Vida Fodona #806: Damo Suzuki (1950-2024)

Uma hora e meia de krautrock classe ouro.

Ouça abaixo:  

Damo Suzuki (1950-2024)

Morreu um dos grandes. Só a história da entrada de Damo Suzuki no Can já valeria seu lugar na história. Nascido no Japão nos anos 50, mudou-se para a Europa no meio dos anos 60, quando ficou vagando a esmo por diferentes lugares, fazendo todo tipo de trabalho – e de arte. Até que encontrou os integrantes do Can na rua, quando o quarteto, prestes a começar mais um show, souberam da saída do antigo vocalista. Encontraram aquele japonês andando e cantarolando na rua, começaram a conversar com ele e, do nada, ele topou fazer improvisar os vocais nos shows daqueles caras. Foi o começo de uma curta e definitiva a carreira: os quatro discos em que Damo foi o vocalista do Can (na ordem – Soundtracks, Tago Mago, Ege Bamyası e Future Days) não só colocaram o grupo alemão no topo de um novo movimento musical como estabeleceu sua reputação para o resto da vida – a ponto de Mark E. Smith, do Fall (justo quem!), ter escrito uma música chamada “I Am Damo Suzuki”. Desde sua saído do Can, em 1973, ele vaga pelo planeta se juntando com músicos improvisadores não importando de onde eles vêm: música eletrônica, rock, jazz, noise, funk, ambient. Em cada lugar que passava montava um grupo para tocar junto e alguns deles sobreviviam e continuavam existindo, outros duravam apenas a noite do show. Foi o que aconteceu em São Paulo, no dia 14 de maio de 2005, quando reuniu cobras da cena experimental de São Paulo para um show inacreditável no Sesc Pompeia – um dos melhores que já vi na vida, sem dúvida, e muito pela forma como ele regia os músicos – ao lado de Miguel Barella, Paulo Beto, Ian Dolabella, Renato Ferreira, Carlos Issa, Gustavo Jobim, Maurício Takara e Sergio Ugeda. Há dez anos foi diagnosticado com um câncer, quando lhe deram 10% de chances de sobreviver – e mesmo assim ele seguia reunindo músicos de naturezas distintas e fazendo shows únicos. Um mestre, uma luz.

Carlos Issa, Mauricio Takara e Gustavo Jobim

Vida Fodona #781: Essa é que é a graça da vida

Vem que não tem erro.

Ouça aqui.  

Para além do Can

“Essa é a base do fazer musical: dar forma ao tempo”, assim, Irmin Schmidt, único músico fundador do grupo alemão Can ainda vivo, define sua labuta no documentário Can and Me, de Michael P. Aust e Tessa Knapp, primeiro filme confirmado na edição de 2023 do festival de documentários sobre música In Edit. O filme traz várias cenas raras e inéditas do transgressor grupo em ação, incluindo cenas de shows e apresentações ao vivo em programas de TV (além de um inusitado encontro entre seus dois vocalistas, o norte-americano Malcolm Mooney e o japonês Damo Suzuki, que assumiram os vocais de diferentes fases da banda após sua fundação), mas ultrapassa o período em que Schmidt esteve com a banda. O vemos fazendo trilhas sonoras para seriados de TV, filmes de Wim Wenders, óperas com ênfase em música eletrônica e colaborações com DJs e produtores contemporâneos, além de comentar sua filosofia musical. Também traz cenas da infância e da adolescência do músico e maestro, incluindo sua relação conflituosa com o pai, que era militar nazista na Alemanha de Hitler, e quando conheceu a nata da música de vanguarda de seu tempo (incluindo Karlheinz Stockhausen, La Monte Young e até John Cale antes deste vir fundar o Velvet Underground), antes de criar o Can, um dos grupos mais importantes da cultura alemã da segunda metade do século passado. Can and Me é uma boa amostra do que o In Edit, que acontece entre 16 e 25 de junho, vai trazer na edição deste ano. Ainda hoje, anunciam mais lançamentos de sua programação, que será revelada integralmente na primeira semana de maio.

Assista ao trailer de Can and Me aqui.  

Vida Fodona #761: Minha atual obsessão

Essa sexta-feira 13 e esse frio fora de época…

Ouça aqui  

Vida Fodona #753: Ritmo normal

Começa meio rock’n’roll, mas depois…

Ouça aqui.  

Clássicos internacionais de 1972 – Parte 1

Como fiz no mês passado com discos brasileiros influentes que completam 50 em 2022 (divididos em três partes, a primeira aqui, a segunda aqui e a terceira aqui), agora é a vez de olhar para fora do Brasil e ver quais discos estrangeiros de 1972 seguem influentes e importantes meio século depois. A primeira leva reúne discos do Big Star, do Can, do Curtis Mayfield, do Al Green, do David Bowie, do Bill Withers e do Black Sabbath, em um interessante panorama sobre o que aquele ano significou para a música pop do século passado. É mais uma colaboração minha para o site da CNN que pode ser lida aqui.  

