Beatles ao vivo na BBC… volume 2!

beatles-bbc

Em 1994 quem quisesse achar gravações dos Beatles que não fossem as que eles mesmos haviam lançado, teria que se aventurar pelo caótico mercado dos discos piratas, que, naquela época, já entrava na era digital. Mas não estou falando em MP3 ou torrents de discos inteiros – essas coisas literalmente não existiam naquela época. A grande novidade nos anos 90 – não apenas em se tratando de pirataria, mas em termos de mercado fonográfico – eram os CDs, que passaram de item de luxo dos anos 80 à carne de vaca na década seguinte – e logo a indústria dos piratas começou a digitalizar seus discos e se beneficiar das mesmas vantagens que as grandes gravadoras viram no compact disc (a possibilidade de fazer o consumidor comprar mais de uma vez o disco que já tinha, a facilidade no transporte e no estoque, a comodidade de relançar coleções inteiras em caixas compactas, etc.).

A pirataria beatle logo entrou nessa e, de repente, apareciam não apenas versões digitais de clássicos não-oficiais como até mesmo discos dedicados a períodos inteiros de gravações de John, Paul, George e Ringo – e além de lançamentos que se ocupavam das versões alternativas de discos clássicos, também haviam diferentes box sets reempacotando as principais fontes desta pirataria, as gravações na BBC e as do disco que, depois que os Beatles acabaram, virou o Let it Be. Era o sinal de alerta para por em prática um projeto que Paul McCartney vinha insistindo há anos, de relançar todo aquele material com a chancela oficial da banda. O grupo havia oficializado sua discografia em CD no final dos anos 80 (consagrando a versão inglesa dos discos pré-Revolver como canônica) e tudo indicava que os anos 90 seriam bons para os Beatles. Este processo – que culminou no projeto Anthology mas teve desdobramentos posteriores como o lançamento dos filmes em DVD, novas coletâneas e o Let it Be… Naked – começou com um CD duplo chamado Live at the BBC.

Um disco delicioso, cheio de versões para ídolos dos quatro e gracinhas feitas no rádio, que arredonda maravilhosamente a fase inocente e pré-psicodélica dos Beatles, servindo tanto como boa introdução à parte do universo da banda como caixa de surpresas para os fãs mais ortodoxos. Mas não é nem um décimo da totalidade do material que os Beatles gravaram na rádio estatal inglesa – as caixas de CDs piratas tinham nove, dez discos.

Acontece que há indícios que o grupo está prestes a entrar em mais uma fase de lançamentos oficiais e estes incluirão mais do que discos, graças a um novo acordo do grupo com a Universal Music (fala-se em linha de roupas e até uma máquina de pinball do Submarino Amarelo). Mas o que importa é a música – e além de uma nova versão para o velho Live at the BBC (com mais músicas? Em vinil? Não há detalhes) há a expectativa para o lançamento de um segundo volume com faixas desta cepa – até a data já foi cravada, 4 de outubro. A pré-venda de um livro oficial dedicado inteiramente às gravações na BBC (The Beatles: The BBC Archives: 1962-1970, que também será lançado no início do próximo outubro) reforça este rumor.

beatles-bbc

Dedos cruzados.

Nirvana + Beatles

dave-paul

Paul McCartney voltou a se reunir com os integrantes vivos do Nirvana para mais uma sessão ao vivo, na sexta da semana passada, no bis do show de sua turnê Out There. Estava passando por Seattle e chamou Dave Grohl, Krist Novoselic e Pat Smear para repetir a versão da música que fizeram juntos no final do ano passado (a fraca “Cut Me Some Slack”) e tocar músicas dos Beatles (“Helter Skelter”, “Get Back”, “The End” e uma versão para “Long Tall Sally”, de Little Richards, que também foi gravada pelo quarteto inglês). Veja os vídeos aí embaixo:

 

US$ 10 mil pelo Álbum Branco A0000001

albumbranco-a0000001

The Beatles – o primeiro disco duplo da carreira dos Beatles e o primeiro álbum lançado pelo grupo em seu próprio selo, a Apple – é o disco mais polêmico do grupo inglês. Foi lançado após seu primeiro fracasso de crítica e público: o filme psicodélico Magical Mystery Tour, exibido pela BBC no natal de 1967, não foi entendido por quem assistiu e foi considerado caótico, amador e mais uma prova que os Beatles não iam bem. Seu empresário Brian Epstein havia acabado de morrer logo após o lançamento do mítico Sgt. Pepper’s e havia uma nuvem negra no horizonte do grupo (que culminou com o fim da banda, poucos anos depois). Ao apresentar-se em quatro lados de vinil (com um deles – o último – contando com a longa e caótica colagem sonora chamada “Revolution #9”), o grupo criou um debate que se discorre até hoje, sobre o excesso de gordura em álbuns duplos, e pintou o autorretrato do próprio esfacelamento como unidade, perceptível por todas as faixas do disco.

album-branco

O diagnóstico seria mais preciso ainda ao levar em conta que o título original do disco seria A Doll’s House (em homenagem à peça do dramaturgo norueguês Herink Ibsen, que questiona as regras do casamento tradicional e termina – spoiler, hehe – com a esposa saindo de casa para “descobrir a si mesma”) até sua capa final e definitiva, de uma única cor – o branco. O minimalismo se refletiria também no título escolhido – apenas The Beatles – escrito em autorrelevo na capa de papelão ao lado de uma numeração em série, que começaria no código A0000001.

