Debbie Harry + Popeye

Quem me passou essa carta por baixo da mesa foi o Charles, grande contribuição. E aí, Vinícius, vai insistir na androginia ou vamos falar de mulher mesmo?

On the Run 53: Dangermouse Promos (1999)

Muito antes de lançar uma das pedras fundamentais da década do mashup (o Grey Album, de 2003), Brian Burton já escorregava suas mãos por vinis e, aos poucos, fundia beats de outras músicas em seu caldeirão hip hop. Duas mixtapes de 1999 mostram que, apesar de seu completo domínio da cena hip hop em sua discotagem (que dá o tom dos dois sets), ele não se segurava em colocar alguns estranhos – como Blondie, R.E.M., Scritti Pollitti, Phil Collins e, é claro, os Beatles – para chacoalhar com o groove. Coisa fina.

Dangermouse – Promo Vol. 1 (1999)

Nas – “It Ain’t Hard To Tell”
Old Dirty Bastard feat. Method Man and Masta Killa – “Drunken Master”
Bumpy Knuckles (Freddie Foxx) – “A Part Of My Life”
Mobb Deep – “Young Dimes”
Inspectah Deck – “Rec Room (w/ Demastas “Feel No Guilt” beat)”
Big L – “Ebonics”
Nas – “Blaze a 50”
Common – “Like They Used To Say”
Apphyliation – “Dry Tears”
Black Eyed Peas – “One Way (Karma Remix)”
Show & AG – “Spit”
Sway and King Tech feat. The RZA, Xzibit, Kool G Rap, Eminem – “The Anthem”
Dangerous Interlude – “REM (w/ break beat)”
Big L – “Devil’s Son”
Phil Collins – “In the Air Tonite (w/ Pharcyde’s “Ya Mama”)”
Mos Def feat. Black Thought – “Resperation (remix)”
Loot Pack Feat. Quasimoto – “Untitled”
Gang Starr – “Militia (Pete Rock remix)”
Mobb Deep – “Quiet Storm (w/ Code of the Streets beat)”
The Pharcyde – “Pain”
Mathematik Feat. Bahamadia – “Following Goals (Frankenstein Remix)”
Edie Brickell – “What I Am (w/ DJ Premier beat)”
Ghostface Killah – “Mighty Healthy”
Slick Rick – “I Own America”
Slick Rick – “Mona Lisa”
Michael Jackson – “I Can’t Help It (w/ Cool Breeze beat)”

Dangermouse – Promo Vol. 2 (1999)

“Intro”
Mobb Deep – “Shook Ones pt. II (DM Mix)”
Mobb Deep – “Last Supper”
Afu Ra – “Defect”
Screwball – “Hostyle”
O.G.C. – “Bounce to the Ounce”
Nas – “Belly Button Window”
Hall & Oates – “Maneater (DM Mix)”
Sadat X & Grand Puba – “Lump Lump (DM Mix)”
Akinyele – “Take a Lick”
Slum Village – “Look of Love (DM Mix)”
Saukrates Feat. Choclair – “Body Language”
Phife Dawg – “Bend Ova (DM Mix)”
Souls of Mischief – “We Intersect”
D.I.T.C. – “Way of Life”
The Beatles – “A Day in the Life (DM Mix)”
Jemini the Gifted One – “Return of the Funk Soul Sensation”
Wu-Tang Clan – “Cream (DM Mix)”
Dr. OOP – “Deep Impact”
Sale & Moodswing Feat. The Arsonists – “3 Guys in a Bar”
Mos Def – “Speed Law”
Mobb Deep – “Everybody Hates Me”
Tash – “Bermuda Triangle (DM Mix)”
Slum Village – “Players”
Casual – “I Gotta Get Down”
Scritti Politti Feat. Mos Def – “Tinseltown to Boogiedown”
Eric B. and Rakim – “I Know You Got Soul (DM Mix)”
Suzanne Vega – “Tom’s Diner (DM Mix)”
Blondie – “Call Me (DM’s Jungle Mix)”