Vida Fodona #732: Transe motorizado

Entrando numas…

Ouça aqui.  

Vida Fodona #690: Festa-Solo (13.11.2020)

vf690

Sexta-feira 13 é um ótimo dia pra se acabar numa festa online, dizaê… Cola lá às 23h45 no twitch.tv/trabalhosujo – e assim foi a edição da sexta passada.

Big Star – “Thirteen”
Billie Eilish – “Therefore I Am”
Céu – “Rotação”
New Order – “Age of Consent”
Pixies – “Winterlong”
Otto – “Soprei”
Mutantes – “Jogo de Calçada”
Lô Borges – “Faça Seu Jogo”
Queen – “Play the Game”
Goblin – “Witch”
PJ Harvey – “The Last Living Rose”
Patti Smith – “Land”
Of Montreal – “The Past Is A Grotesque Animal”
Daft Punk + Giorgio Moroder – “Giorgio by Moroder”
Digitaldubs- “Fleetwood Dub”
Avalanches + Leon Bridges – “Interstellar Love”
Zé Manoel – “Adupé Obaluaê”
Luedji Luna – “Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água”
Neville Brothers – “In The Still Of The Night”
Yma – “No Aquário”
Dharma Lovers – “Peixes”
Jupiter Apple – “Over the Universe”
Jorge Ben – “Cinco Minutos”
Djavan – “Samurai”
Jards Macalé – “Let’s Play That”
Vovô Bebê – “Êxodo”
Luisa e os Alquimistas + Jéssica Caitano – “Descoladinha”
Katy Perry + Juicy J – “Dark Horse”
Internet – “Dontcha”
Lauryn Hill – “Doo Wop (That Thing)”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Taylor Swift – “Blank Space”
My Chemical Romance – “Teenagers”
David Bowie – “Moonage Daydream”
T-Rex – “Telegram Sam”
Blue Oyster Cult – “(Dont Fear) The Reaper”
Stealers Wheel – “Stuck in The Middle With You”
Steve Miller Band – “Abracadabra”
Kinks – “David Watts”
Doors – “You’re Lost Little Girl”
Velvet Underground – “Candy Says”
Nick Drake – “Poor Boy”
Dionne Warwick – “Walk On By”
Caetano Veloso – “Nine Out of Ten”
Can – “She Brings The Rain”
Carole King – “Beautiful”
Paul McCartney – “Check My Machine”
Bárbara Eugenia + Pélico- “Roupa Suja”
Letrux – “Ninguém Perguntou Por Você”
Eddie – “Sentado Na Beira Do Rio”
Boogarins – “As Chances”
Beatles – “Not Guilty”

Vida Fodona #672: Festa-Solo (31.8.2020)

vf672

O último Festa-Solo de agosto está aqui  – e nesta segunda rola o primeiro de setembro lá no twitch.tv/trabalhosujo, a partir das às 21h.

Stranglers – “Golden Brown”
Washed Out – “Too Late”
Boogarins – “Água”
Cut Copy – “Like Breaking Glass”
Ladyhawke – “Paris is Burning”
Kaytranada + Kali Uchis – “10%”
Prince – “1999”
LCD Soundsystem – “One Touch”
Knife – “We Share Our Mother’s Health”
Tame Impala – “Nothing That Has Happened So Far Has Been Anything We Could Control”
Doors – “Horse Latitudes” / “Moonlight Drive”
Mutantes – “Caminhante Noturno”
Sérgio Sampaio – “Não Tenha Medo Não (Rua Moreira 64)”
Ana Frango Elétrico – “Promessas e Previsões”
Negro Leo – “Eu Lacrei”
Billie Eilish – “My Future”
Daft Punk – “Giorgio by Moroder”
Evinha – “Esperar pra Ver (Poolside & Fatnotronic Edit)”
Can – “Vitamin C”
Stereolab – “Metronomic Underground”
Kavinsky + Lovefoxxx – “Nightcall”
Mahmundi – “Nova TV”
Pelados – “O Fim”
Pedro Pastoriz – “Janela”
Tatá Aeroplano – “Deusa de 67”
Tika + Kika + João Leão + Igor Caracas – “Astronauta”
Bob Dylan – “Black Rider”
Jenny Lee – “I’m So Tired”
Michael Stipe + Big Red Machine – “No Time For Love Like Now”
Whitest Boy Alive – “Serious”
Michael Jackson – “Rock With You”
Madonna – “Lucky Star”
Marcos Valle – “Estelar”
Marina Lima – “Fullgás”
Lana Del Rey – “Blues Jeans (Penguin Prison Remix)”
Lipps Inc. – “Funkytown”
Lincoln Olivetti & Robson Jorge – “Eva”
Autoramas – “Garotos II”
Sharon Van Etten + Josh Homme – “(Whats So Funny Bout) Peace, Love and Understanding”