Boogarins ♥ Céu

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Azeitando a dobradinha que irão fazer no Rock in Rio, a cantora paulistana Céu grava “Foi Mal”, do novo disco dos Boogarins, ao lado da banda goiana.

Ficou demais.

Vida Fodona #550: As 75 melhores músicas de 2016

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Algumas faixas, no entanto, não estão no catálogo do Spotify…

Pra suprir a falta destas, eis o Vida Fodona à moda antiga.


Vida Fodona #550: As 75 melhores músicas de 2016 (MP3)

É… Novidades vindo aí…

As 75 Melhores Músicas de 2016 – 3) Céu – “Varanda Suspensa”

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“Até onde o sonho te leva”

As 75 Melhores Músicas de 2016 – 26) Céu – “Camadas”

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“Você verá na luz do sol que tem mais”

As 75 Melhores Músicas de 2016 – 22) Céu- “Perfume do Invisível”

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“E o que tava quietinho ali se mostrou, meu bem”

As 75 Melhores Músicas de 2016 – 41) Céu – “Rapsódia Brasilis”

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“Mas quem conhece sabe do esconderijo…”

Os 75 Melhores Discos de 2016 – 3) Céu – Tropix

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Nave-mãe.

Céu 2016: “Descansar a vista até onde a vista alcança…”

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Céu antecipa o show que fará ao lado do General Elektriks nesta quinta-feira em São Paulo (mais informações aqui) com o clipe lo-fi retropicalista de seu hit “Varanda Suspensa”

Eis os vencedores do prêmio APCA 2016

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Estes foram os contemplados com os prêmios na categoria Música Popular escolhidos pela comissão julgadora da Associação Paulista de Críticos de Arte, da qual faço parte. A novidade este ano é que além dos sete prêmios que são dados tradicionalmente, ainda teremos uma homenagem póstuma a Fernando Faro, entidade que carregou o programa Ensaio por décadas, que morreu no primeiro semestre deste ano.

Grande Premio Da Crítica: Rita Lee
Artista: Céu
Álbum: Metá Metá – MM3
Produção e Direção Artística: Rica Amabis, Daniel “Ganjaman” Takara e Tejo Damasceno (“Sabotage”, Sabotage)
Revelação: Mahmundi
Projeto Especial: SIM São Paulo
Show: BaianaSystem
Homenagem: Fernando Faro (In Memorian)

Vivemos a melhor época da música brasileira?

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Vencedores do Grammy Latino 2016 evidenciam a ótima fase que atravessamos atualmente – escrevi sobre isso no meu blog no UOL.

Céu, Elza Soares, Djavan, Almir Sater & Renato Teixeira, Martinho da Vila, Paula Fernandes, Scalene e Ian Ramil, Anderson Freire e Hamilton de Holanda. O time de vencedores brasileiros do Grammy Latino 2016 é uma ótima amostra do quão vasto, popular e sofisticado é o atual panteão da música popular brasileira. Mas as pessoas insistem em reclamar que a música brasileira deste século não chega aos pés de sua fase de ouro, sem especificar direito o que era isso – as cantoras do rádio? A bossa nova? A emepebê? O rockbrasileirodosanosoitenta? Lamentam a ausência de um passado que muitas vezes não viveram para ignorar a riqueza do presente que os cerca. Preferem repetir um refrão insuportável de um hit repetido mil vezes para constatar a má fase atual em vez de sair da superfície e fuçar ao redor – e isso hoje em dia é tão mais fácil! Mas a preguiça é regra (essa eu até entendo – e aí o problema não é o ouvinte), o pessimismo é religião e reclamar é o esporte favorito do brasileiro desde muito antes do Facebook.

Mas perceba apenas nesta curta lista de nomes selecionados por um júri formado por gente da indústria fonográfica há universos inteiros do atual cenário brasileiro. Céu é a abre-alas de toda a geração que inclui uma safra inteira de artistas que não descende da bossa nova (nem musicalmente, nem por parentesco ou apadrinhamento), não compõe ao violão e é tão pop (e rock e reggae e samba) quanto emepebê. A diva Elza vive o auge de sua carreira décadas depois de sua consagração gravando o primeiro disco de inéditas de sua vida cercada por uma nova geração de músicos paulistanos tão inquieta quanto prolífica – só vimos a ponta deste iceberg chamado Mulher do Fim do Mundo, um disco que ainda tem muito chão pela frente.