Com o tempo, a numeração da capa foi abandonada nas reedições posteriores (nos anos 90 uma versão em CD retomou essa referência) e sempre imaginara-se que os primeiros números desta série fossem os discos que passaram para a coleção dos próprios Beatles. Até parece. Ficou na mão de um executivo de gravadora, que vendeu à loja Let it Be Records, de São Francisco, no início dos anos 70. Ele mudou de mãos em abril de 1989, quando a loja o vendeu para David Mincks, em uma carta escrita pelo dono da loja, Clifford J. Yamasaki, que dizia:

letitbe-a0000001

“This is to certify that ___ purchased Beatles ‘White Album’ number: A0000001 in mint condition on this date. It is one of approximately two dozen copies given out as early promotional items to the Beatles and top Capitol Records executives. I purchased said copy from one of the above executives in the early 1970’s. Said executive was head of the classical division at Capitol Records. The ‘White Album’ number A0000001 was shown at a Beatles Convention one time only. ‘White Album’ copies with this number A0000001 were never sealed with records or sold to the public. I certify that all of the above is true and correct.”

Agora o próprio Mincks põe a cópia à venda num site de leilões online com o lance inicial saindo de 10 mil dólares. Quem quiser fazer alguma proposta, faça aqui.

Vi essa notícia no Dangerous Minds, que ainda desenterrou essa entrevista com o artista plástico Richard Hamilton, responsável pela criação da capa que ele chama de “uma das primeiras capas conceituais de disco”, veja abaixo:

 

Clássico é clássico: O dia em que Jimi Hendrix tocou “Sgt. Pepper’s” para os Beatles

beatles-hendrix

Os quatro Beatles foram ao último show da turnê do Jimi Hendrix Experience na Inglaterra em 1967, no dia 4 de junho, no teatro Saville em Londres, um domingo. Na quinta anterior, dia 1°, o grupo havia lançado seu mítico Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, cumprindo a autopromessa que era a invenção da psicodelia inglesa. O próprio Paul McCartney deu uma cópia ao maior guitarrista de todos os tempos, poucas horas antes do show de domingo. Eis que Hendrix resolve abrir a noite com:

Recentemente, num show em Orlando, o próprio Paul lembrou-se desse evento, que referiu-se como “um dos maiores tributos” à sua carreira:

(E um parêntese final, sobre o vídeo acima: Paul conta isso após encerrar “Let Me Roll It” com dois minutos incríveis de solo elétrico em homenagem ao próprio Hendrix, provando que, além de tudo, o velho Paul também é um deus da guitarra.)

Vida Fodona #380: Nas ruas

vf380

Uma trilha sonora pra esses dias, que contou com uma pequena ajuda de muita gente.

Jesse Jackson – “I Am Somebody”
Gil Scott-Heron – “The Revolution Will Not Be Televised”
Nina Simone – “Revolution”
Metá Metá – “São Jorge”
Curtis Mayfield – “Power to the People”
Sam Cooke – “A Change is Gonna Come”
Wilson das Neves – “O Dia em que o Morro Descer e Não for Carnaval”
Bob Dylan – “Masters of War”
National – “Fake Empire”
T-Rex – “Children of the Revolution”
Richard Hawley – “Tonight The Streets Are Ours”
Buffalo Springfield – “For What It’s Worth”
Gal Costa – “Divino Maravilhoso”
Beatles – “Tomorrow Never Knows”
Sonic Youth – “Teen Age Riot”
Beastie Boys – “Fight For Your Right to Party”
Paralamas do Sucesso – “Selvagem”
Titãs – “Desordem”
Rage Against The Machine – “Killing in the Name”
Kendrick Lamar – “Bitch Don’t Kill My Vibe”
Primal Scream – “Come Together”
Massive Attack – “Safe from Harm”
Sly & the Family Stone – “There’s a Riot Goin’ On”
Rolling Stones – “Gimme Shelter”
Gilberto Gil – “Marginália 2”
Siba e a Fuloresta – “Pisando em Praça de Guerra”
Tatá Aeroplano – “Tudo Parado na City”
Ronnie Von – “Anarquia”
Martha & The Vandellas – “Dancing in the Streets”
Black Alien – “From Hell Pro Céu”
Ana Tijoux – “Shock”
Major Lazer + Amber Coffman- “Get Free”
Black Lips – “Bad Kids”
Gorillaz – “Dirty Harry”
Clash – “Guns of Brixton”
Bob Marley & the Wailers – “Exodus”

Vamos lá!

4:20

silly-walk-abbey-road

Go Home Productions: “Imagine the Band”

this-is-not-here

Mark Vidler, um dos ases da cena mashup, acelera um tico “Imagine” do John e diminui um pouco a velocidade da versão a capella de “Band on the Run” dos Wings do Paul e mistura numa só faixa…

Dica da Gi, sempre precisa.

“Being for the Benefit of Mr. Kite” pela primeira vez ao vivo

paul-in-bh

Outra novidade na área do rock clássico no fim de semana foi que Paul McCartney incluiu algumas músicas inéditas no repertório de sua quarta vinda ao Brasil, que começou com o show em Belo Horizonte no sábado – como “All Together Now”, “Lovely Rita” e “Being for the Benefit of Mr. Kite”…

Que foda… :~~~~

“When I was younger so much younger than today…”

tiozao-help

Enquanto isso, em São Luís…

Paul McCartney pós-Bonde do Rolê

bdr-beatles

Outro dia o Mark Ronson – que já produziu três músicas novas pro disco novo do Paul McCartney – comentou que o beatle veio pedindo uma sonoridade mais moderna para seu som. Disse Ronson à Rolling Stone:

“He came in one day playing some post-Bonde do Role baile funk-moombahton thing, asking, ‘How do we get this kind of energy?’ And then he played me ‘Climax’ by Usher, and he was like, ‘I love where all the sonics sit in this.'”

E hoje o trio mandou, via Feice, um remix funk de “Get Back” pra ver se entra de vez no radar do Paul. Vai que cola, né…