Brasília, 50 anos

Hoje minha cidade querida completa meio século e o Camilo me convidou pra falar sobre o Legião Urbana no especial que ele organizou pro Vírgula.

Se o rock dos anos 80 foi a oxigenação atrasada que nosso pop pedia desde os tempos do tropicalismo, para Brasília – e graças ao Legião Urbana – foi o momento da criação. Antes do Legião não havia nada na capital, basicamente porque Renato Russo bolou toda a história de sua carreira calcado na mitologia clássica do rock. Foi a transformação do Legião Urbana em porta-voz de uma cidade que não era vista como uma cidade que fez com que Brasília nascesse culturalmente, tanto para o resto do Brasil quanto para si mesma.

E de uma hora pra outra bandas surgiram feito mato – no final dos anos 80 eram mais de duas centenas. O Legião foi a injeção de auto-estima que fez com gerações seguintes pudessem existir – dos contemporâneos (Capital Inicial, Plebe Rude, Finnis Africae, Detrito Federal, Arte no Escuro, 5 Generais, Beta Pictoris) à safra dos anos 90 (DFC, Raimundos, Low Dream, Little Quail, Oz, Câmbio Negro, Maskavo Roots) passando pela geração Senhor F / Porão do Rock (que inclui nomes tão diferentes quanto Natiruts, Prot(o) e Móveis Coloniais de Acaju), todos foram diretamente influenciados pelo indie popular do grupo de Renato Russo. De Gabriel Thomaz ao Nego Moçambique, ninguém saiu ileso.

E posso falar: nasci em Brasília, o primeiro show que fui na vida foi o lançamento do Dois no Ginásio Nilson Nelson, fui ao fatídico show no estádio Mané Garrincha e entrevistei Renato Russo no ano em que comecei no jornalismo. Vi tudo isso acontecendo na minha frente.

Faroeste Caboclo via Google Maps

Os dois melhores resumos da epicidade brasiliense dada por Renato Russo em suas letras estão em suas narrativas trovadoras, “Eduardo e Mônica” e “Faroeste Caboclo”. Mas enquanto o Romeu e Julieta do cerrado traduz o dia-a-dia de uma sociedade que ainda se descobria, em auto-formação, “Faroeste” delimitava o contorno geográfico, os limites em que aquela nova cidade se reconhecia. A partir desta constatação, o Edmundo fez um Google Maps localizando os pontos citados no épico do terceiro disco do Legião. Bem foda.

Boca do lixo

Todo esse papo saudosista de Brasília me fez desenterrar um texto que escrevi há quase dez anos, quando as lan houses começaram a aparecer. Publiquei o texto na coluna que mantinha na Fraude do Eduf (chamada Paranóia é Precaução) e também no Trabalho Sujo (na era Geocities). Tudo começou com um papo sobre pauta que me ativou a memória do meu primeiro contato exterior com os videogames (no caso, os fliperamas), que se deu ao mesmo tempo em que conheci o lado barra pesada da vida, felizmente como conheço até hoje, mera testemunha. O lugar chamava-se – chama-se – Conic e foi ali que eu comecei a perceber que a vida poderia ir muito além…


O Conic, acima da Rodoviária

Boca do lixo
A porta de entrada para o underground

Outro dia, tava trocando uma idéia com o Tom Leão por email e ele me perguntou se eu não queria fazer um box em primeira pessoa pra uma matéria que ele tava fazendo. Falava de fliperama e da mutação em lan houses e queria um depoimento sobre a mutação de um prisma mais, er… old-skool. Meu péssimo hábito de ver emails sem freqüência me fez perder a deixa, mas já que ele tocou no assunto…

Fliperamas, no meu tempo, eram a boca do lixo. Desculpe soar saudosista e nostálgico, mas de vez em quando isso acontece. Imagine um bar, imundo, azulejado, cheio de gordura, mal-iluminado, naqueles lotes comerciais verticais, um simples corredor paralelo ao balcão e as poucas mesas enfileiradas à parede contrária. No fundo, a chapa de um lado e o caixa do outro. A clientela, tipica e rala, beira os quarenta anos, está desempregada e entregue ao ócio, a barba por fazer, quase sempre meio bêbada.