Hoje só amanhã: a quarta semana de 2009 e findo o primeiro mês

Trabalho Sujo: o melhor blog de 2008
Tim Berners-Lee na Campus Party
Minidocumentário sobre a quinta temporada de Lost
Da Sandy pra Mallu
Silver Jews: Fechado pra balanço
E esse barco-violão?
• Little Joy ao vivo em São Paulo e Porto Alegre (e música nova!) •
Conheça Jacques Brel
Toy punk
Comentando Lost: Because You Left
Rosie and Me
Tratamento Men In Black pós-Bush, o AI-5 dos EUA
Rápido comentário sobre o terceiro episódio da quinta temporada de Lost
Of Montreal ao vivo
Mira telescópica com iPod
Nove episódios para o fim de Battlestar Galactica
A canção do Twitter
É oficial: Little Quail amanhã em São Paulo
Dia-a-dia Gonzo
Lennon vendendo laptop
Helen Shapiro?
Outro pirata de Paul McCartney oficializado
40 anos do show dos Beatles no topo da Apple
Vinil do Chico Science a 150 conto?
Beirut 2009
Peter Bjorn & John 2009
Franz Ferdinand ao vivo na BBC
Muxtape renasce
Paul McCartney x Stephen Colbert
Sonic Youth no Twitter e no Brasil? •
Coachella 2009 definido
Grampá toys
Mais novas da Lily Allen
Robert Johnson em movimento
Bichos humanos
Fotão da posse do Obama (e essa versão em Lego) •
Obamaft Punk
Metal brasileiro: o documentário
As primeiras imagens de Kick Ass
De Leve na Campus Party -explicando melhor a pataquada
Franz Ferdinand toca Blondie
Palmas para você!
A primeira gravação do Velvet Underground
Bart Simpson e a cientologia
A coelhinha da Playboy que levou uma passada de mão na Campus Party conta sua versão do ocorrido
Camiseta do Cersibon

Franz Ferdinand tocando “Call Me” do Blondie

Mais um endosso na temática noturna de seu terceiro disco – via Terron.

Entrevista: Gary Lachman

Gary Lachman era integrante do Blondie no final dos anos 70 (até escreveu um livro sobre a época, New York Rocker: My Life in the Blank Generation with Blondie, Iggy Pop and Others, 1974-­1981, assinando com seu pseudônimo, Gary Valentine), mas sua carreira como escritor voltou-se para um lado pouco ortodoxo entre escritores pop, falando sobre a natureza da consciência (A Secret History of Consciousness), uma biografia sobre o mago Gurdjieff (In Search of P.D. Ouspensky: The Genius in the Shadow of Gurdjieff) e um compêndio sobre a história do ocultismo (The Dedalus Book of the Occult: A Dark Muse). Traçando uma conexão entre estes dois universos – o pop e o oculto -, Lachman escreveu Turn Off Your Mind: The Mystic Sixties and the Dark Side of the Age of Aquarius, em que ele diz que a psicodelia dos anos 60 era uma espécie de continuação do revival do desconhecido que rolou no mundo no final do século 19. Publiquei essa entrevista e essa resenha sobre o assunto, mas a íntegra do papo segue abaixo.

Ex-baixista do Blondie revê anos de paz e amor

Os Beatles na Índia, Mick Jagger com o peito tatuado no programa “Rock’n’Roll Circus”, Timothy Leary usando o “Livro Tibetano dos Mortos” como base de seu “A Experiência Psicodélica”, Jim Morrison escolhendo o nome de seu grupo a partir do livro “As Portas da Percepção” de Aldous Huxley, hippies celebrando a natureza coletivamente. Meros flashbacks dos anos 60? Não é isso que vê Gary Lachman.

Ex-baixista do grupo Blondie (quando era conhecido como Gary Valentine), Lachman revê os anos de paz e amor com olhos pouco deslumbrados no livro “Turn Off Your Mind – The Mystic Sixties and the Dark Side of the Age of Aquarius” (Desligue Sua Mente – Os Místicos Anos 60 e o Lado Obscuro da Era de Aquário). E remonta a psicodelia dos anos 60 não como o caleidoscópio tecnicolor que entrou para a história do pop, mas como um lento e avassalador resgate do ocultismo, relacionando os hippies com a nova geração vislumbrada por Madame Blavatsky no fim do século 19, os Merry Pranksters de Ken Kesey com a “Viagem ao Oriente” de Herman Hesse e o ácido lisérgico com o cogumelo Amanita muscaria, que seria a religião mais antiga do planeta. Em entrevista por e-mail, Lachman falou sobre o assunto de seu livro.