Djavan entra como representante dos grandes nomes da emepebê – mesmo que tenha caído numa mesmice artística a ponto de gerar um clone que hoje é melhor do que o original. O encontro de Almir Sater e Renato Teixeira é de um gigantismo ímpar para a música de raiz brasileira, um acontecimento tão grandioso quanto Louis Armstrong e Ella Fitzgerald cantando Porgy & Bess para o jazz norte-americano. E a estatura de Martinho da Vila não se apequena ao lado destes, afinal é um dos medalhões do cânone do samba. Paula Fernandes também é a ponta de lança de um mercado ancestral, que desde o meio do século passado vem trabalhando para ser uma das principais forças comerciais do pop brasileiro – seu sucesso não é acaso, e sim fruto da obra do sertanejo, essa Nashville brasileira sem cidade-símbolo. O empate entre Scalene e Ian Rammil também crava duas facetas do rock produzido no Brasil – uma popular e emocional, outra específica e racional. Anderson Freire representa o enorme mercado de música religiosa, outra força pop cada vez mais musculosa, enquanto Hamilton de Holanda é o autor mais pop e dos mais ousados do imenso território que é a música instrumental brasileira.

A lista poderia incluir nomes como Anitta (a evolução global do funk carioca) e Emicida (ao mesmo tempo enfant terrible e poster boy do hip hop nacional), além de manjados ícones de nossa cultura, que, quando querem, mostram serviço (João, Gal, Gil, Ney, Caetano, Bethânia) e os que fazem sempre o mesmo há décadas (Roberto Carlos e Jorge Ben, notadamente). Além de literalmente centenas de outros artistas que mesmo não estando neste amplo panteão contribuem para a complexidade e vastidão do que chamamos de música brasileira – bandas de rock e regionais de choro, grupos de pagode e blocos de carnaval, trios de axé music e duplas sertanejas, MCs de funk e instrumentistas virtuosos. Artistas que pagam suas contas vivendo de sua arte e que disputam olhos e ouvidos de um público cada vez mais deslumbrado, blasé ou ignorante.

Culpe a internet, mas também culpe a si mesmo. A proliferação de possibilidades da rede, que permite a ascensão de cada vez mais novos artistas, é a mesma que nos cerca em uma câmara de eco que nos prende sempre àquilo que já conhecemos. E toda vez que você reclama de “Bumbum Granada” (sem perceber a conexão com Noriel Vilela), o algoritmo multiplicador de chorume das redes sociais traz a música que você reclama de volta e assim cada um de nós se fecha para o outro que existe logo ali, no churrasco do vizinho, no som do carro que passa à sua frente, saindo zumbido pelos fones de ouvido de alguém no metrô. Como aconteceu na política deste catastrófico 2016, estamos nos isolando uns dos outros de uma forma quase selvagem, nos fechando em tribos que mal cogitam a existência do outro como possível. Beirando a barbárie.

Mas se nossa vida política parece fadada a dois becos sem saída que se encontram num confronto violento, o mesmo não pode ser dito sobre nossa fruição estética. É possível reduzir a lacuna ideológica que separa diferentes brasis (e não apenas dois, como gostam de frisar) através da música, fazendo os diferentes lados compreenderem que estamos vivendo esta que pode ser a melhor fase da música brasileira. Ao mesmo tempo em que o conceito de disco se desfaz com o digital, vemos o nascer de gerações inteiras que não param de produzir e encantar diferentes públicos. Em alguns instantes fugazes estes públicos se contemplam e dançam junto, sem preconceito, como deve ser. Porque “Malandramente”, “Varanda Suspensa”, “Bang!” e “Playsom” podem funcionar perfeitamente na mesma pista. O segredo é fazer o público jogar a favor – e não contra.