Agora tire o balcão e a chapa e as mesas, colocando, lado a lado, na parede em que ficavam as mesas quadradas de lata, máquinas de pinball, uma do lado da outra. Uma mais velha que a outra. Todas tão reconhecíveis quanto cada um dos mesmos velhos clientes, moleques grandes com mais de vinte anos, que têm a mesma expressão da clientela do bar do parágrafo anterior: quase-quarentona, desempregada, ociosa, barba por fazer, meio bêbada.

Eis um típico fliperama da minha infância nos anos 80. Viagens ao Rio e a algumas cidades do nordeste além de papos com conhecidos gaúchos e paulistanos vieram comprovar que aquele formato era quase universal, variando apenas de acordo com o tamanho do imóvel em questão. Mas o fato é que, nos anos 80, casas de jogos eletrônicos eram exatamente o contrário do que são hoje.

Você sabe o que é lan house? Imagine um cybercafé interligado num mesmo videogame do tipo Doom (daqueles que o jogador assume a mira em 3D do protagonista – a próxima vez que ler as letras FPS, saiba que elas significam First-Person Shooter – este tipo de jogo). Todas as pessoas no local estão na mesma partida, se agredindo mutuamente enquanto engolem litros de gatorade ou energético. Jogadores hardcore varam noites inteiras destruindo adversários menos encanados, que compraram poucas horas, apenas para matar o tempo e se inteirar socialmente. Pois qualquer máquina de lan house é um computador como o que você está lendo este texto agora, e você pode trocar as horas de combate virtual por uma seção interminável de ICQ ou pela típica zoeira fundo de ônibus que são as salas de bate-papo. Ou fazer tudo ao mesmo tempo: assim, a molecada gasta suas verdadeiras jovens tardes. Marcando encontros online e os consumando offline, como um correio elegante moderno. Assim é uma lan house – um paintball virtual e um shopping center sem corredores, tudo num lugar seguro e confortável.

(Recomendo, inclusive, safaris antropológicos nestas casas. Essa molecada tem mais cérebro que a geração anterior, de miolos derretidos como manteiga no copo gigantesco de pipoca, embora seja predominante – e presumível – seu claro posicionamento ideológico: sectário, individualista, preconceituoso, reacionário e direitosos. Mas são garotos e garotas de 14, 16 anos e o contato comunitário que a lan house aos poucos reacende é diametralmente oposto ao desfile de status que o shopping center se tornou. Fora que é uma molecada que cresce sem ranços artísticos e escuta Racionais, trilha sonora da Malhação, Anderson Noise e Nirvana sem distinção. Não tem dessas de “música de botão”, “não gosto porque não é cool” ou quebrar discos ruins – espasmos fascistas disfarçados de “gosto musical” que o rock’n’roll deixou de herança. Fora que das lan houses, os moleques vão pras raves – ou seja, uma adolescência não muito diferente da minha, que pulei dos fliperamas de rua para as festas de faculdade – só que há a mentalidade inclusiva da eletrônica, que é radicalmente diferente)

Quanta diferença. Casas de diversões eletrônicas, para os nascidos nos anos 70, significavam tudo que os pais não queriam para os filhos. A atmosfera, a vizinhança, as más companhias – tudo favorecia à degeneração do caráter dos filhos da classe média. Fliperamas de rua não eram casas seguras de lazer. Posicionados em endereços nada convidativos, estes estabelecimentos não apenas expunham jovens crianças à degradação humana, mas as entregavam a um mundo estranho e proibido. O underground.

Foram os fliperamas que me levaram ao Conic, por volta de 1985, 86… Faz muito tempo que eu não vou a Brasília, o que dizer de visitar o centro comercial do B, que cedeu às forças do mal… Brasília é o tal do aeroplano visto de cima, com duas metades bem distintas, norte e sul, as asas. O centro comercial da asa norte, de frente ao imponenente Teatro Nacional, floresceu como o principal shopping da cidade, chamado Conjunto Nacional (cuja fachada de neons é cartão postal candango). Atravessando o Eixo Monumental (a avenida que se estende pelo corpo do avião do mapa), damos de cara com o Conic, o Conjunto Nacional da Asa Sul. Há um estranho desequilíbrio nas forças racionais da capital, afinal a Asa Sul sempre foi, à maneira carioca, sinônimo de modernidade e contemporaneidade, enquanto a asa norte assumia ares de subúrbio. Mas, próximo ao encontro das asas, era o shopping do lado norte que se destacava, enquanto o do lado sul…

Haviam dois cinemas que ligavam o Conic com a vida real: o Atlântida (um dos principais palcos cinematográficos de Brasília, que viu a insólita e incendiária sessão de estréia de Rock Estrela) e o Bristol, além de algumas lojas de roupa no lado que ficava logo em frente ao posto do Touring. Eram eles quem fingiam-se como fachada família do Setor de Diversões Sul (nome técnico do Conic). Mas qualquer família em Brasília sabia o que acontecia nos corredores do fundo do shopping center.

