Stanley Kubrick entre nós

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Começou hoje no MIS a exposição Stanley Kubrick, que já passou por cidades européias e norte-americanas reunindo parte considerável do acervo do maior diretor de todos os tempos. Conversei com a viúva de Stanley, Christiane Kubrick, na edição atual da Galileu.

Dentro da cabeça de Kubrick
Exposição definitiva sobre gênio autor de clássicos como 2001, O Iluminado e Dr. Fantástico chega ao Brasil

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JÚPITER E ALÉM: Stanley Kubrick em um dos cenários da obra-prima 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968)

O excesso de detalhismo do diretor Stanley Kubrick (1929-1999) em suas produções é tão célebre quanto suas obras-primas. Ele experimentava novidades técnicas com a mesma obsessão que se aprofundava nos temas que queria abordar. Ele fez a atriz Shelley Duvall repetir a mesma cena 127 vezes nas gravações de O Iluminado (1980), para que ela atingisse o nível de desespero que havia imaginado na atuação. Estudou combinações de lentes e câmeras para filmar cenas apenas à luz de velas em Barry Lyndon (1975).

São feitos míticos e ousadias de produção que, ao lado de filmes que sempre entram nas listas de melhores de todos os tempos, o transformaram em uma das personalidades mais complexas da história do cinema. Seu acervo póstumo é uma coleção infindável de caixas que, em 2004, foram transformadas na exposição definitiva sobre o trabalho do diretor. Chamada apenas de Stanley Kubrick, ela já passou por várias cidades europeias e chega ao Brasil a partir de 11 de outubro, ficando em cartaz até o dia 12 de janeiro do ano que vem no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo.

A exposição foi organizada pelo alemão Hans-Peter Reichmann com o aval da viúva de Kubrick, Christiane, que conversou com GALILEU por e-mail. “Tive receio no início, mas Hans-Peter Reichmann, do Instituto de Cinema de Frankfurt, me convenceu que a enorme quantidade de material de Stanley foi guardada para um propósito”, explica a ex-atriz, que Kubrick conheceu nas gravações de Glória Feita de Sangue.

“A maior dificuldade foi decidir o que ficaria de fora”, continua a senhora Kubrick. “Seria ótimo mostrar a técnica de projeção de frente que foi usada na sequência A Aurora do Homem, em 2001 — Uma Odisseia no Espaço, em escala original, desenvolvida pelo próprio Stanley, mas isto exigiria muito espaço e dinheiro.” Além dos materiais dos filmes — que incluem o boneco-bebê usado em 2001, a maquete da sala de guerra de Dr. Fantástico e o figurino de Laranja Mecânica, entre outras joias —, a exposição ainda trará parte da pesquisa de Kubrick para filmes que não realizou, como Arian Papers, Napoleon e Artificial Intelligence. O MIS também planeja exibir os clássicos de Kubrick enquanto a exposição estiver em cartaz.

Abaixo, algumas fotos da abertura da exposição e o microvídeo que fiz quando pude ver a mostra em Paris.