Sophia Ardessore: Canta para Subir

A cantora e compositora paulistana Sophia Ardessore começa a preparar o território para seu próximo álbum no espetáculo Canta para Subir, que encerra a temporada de música do Centro da Terra em setembro, nesta quarta-feira. Acompanhada por seu diretor musical Fi Maróstica, que toca contrabaixo e escreveu os arranjos com o tecladista Nichollas Maia, que também estará no palco, a cantora começa a traçar os próximos passos a partir de seu disco de estreia, Porto de Paz, lançado no ano passado. O novo espetáculo trabalha a partir da ideia de contrastes e terá intervenções visuais idealizadas por Jonas Malferrari e conta com os músicos Abner Phelipe (guitarra), Matheus Marinho (bateria) e Lucas Alakofá (percussão), além dos dois já citados e ainda terá a participação da Mari Merenda. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente neste link.

Sobre conexões

Enio começou sua série Encontros Híbridos nesta terça-feira no Centro da Terra, quando desfilou seu repertório ao lado de músicas de seu convidado da vez, o pianista pernambucano Zé Manoel, de quem visitaram juntos “Adupé Obaluaê” e “Canção e Silêncio”. Mas o baiano aproveitou a oportunidade para reverenciar a Bahia por muitos de seus autores, intérpretes e sonoridades, passando por “Sorte” (de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, eternizada por Gal e Caetano), “Me Abraça e Me Beija” (do mestre Lazzo Matumbi, canonizada pela atual ministra da cultura Margareth Menezes) ou “Emoriô” (de Gilberto Gil e João Donato), além de reverenciar Letieres Leite e Olodum (lembrado na eterna “Deusa do Amor”). Enio também mostrou as músicas de seu primeiro disco que ainda não se materializou, tocando diferentes instrumentos (guitarra, teclado, baixo) e disparando beats quando mostrou que seu cancioneiro também avança pelo hip hop e pela música eletrônica. Mas um dos grandes momentos do encontro ocorreu logo no início da noite, quando o anfitrião e seu convidado dividiram uma das músicas mais agudas do pianista, a infelizmente atual “História Antiga”.

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Enio + Zé Manoel: Encontros Híbridos

Maior satisfação receber o encontro entre o baiano Enio e o pernambucano Zé Manoel, que misturam seus repertórios num show único nesta terça-feira no Centro da Terra, como parte dos Encontros Híbridos idealizados pelo primeiro. Este, parceiro de artistas como Larissa Luz, Marcia Castro, Luedji Luna e Xênia França e entre outros, encontra-se com o consagrado pianista que já colaborou com nomes como Juçara Marçal, Vanessa da Mata, Amaro Freitas, Letieres Leite e Tiganá Santana. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link.

Laço cossangüíneo

Se na penúltima apresentação de sua temporada Águas Turvas no Centro da Terra Dinho Almeida reuniu sua família de escolha, juntando amigos/vizinhos para uma jam onírica em torno de seu novo repertório, nesta última segunda-feira de setembro ele embarcou em uma viagem ainda mais cossangüínea ao convidar sua irmã Flávia Carolina para entoar suas canções. E não só as de Dinho, mas também as dela e inclusive uma do pai dos dois, finalizando a temporada no mesmo tom terapêutico esteve presente nessas noites. A entrega superou as expectativas: as vozes dos irmãos têm um encaixe perfeito, mesmo com timbres parecidos, e o ritmo de Flávia, que por vezes alternava instrumentos de percussão, explicava a mão direita de Dinho na guitarra, tornando riffs e acordes quase sempre pulsantes. Uma noite linda de uma temporada transformadora. Voa, Dinho!

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Aonde 2023: Dez casas de show em um mesmo festival

Participo, neste sábado, da primeira ação do coletivo Aonde, união de dez casas de shows de São Paulo que começam a conversar entre si para facilitar a colaboração mútua em vez de pensar em concorrência. Neste primeiro encontro, que acontece no Cine Joia, cada uma das casas mandará uma atração musical composta por integrantes de sua equipe. Assim, discoteco no começo da noite em nome de uma das casas participantes da noite, o Centro da Terra, numa programação que ainda incluirá a banda Emicaeli e as DJs Camilla & Erikat (representando a Associação Cultural Cecília), a banda Combover (do Estúdio Aurora), a banda Madrugada e o DJ Nag Nag (da casa de shows Porta), a banda Batto (representando o 74Club de Santo André), a banda Huey (em nome do FFFront), o grupo N0rvana (representando a Laje SP e o Tectonica) a discotecagem Punk Reggae Party (em nome da Secilians Shop) e a banda Punho de Mahin (representando a Fun House de Ribeirão Pires). Mais informações sobre o evento aqui.