Era o submundo. Havia o Cine Ritz, pornô, e uma loja de camisetas de heavy metal. Três famosas casas de massagens e o Teatro Dulcina. A infame Berlim Discos (a Baratos Afins de Brasília) e escritórios de advocacia de fachada. Lojas de instrumentos musicais, palco de bandas iniciantes, moleques matando aula, brigas de galera, skinheads, policiais fumando beque, cola de sapateiro debaixo da rampa, meninas dark, universitários, gangues punk, troca de fitas, sorrisos de putas e tchauzinhos de travestis. E fliperamas de rua.

Todos tinham a mesma cara: corredores imundos e engordurados, à meia-luz da tarde seca, com dois ou três fregueses grudados perto de uma ou outra máquina. Foi um acordo conjunto. A W3 havia ficado pequena para minha turma e todos os fliperamas de rua tinham nossas marcas. Era tempo de gangues e abreviaturas. Todos marcavam suas iniciais em todos os lugares, assinalando território. Tempo do império MTZ, de cyberpunks do terceiro mundo, pichando muros e scores de máquinas de pinball.

Mesmo sem saber, em nossa ingênua liberdade, éramos isso. Vivíamos a violência das ruas por puro glamour primitivo, latas de spray e joysticks mirando na apatia do sistema. Andávamos de skate e bicicleta, cheirávamos tudo o que parecia fazer mal (além de clorofórmio e lança-perfume) e entrávamos em brigas sem pestanejar. No som, ouvíamos fitas piratas de bandas de Brasília (o show do Legião na sala Villa-Lobos e o festival Rock na Rampa, com Beta Pictoris, Escola de Escândalo e outras dez bandas eram obrigatórios) e bandas que as influenciaram: Joy Division, Sex Pistols, Cure, Jam, Echo & the Bunnymen, Television, Buzzcocks, Clash, Bauhaus, Gang of Four, Talking Heads, Ramones, Dead Kennedys. Procurávamos uma menina que fosse cool como a Siouxsie e normal como a Molly Rigwald, visual que todas as meninas tentavam imitar – tirando as patricinhas, que giravam os olhos pra cima, meio assustadas, meio exultantes, quando descobriam, na marra, aquele universo.

Depois da W3, restava o Conic. O prédio, baixo (deve ter uns dez andares) e horizontal, nos olhava como uma risada cínica. Três moleques de BMX surradas, cruzados novos com a cara do Juscelino enfiados nos tênis sem meia, encarando o prédio como se este fosse cérbero. Cine pornô, teatro, drogas, punk, metal, cola, sexo, brigas, violência. Era como se o universo de perdedores e vagabundos das tiras do Angeli realmente existisse. Era o antônimo de sociedade, mas não era a barbárie. Este universo funcionava, à sua maneira, melhor do que o mundo que conhecíamos. Não sabíamos nada disso, mas era como se soubéssemos, o dia em que resolvemos, para jogar fliperama, entrar no Conic.

A princípio, uma volta de reconhecimento. O zerinho-ou-um definiu quem iria, sozinho, ao caixa, comprar cinco fichas e gastar apenas quatro, salvando a última longe dos olhos do caixa. Anos de perícia em bancas de jornal e supermercados nos qualificavam para aquele momento. O escolhido foi, jogou quatro partidas de 1941 e voltou como se tivesse jogado cinco. O golpe perfeito, se gabaria a seguir, orgulhoso de fingir cinco partidas com apenas quatro fichas. As preocupações da adolescência…

Em nossas baiques, descemos a rampa do Touring e pedimos “chumbo de pneu”. Simples assim. Prática comum entre os brasilienses, a extração do metal, ainda mole, dos vãos internos de pneus de borracha era “a” tática dos jovens brasilienses contra os “senhores do fliperama”. Simples, bastava dois sabonetes e uma ficha original para criar um molde. Depois, tirava-se a ficha e colocava-se o chumbo mole no vão esculpido entre os dois sabonetes. Há quem fizesse com couro, mas os resultados não eram satisfatórios, pois às vezes a ficha falsa caía, mas era tão leve que não pressionava o botão no interior da máquina.