Como você percebeu esta conexão entre a psicodelia e este resgate do ocultismo nos anos 60?
Se você observar a cultura pop dos anos 60, verá que, claramente, por volta de 1966 e 1967 que alguns elementos daquilo que chamamos de “ocultismo” estavam renascendo. Como eu digo no livro, esta tendência começou em Paris, em 1960, com a publicação do livro “Le Matin des Magiciens” (“A Manhã dos Mágicos”, de Louis Pauwels e Jacques Bergier). Mas logo ela passou a se espalhar pela Inglaterra e pelos EUA. Como uma criança nos anos 60, podia perceber isto em coisas como nos quadrinhos da Marvel, graças a personagens como o Doutor Estranho. Os próprios X-Men, que não eram “ocultistas”, funcionavam como precursores dos hippies, no sentido em que eles eram adolescentes mutantes.

Como você entrou em contato, ainda nos anos 60, com o ocultismo da época e como este contato influenciou a pesquisa para seu livro?
Eu nasci em 55, por isso tinha 9 ou 10 anos quando essas coisas estavam começando. Eu comecei a ver isto em filmes, programas de TV, quadrinhos e em livros de literatura fantástica da época. Os livros do Conan começaram a ser republicados em 1966; alguns anos depois houve a redescoberta de H.P. Lovecraft. Entre 1967 e 68, as pessoas estavam falando em Tarô, terceiro olho, viagens astrais e coisas do tipo. Comecei a me interessar mais seriamente em 1972, quando um amigo meu me deu uma cópia do “Sidarta”, do Herman Hesse.

De todos as principais redescobertas mágicas dos anos 60 – como Crowley, Hesse e Tolkien -, quem você considera a mais bem-sucedida de todas?
Hesse e Tolkien eram os mais populares na época, pelo menos em termos de escritores. Os livros de Tolkien começaram a ser republicados nos anos 50, mas não tiveram um grande impacto até que uma edição pirata do “Senhor dos Anéis” saiu nos EUA. Hesse foi imensamente popular – na época em que comecei a lê-lo, praticamente todo mundo que eu conhecia tinha pelo menos um de seus livros. Crowley era conhecido nos anos 60, mas ele não teve um grande impacto até a década seguinte, e hoje é muito mais conhecido do que era quando estava vivo. Mas o trabalho de Tolkien é claramente o mais popular de todos, ainda mais com os filmes e afins.

Falando em nomes, qual popstar dos anos 60 esteve mais envolvido com o Desconhecido? Será que até aí os Beatles são o nome mais influente?
Bem, os Beatles eram as pessoas mais famosas do mundo na época, mas eles não estavam tão interessados em ocultismo como estavam em misticismo oriental. Os Rolling Stones estavam muito mais envolvidos com o lado escuro. Como outras bandas, como o Doors. Os Beach Boys se envolveram com o Charles Manson. Mais tarde, o Led Zeppelin se associou a Crowley e Tolkien.

Você descreve o movimento New Age como sendo uma evolução natural do interesse dos anos 60 com o Oculto. Como você relaciona isto com o atual interesse no assunto – que envolve desde franquias bem-sucedidas como “Senhor dos Anéis” e “Harry Potter”, quadrinhos de Alan Moore e Neil Gaiman e seriados como “Buffy – A Caça-Vampiros” e “Charmed”?
As pessoas sempre se interessaram em “magia” e é muito provável que continue a se interessar nisto. A diferença é que hoje o ocultismo é apenas um dos muitos estilos de vida alternativos, enquanto nos anos 60 era um dos poucos que haviam. Acho que há uma parte da psicologia humana que sempre será atraída pelo misterioso. Eu nunca assisti “Buffy”, por isso não posso falar nada, mas acho que o interesse nos livros de Harry Potter, por mais comercial que seja, é geralmente um bom sinal.

