A Noise, o Camilo e o Bruno me entrevistaram sobre a festinha do sábado que, olha, não é por nada não… Mas tudo indica que vai ser sinistro.
Ao contrário do abre-alas do novo disco, “Gasoline”, pinçada pelo Camilo, desequilibra pro bem.
O primeiro Top 75 com músicas de 2011 tem a capa assinada pelo mestre Camilo.
Falando no Camilo, ele volta ao Screamadelica, do Primal Scream, que viu ser lançado em clássica resenha da Bizz há vinte anos:
Levadas blues-soul a la Exile On A Main Street (Jimmy Miller, produtor desse clássico dos Stones, faz parte do time de Screamadelica), dub subaquático, jazz transcedental a la Sun Ra, trips PinkFloydianas, ambiências de Brian Eno, pisadas de house, beats de hip hop, coros gospel, discurso de Jesse Jackson, frases de Kraftwerk: o álbum tinha tudo isso e mais.
O texto faz parte da nova coluna que ele criou em seu blog, chamada DNA, que é uma espécie de Discoteca Básica de seu universo pop. Camilo, na minha nada humilde opinião, é um dos três nomes que mais me influenciaram como autor (os outros dois eu nunca sei quem são) e tê-lo como amigo há mais de quinze anos é prova de que ambos estamos certos em nossos rumos paralelos.
Mas loas aside, ao que tudo indica, corremos o risco de assistir ao Screamadelica ao vivo ainda este ano, no Brasil.
Será?
Dedos cruzados.
“Não acho que seja fundamental, para mim o único dever do artista é fazer seu trabalho bem feito. Mas acho que eles podem apoiar causas sim, e se for a favor de uma causa legal, funciona, é ótimo. Eu mesmo já apoiei muita causa beneficente, social, ambiental. Política é beeem mais complicado aqui no Brasil. Nos Estados Unidos, eles praticamente só tem aqueles dois partidos, é algo bem definido, bem mais simples. Já aqui se você disser que apoia alguém, todo o resto se volta contra você. E aqui a gente vive essa situação bem desacreditada, né? Eu mesma não me empolguei com ninguém nessa eleição. Agora, se aparecesse um nome que eu sentisse que poderia salvar o Brasil, apoiaria totalmente, deixaria usar meu nome e tudo mais.”
Sandy, em entrevista ao Camilo.
Não, nunca assisti sequer UM capítulo de Lost. Mas fiz um top ten que acho que tem a ver (importante ouvir na ordem!)
MFSB – “Mysteries of the World”
Whitest Boy Alive – “Island”
Fare Soldi – “Survivor”
Goldfrapp – “Alive (Tensnake Remix)”
808 State – “Pacific”
Lloyd Cole & The Commotions – “Lost Weekend”
Titãs – “Sonífera Ilha”
Nação Zumbi – “A Ilha”
Kool & The Gang – “Jungle Boogie”
Régine – “Je Survivrai”
* Camilo Rocha é um dos três principais jornalistas brasileiros que escrevem sobre música dos últimos 50 anos. Os outros dois eu nunca consigo decidir quem são.
Camilo conseguiu capturar um exemplar desta espécie, um mashup ainda selvagem, correndo solto, livre e feliz pela pradaria da molambagem brasileira, o YouTube.
Temo o que pode acontecer quando este bicho for domado, maquiado, penteado, bem vestido, bem apessado, desbanguelado e virar “pessoa humana incrível” no Faustão. Pobre Brasil.
Hoje minha cidade querida completa meio século e o Camilo me convidou pra falar sobre o Legião Urbana no especial que ele organizou pro Vírgula.
Se o rock dos anos 80 foi a oxigenação atrasada que nosso pop pedia desde os tempos do tropicalismo, para Brasília – e graças ao Legião Urbana – foi o momento da criação. Antes do Legião não havia nada na capital, basicamente porque Renato Russo bolou toda a história de sua carreira calcado na mitologia clássica do rock. Foi a transformação do Legião Urbana em porta-voz de uma cidade que não era vista como uma cidade que fez com que Brasília nascesse culturalmente, tanto para o resto do Brasil quanto para si mesma.
E de uma hora pra outra bandas surgiram feito mato – no final dos anos 80 eram mais de duas centenas. O Legião foi a injeção de auto-estima que fez com gerações seguintes pudessem existir – dos contemporâneos (Capital Inicial, Plebe Rude, Finnis Africae, Detrito Federal, Arte no Escuro, 5 Generais, Beta Pictoris) à safra dos anos 90 (DFC, Raimundos, Low Dream, Little Quail, Oz, Câmbio Negro, Maskavo Roots) passando pela geração Senhor F / Porão do Rock (que inclui nomes tão diferentes quanto Natiruts, Prot(o) e Móveis Coloniais de Acaju), todos foram diretamente influenciados pelo indie popular do grupo de Renato Russo. De Gabriel Thomaz ao Nego Moçambique, ninguém saiu ileso.
E posso falar: nasci em Brasília, o primeiro show que fui na vida foi o lançamento do Dois no Ginásio Nilson Nelson, fui ao fatídico show no estádio Mané Garrincha e entrevistei Renato Russo no ano em que comecei no jornalismo. Vi tudo isso acontecendo na minha frente.
Outra boa dica do Camilo (que é um cara que sempre tem boas dicas, você devia saber) é o guia para entender o dubstep feito pelo Bruno Belluomini, que toca a noite dedicada ao gênero no Vegas, a Baixaria. Eu sou meio alheio ao assunto e acho que o dubstep é meio tipo o tecnobrega – o estilo musical mal começou a existir e desde o berço já tem gente soltando fogos por sua existência antes mesmo de algo florescer de verdade (tudo bem, o Burial e os remixes do Skream são bem bons, mas eu acho que o dubstep – enquanto gênero – ainda pode melhorar). Mas isso é questão de gosto, não ache que eu estou recriminando os caras, não…
A Prefeitura miou a festa de um ano do Vegas, que iria acontecer, além do Vegas, em quatro puteiros da Augusta simultaneamente. Na correria, colocaram as atrações no The Week, que é onde vai acontecer a acabação. A festa ia ser foda (isso porque eu já tinha desistido de ir), com Nepal, Forgotten Boys, Tim Sweeney, Primo, Bonde do Rolê, Bispo, Camilo, Lucio, Eclectic Method, Mau Mau, Zé Gonzalez, Dubstrong e outros. Tomara que continue legal, mas é muito deprê esse papo da prefeitura contra a noite de São Paulo… Avisa pros putos que noite é divisa econômica e setor de serviços, que é o futuro dessa cidade.
Update: Nem no The Week. Alguém sabe o nome e o partido do vereador que tá agitando isso? Ou da pessoa que se beneficiaria com o fracasso do Vegas?