Com as fichas feitas no sabão, não tinha segredo. Bastava comprar cinco fichas e, num processo inverso ao original, jogar dez partidas como se fossem cinco. Com o tempo, era preciso trocar de estabelecimentos, mas os três sujeitos do Conic caíam bonito na ficha de chumbo. Cheguei a comprar uma ficha falsa das mãos daqueles caras, prova que guardei do golpe perfeito.

Mas, aos poucos, o fliperama perdia o ar desafiador e era assimilado. Logo, o imenso sorriso cínico do Conic também era nosso. E todas as putas, os traficantes, os metaleiros, as meninas dark, as brigas, as alunas do teatro, as latas de cola, os discos punk, as camisas de metal, o sexo descompromissado, o cinema pornô, os advogados traficantes, os policiais corruptos – tudo era nosso.

E ao mesmo tempo, não era. E ao mesmo tempo, nós éramos dele. Uma sensação estranha, um sentimento de familiaridade com o desconhecido. É isso que chamamos de underground.

Raridades do Legião Urbana

E o site do Legião Urbana está conseguindo desenterrar umas boas pérolas do passado da banda – umas manjadas outras nem tanto. Acima, a resenha dum show que Tom Leão escreveu para a falecida Bizz em 86. Abaixo, o cassete do terceiro disco da banda, seguido de um disco split com o 14 Bis (sugestão do próprio Renato Russo), a dobradinha com Paulo Ricardo em outra Bizz, a participação do grupo no especial em homenagem à passagem do Cometa Halley (com a faixa “O Senhor da Guerra”, que só seria oficializada quase cinco anos depois), o single de “Tempo Perdido” (que capa é essa), a primeira capa na Bizz e o primeiro release da banda, escrito à mão.

Tem muito mais coisa lá no site.

“Muita gente está trocando de profissão para ganhar dinheiro com a solidão brasiliense”

Ah, o Twitter dos anos 80…

Incrível como esse programa parece um quadro do Onion, sei lá.

Pinduca e o rock de Brasília

O Porão do Rock desse ano também deu motivo para o Pinduca escrever um pouco sobre o estado das coisas no rock de Brasília. Vi lá no Senhor F:

“Cheguei a Brasília em 1989, época em que existia uma verdadeira idolatria em relação às bandas da Capital. Lembro de, em minhas primeiras idas ao shopping Conjunto Nacional com a minha mãe, ver vários estandes com camisas que estampavam o nome de bandas brasilienses à venda. Além disso, era comum ter amigos de escola ou de quadra que tinham bandas, numa proporção bem maior do que em outros estados onde havia morado. O rock era uma espécie de orgulho e hábito locais, principalmente para uma cidade nova como Brasília, que ainda buscava a sua identidade cultural.

Viver minha adolescência aqui me fez adquirir uma “alma brasiliense”. E, de uma hora para outra, me vi fazendo parte dessa turma que produzia rock na capital federal. Para a minha geração, dos anos 90, essa história de ser uma banda brasiliense ainda tinha algum valor e rendia até espaço em jornais de outros estados. De certa forma, o estouro nacional da geração anterior (Plebe, Capital e Legião) fazia brotar uma curiosidade por parte tanto do público e crítica brasilienses quanto de outros estados pelo que estava sendo produzido por aqui.”

Sou desta mesma geração do Pinduca, estudamos juntos no Maristão, quando ele ainda tocava no Cravo Rastafari (ou era só o Txotxa e eu tou confundindo?) e zarpei de Brasília rumo à Campinas na mesma época em que a safra Little Quail, Raimundos, Low Dream, Oz e Maskavo começavam a aparecer pelo então ainda decisivo eixo Rio-São Paulo. Pude assistir como cada uma dessas bandas conseguiu sua brecha de sucesso (vi, por exemplo, os Raimundos abrirem para o DeFalla e para o Ratos de Porão no Gran Circo Lar menos de dois meses de fazer o show no Juntatribo que revelou a banda para a crítica paulistana) para, logo depois, perder – cada uma por seu motivo.