Adeus aos palcos

Uma provocação sobre lançar um disco de 2020 que ainda não havia sido propriamente lançado acabou tornando-se uma sessão de terapia aberta ao público sobre as dificuldades e o sentido de ser uma mulher artista musical no Brasil atual. Seja tocando seus instrumentos (violão e acordeão) ou apenas no gogó, a cantora e compositora Marília Calderón abriu suas angústias em público, trazendo à tona a personagem Cida, uma versão sua que lhe atormenta em pesadelos. Contando com a ajuda de uma girafa cênica – vivida genialmente pela atriz e sapateadora Paula Ravache, que a ajudou a conceituar o espetáculo -, ela ainda recebeu participações especiais – a atriz Zenaide e a cantora e poeta Socorro Lira – que a ajudaram a ampliar a intensidade de seu drama em canções confessionais que ajudaram a compartilhar sua decisão de encerrar a carreira nos palcos, numa apresentação que misturou show, teatro de revista, vaudeville e comédia. Eu mesmo duvido disso (e falei pra ela, mas dê tempo ao tempo), mas foi um processo bonito de se acompanhar.

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Marília Calderón: Que Cida Decida

Como assim último show? No espetáculo Que Cida Decida, a cantora e compositora paulistana Marília Calderón se submeteu-se a uma autoanálise de sua carreira que culminou com uma escolha drástica: fazer sua última apresentação ao vivo. Confrontada pelas questões do meio profissional musical ao mesmo tempo que firmava carreira como psicanalista, ela joga essas dúvidas e ansiedades no meio de seu repertório, transformando o que seria uma apresentação de transição num salto no escuro. Para a noite desta quarta-feira no Centro da Terra, que tem direção musical de Felipe Salvego, ela contará com as participações de Socorro Lira e Zenaide, que adensam ainda mais sua indecisão geral. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente através deste link.

Genealogia psicodélica brasileira

Pesado esse show que a Bike fez com o Tagore nessa terça-feira no Centro da Terra, enfileirando hits da lisergia brasileira que colocava os dois artistas num cânone viajandão que enfileirava Arnaldo Baptista solo (LSD), Pedro Santos (“Um Só”), Cérebro Eletrônico (“Pareço Moderno”), Júpiter Maçã (“Um Lugar do Caralho”), Fábio (“Lindo Sonho Delirante”), Tom Zé (“Parque Industrial”) e Violeta de Outono (“Declínio de Maio”), entre outros clássicos da música psicodélica brasileira, todos rearranjados com muito peso, microfonia e ritmo, cortesia da química entre os integrantes da banda paulista. O ápice da apresentação foi quando o grupo soltou Tagore em cima de dois hinos do udigrudi nordestino, quando emendou “Vou Danado pra Catende” de Alceu Valença com “Nas Paredes da Pedra Encantada Os Segredos Talhados por Sumé” do mitológico Paebirú, de Zé Ramalho e Lula Côrtes, que contou com uma interpretação possessa do vocalista pernambucano.

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Bike + Tagore: MPB ou LSD?

Artistas contemporâneos e da mesma árvore genealógica, embora cada um nascido num canto do país, Bike e Tagore já estiveram juntos outras vezes, mas pela primeira vez criam um espetáculo em parceria, quando se reuniram para apresentar MPB ou LSD?, uma apresentação que funciona como uma jornada à alma psicodélica da música brasileira, cruzando os mares lisérgicos desde os tempos dos Mutantes, passando pelo udigrudi pernambucano dos anos 70, os experimentos paulistanos dos anos 80, o ácido rock gaúcho dos anos 90 e a cena retropsicodélica da qual fazem parte neste século. Essa viagem começa pontualmente às 20h desta terça-feira e os ingressos podem ser comprados neste link.

Fluindo em família

Na terceira apresentação da temporada Águas Turvas que Dinho Almeida está fazendo no Centro da Terra, ele finalmente pode começar sem pisar em ovos e se nas duas segundas-feiras anteriores o guitarrista dos Boogarins esteve sozinho no palco a maior parte do tempo (apenas dividindo-o no final da segunda noite, com os irmãos Bebé e Felipe Salvego), nesta ele começou com um grupo de amigos que é praticamente sua família paulistana: o casal Carabobina – Raphael Vaz, baixista de seu grupo, e Alejandra Juliani -, com seu sotaque andino-psicodélico e a violinista gaúcha Desirée Marantes moram na mesma vila que o compositor goiano, tornando o encontro praticamente um programa de família, que ainda contou com as texturas e beats eletrônicos do parceiro Bruno Abdalah. Juntos, este grupo de camaradas deixou Dinho à vontade para fazer a noite mais experimental de sua temporada até agora, buscando pontos além da melodia e da canção, explorando camadas de drone e som horizontal com sua voz e guitarra elétrica. Uma noite hipnotizante.

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