um país melhor do que esse que tentam nos empurrar entre anúncios comerciais.

Re:Criolo: “As pessoas não são más / Elas só estão perdidas”

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Dez anos depois, Criolo volta a Ainda Há Tempo e revisita músicas do início de sua carreira com novas produções. O Ainda Há Tempo original foi lançado em 2006 quando o rapper ainda assinava como Criolo Doido e mantém a atualidade em vários temas e letras. Além do principal cúmplice Daniel Ganjaman (que assina, ao lado de Marcelo Cabral, a nova produção da faixa-título), ainda tem Sala 70 produzindo “Chuva Ácida”, Tropkillaz produzindo “Vasilhame”, Nave produzindo “É o Teste”, entre outros. Dá pra ouvir o disco inteiro abaixo e fazer o download do álbum no site do rapper.