Hoje é fácil localizar essa geração de bandas como a segunda onda do rock de Brasília – na época, nos referiamos como sendo a terceira, pois contava-se uma fase de bandas do final dos anos 80, grupos com nomes bizarros como 5 Generais, Marciano Sodomita e Beta Pictoris, completamente desconhecidos no resto do país, mas que por uma faísca de orgulho local disparada pelo trio Legião-Capital-Plebe eram pequenos ídolos locais – tocavam até no rádio. Dessa segunda safra, engolida pelo tempo, só o Finnis Africae e o Detrito Federal conseguiram alguma exposição fora de Brasília. Pra quem era da cidade, qualquer aparição em programa da Cultura em São Paulo (retransmitida para o DF pela TV Nacional) era motivo para celebração.

Mas a geração dos anos 90, no fim das contas, ensina uma nova lição à cidade – a de que é importante fazer música. As três bandas da cidade que conseguiram colocá-la no mapa nos anos 80 definharam na década seguinte e quase todos largaram a música – o Legião acabou após a morte de Renato e sobreviveu em relançamentos e biografias, o Capital tentou resistir na marra e viu até a transformação de Dinho num MPBista eletrônico (enquanto os irmãos Lemos convocavam o vocalista de uma banda chamada Rúcula para o seu lugar) e a Plebe simplesmente acabou. Já a geração dos anos 90 segue firme na música. Os Raimundos continuam na ativa mesmo que apenas como uma paródia de si mesmos. Os três Little Quail ainda mantém-se no ramo – Gabriel é dono do Autoramas, Bacalhau tocou no Rumbora e hoje toca no Ultraje e Zé Ovo segue roadie de bandas. O ex-Marcelo Bighead do Oz virou o Nego Moçambique e até o Giulliano do Low Dream mantém-se DJ. Foram esses caras – junto com mais algumas outras bandas – que criaram a tal cena descrita por Pinduca em seu blog e que fizeram com que Brasília se tornasse uma das cidades com mais tradição em rock do Brasil. O resto do texto segue falando da importância desta percepção até mesmo para a continuação dessa tradição, uma das poucas de uma cidade que não tem nem 50 anos de vida. Vale muito a leitura (a foto eu peguei de uma entrevista que ele deu ao blog Rock Pará).

A década do Prot(o)

E por falar no Pinduca, vale baixar a coleta que o Gas fez em homenagem aos dez anos da banda do ex-guitarrista do Maskavo. O Gas chega ao exagero de dizer que o Prot(o) é a segunda melhor banda da história do rock de Brasília (coisa de quem não ouve …O Concreto Já Rachou com a mão no peito, nunca viu show do Little Quail na formação original ou que nem sabe o que é Sunburst). Pra mim, eles são a melhor banda do rock brasíliense desta década – pena que nenhuma gravação faz jus aos shows. Baixa lá.

A nova volta do Little Quail


Foto: Porão do Rock

Nem tudo foi constrangimento no Porão do Rock que aconteceu no último fim de semana. Entre as trocentas bandas que o festival arrumou para ressuscitar (Escola de Escândalo, Detrito Federal, Maskavo Roots, Legião, Plebe Rude, etc.), uma delas foi o heróico trio Little Quail & the Mad Birds, que já havia voltado no início do ano para “apenas um show”. O show no Porão levou à escala de estádio o velho show da banda – além de um repertório classe A (só hit!), ainda contou com a falação interminável entre Gabriel e Zé Ovo, que dedicou várias vezes o show à profissão roadie. Rock’n’roll pra dançar, punk rock sem vergonha de ser pop, humor com guitarras – o Little Quail é o Raimundos que só Brasília (e alguns poucos felizardos fora da cidade) puderam conhecer. Pra quem não conhece, vale baixar o show, que já vazou online.


Little Quail & the Mad Birds – “Dezesseis


Little Quail & the Mad Birds – “Cigarrette


Little Quail & the Mad Birds – “Conversas

Caetano cai em Brasília

O Cristiano que avisou que, no finzinho de “Força Estranha”, num show em Brasília, Caetano errou o passo. Ouvi sem muita atenção o novo disco de Caê e me incomodou menos do que o pífio Cê. De repente, ouço de novo.

Nancy 2009

E semana que vem, uma das melhores bandas brasileiras de rock na ativa, a brasiliense Nancy, lança o disco Chora Matisse. “Keep Cooler”, que já dá pra ouvir no MySpace desde o meio do ano passado, foi uma das melhores músicas brasileiras de 2008. Será que o disco segue o nível? Não duvido.