Como o espaço sideral, robótica e engenharia genética se tornaram uma espécie de ocultismo científico? No livro, você relaciona ufologia e extraterrestres ao ocultismo e há uma enorme lista de escritores de ficção científica (L. Ron Hubbard e Philip K. Dick sendo os mais óbvios) que de alguma forma lidam com o tema do seu livro.
Historicamente, em tempos de transição ou crise, a cultura responde de duas formas: revertendo-se a um estágio passado ou olhando em direção ao “futuro”. O que era fascinante nos anos 60 era como isso era evidente. Os hippies estavam advogando uma filosofia de “volta à natureza”, ainda que estivessem relacionados a substâncias químicas modernas, como o LSD. Viagens espaciais eram associadas à sabedoria ancestral, na época: deuses do espaço retornariam e dariam início a uma nova era de ouro. A idéia geral é que se algo está “errado” com o presente, é necessário procurar soluções em outras “épocas”.

Você termina o livro mostrando que filmes como “Matrix” são apenas novos disfarces para o ocultismo voltar ao imaginário comum. Gostaria que você falasse um pouco sobre as formas que o Oculto é vendido atualmente, usando disfarces que à primeira vista não parecem dizer o que eles são na verdade – sendo mídia tecnocêntrica sendo a máscara mais evidente…
“Matrix” lida com idéias gnósticas padrão sobre a natureza da realidade. Os antigos gnósticos acreditavam que vivemos em um mundo “falso” e o objetivo de práticas ocultistas e espirituais é escapar deste para um mundo “real”. Este é o tema central não apenas de “Matrix”, mas de filmes sci-fi dos anos 90 menos conhecidos, como “Cidade das Trevas” e “O Cubo”. Todo o jargão cyber de computador é basicamente uma fantasia de vitrine, para tornar a história contemporânea. Mas o roteiro básico é eterno. O objetivo da magia é escapar da grande ilusão.

Ao final do livro, você acena que a Era de Aquário não lida apenas com a luz do sol e euforia tecnicolor e que também pode ser sombria e doentia.
Os elementos sombrios dos anos 60 estão presentes na filosofia “faça o que quiseres” retirada de Crowley e na cessão àquilo que me refiro como “forças estranhas”, que foi alertado por pessoas como Hesse. Isso não quer dizer que o Oculto é sombrio e deve ser evitado, mas que a ética liberalista pode facilmente se tornar em uma espécie de agressividade fascista. Isto pode ser encontrado, acredito, em boa parte das políticas radicais da época. “Faça o que quiseres” pode se tornar facilmente “faço o que eu gosto” e dar origem à falta de consideração com as outras pessoas. Não é que algum tipo de conservadorismo seja preferível, mas que muitas pessoas que se envolveram com isso tinha um entendimento superficial das idéias com que estavam se envolvendo.

Fora alguns dos nomes que foram resgatados nos anos 60, seu livro é focado entre a Inglaterra e os EUA, os principais centros de produção psicodélica da época. Mas à medida que a psicodelia tornou-se uma tendência mundial, gostaria de saber se você teve contato com artistas ou resgates psicodélicos em outros países estrangeiros e se este interesse no ocultismo ocorreu em um âmbito mundial.
Centrei-me nos EUA e na Grã-Bretanha porque era a cultura pop que eu mais conhecia. Hoje, claro que o ocultismo é uma subcultura mundial. Mas fazia mais sentido centrar o foco naquilo que eu conhecia melhor. O livro poderia ter se tornado uma espécie de enciclopédia, em vez de uma narrativa histórica, mas acho que isso o tornaria menos interessante.

Livro de Lachman destaca fascínio pelo desconhecido

Apesar de repassar a história dos anos 60 com minúcia e abrangência, “Turn Off Your Mind” não é um livro sobre a psicodelia daquela década. Numa prosa deliciosa e enciclopédica, Lachman pega o gancho dos sixties para escrever um pequeno tratado da história da magia.

Por isso, Timothy Leary, Allen Ginsberg e Pink Floyd são motivos para descobrir nomes da pesada (Gurdjieff, Eliphas Levi, Dr. Dee), picaretas (L. Ron Hubbard, Charles Manson, Anton LaVey) e ocultistas do primeiro escalão (Aleister Crowley, Kenneth Anger).

Os popstars dos anos 60 acabam vindo à tona como pontas de um iceberg que se esconde por toda a década –e além. No fim, esse é o grande mérito do livro de Lachman: mostrar que, por mais tecnófilos, científicos ou céticos que possamos fingir ser, o fascínio pelo desconhecido é característica humana. E não há razão que consiga contê-lo –daí ele voltar através do rock’n’roll.