She & Him ♥ Beach Boys

shehim

O disco desse ano da dupla formada por Zooey Deschanel e M. Ward é composto apenas por clássicos da música pop – não por outro motivo chama-se apenas Classics. Mas por algum motivo eles deixaram o maior clássico dos Beach Boys de fora do disco – e resolveram gravá-lo para o seriado estrelado por Zooey, The New Girl. O resultado, com a dupla, é previsível – mas nem por isso deixa de ser bonitinho.

Refletor #006: BBC além dos limites da breguice

bbc

Minha coluna no Brainstorm9 essa semana foi sobre esse clipe brega que a BBC fez pra dizer que agora ela tem um site que permite às pessoas fazerem suas playlists, deixando de lado um legado quase centenário para alinhar-se aos titãs do mundo digital.

Tudo errado
No clipe de lançamento do novo serviço BBC Music, a decana estatal inglesa rebaixa-se ao nível do novo mercado

Todos sabemos da importância da BBC para a história da comunicação, para a Inglaterra e para a história da música gravada. Por isso quando a estatal britânica resolveu reunir todas suas vertentes musicais numa mesma plataforma chamada BBC Music, nos preparamos para o aplauso. Afinal, estamos falando da BBC.

O gesto é uma evidente tentativa de fazer sua grife manter-se atual, reunindo sua produção ao redor do tema “música” num mesmo canal, sejam playlists, programas de rádio, entrevistas ou shows em seus estúdios. A interface do site é voltada para dispositivos móveis e tenta reunir diferentes conteúdos em abas diversas – nomes de programas, gêneros musicais, nomes de artistas, notícias – e oferece um serviço chamado Playlister, que além de disponibilizar sequências de músicas assinadas pelos canais da emissora também permite ao ouvinte fazer suas próprias seleções e descobrir músicas novas. Resumindo, a emissora criou um Spotify próprio para reorganizar seu conteúdo online e assim tenta fazer valer seu nome no atual cenário global de música.

Assistimos, desde o início do século, a uma briga de logotipos de todas as áreas ao redor deste tema e é neste cenário que o novo BBC Music quer brigar, entre velhas gravadoras e novos aplicativos, fabricantes de aparelhos portáteis e empresas de telefonia móvel.

A empresa gaba-se que seu novo projeto é “uma ambiciosa onda de novos programas, parcerias inovadoras e iniciativas pioneiras que afirmam o mais forte compromisso da BBC com a música em 30 anos”, reza o release. Um blablablá corporativo pesado, que parece mais disposto a equivaler-se a um cenário musical mutante do que a impor sua própria importância.

A nova plataforma chega ao mundo acompanhada de um clipe. Uma versão cheia de artistas conhecidos – de diferentes gêneros, épocas e países – para regravar o clássico dos Beach Boys “God Only Knows”. Ok, vamos ver…

O resultado é espetacularmente brega. Aliás, brega é pouco. Transcende os limites do brega. Brega é só o conceito de reunir vários artistas para cantar uma música conhecida por todos. O “We Are the World” era menos brega porque pelo menos lançou uma musica nova. Mas esse clipe, essa versão, esse conceito… Tudo errado.

Não apenas pela escolha dos artistas, que funciona até a página três. Há clássicos de menos (Stevie Wonder, Elton John, Brian May e o próprio Brian Wilson) e pop contemporâneo de mais (Dave Grohl, Lorde, Pharrell, Chris Martin, Florence Welch, Sam Smith, Jake Bugg, Kylie Minogue e Jamie Cullum), um inevitável Jools Holland e um evitável One Direction, além de artistas eruditos (Eliza Carthy e Danielle de Niese) e “do resto do mundo” (Baaba Maal) para dar aquele molho de “pluralidade”, além da BBC Concert Orchestra e um coral com 80 vozes.

Se no quesito música o resultado é mediano, na parte visual é constrangedor. A direção de arte do clipe deixa tudo pior ao colocar asas negras na Lorde, Elton John coberto de borboletas azuis, um tigre pulando sobre o piano de Brian Wilson, Kylie Minogue flutuando em uma bolha, Stevie Wonder cercado de diamantes… Trata artistas não como personagens mais sensíveis que nós, mas como um circo de pessoas estranhas. É um delírio psicodélico careta, uma caricatura musicada da direção de arte de Tim Burton filtrada pelo filme As Aventuras de Pi.

O clipe coroa uma iniciativa que parece tirar a majestade da BBC. Ao descer de seu próprio pedestal, a emissora perde seu tom austero e tenta criar um universo particular clean e higienizado, mais próximo das campanhas publicitárias de marcas de celular ou de serviços de streaming do que de um padrão BBC de qualidade. Basta comparar essa versão com outra, feita pela emissora há dezessete anos, quando ela também reuniu veteranos e novatos para cantar uma música conhecida, no caso “Perfect Day”, de Lou Reed.

Além do próprio Lou Reed (fazendo “air piano”), a versão de 1997 ainda tinha participações de Bono, David Bowie, Suzanne Vega, Elton John, Burning Spear, Emmylou Harris, Tammy Wynette, Shane MacGowan (dos Pogues), Robert Cray, Skye Edwards (do Morcheeba), Dr. John, Emmylou Harris, Brett Anderson (do Suede), Laurie Anderson e Tom Jones – tudo bem, também tiveram os meninos do Boyzone. Mas ao comparar a “Perfect Day” de 1997 e a “God Only Knows” de 2014, percebe-se que até o fim do século passado a BBC ainda mantinha alguma austeridade, mesmo que um filtro visual no clipe quisesse deixá-la com uma cara moderna.

E o lançamento da canção de 1997 não tinha nenhum intuito inovador – era apenas um comercial feito para a TV para reforçar que, com como dizia a mensagem ao final do anúncio, “não importa qual é seu gosto musical, ele é saciado pela BBC Rádio e Televisão. Isso só é possível graças à forma incomparável como a BBC é paga por você. BBC. Você faz o que ela é.” “Você vai colher o que plantar”, como cantava escancaradamente o refrão.

“God Only Knows”, por outro lado, parece uma súplica para não perder ouvintes – “Só Deus sabe o que eu seria sem você”, canta a canção perfeita de Brian Wilson mas também parece cantar a BBC, que perde seu rigor para exibir-se como mero zoológico de personagens exóticos, estes tais artistas que fazem música. Havia uma empolgação para aplaudir, uma antecipação otimista sobre como a emissora marcaria sua entrada no século digital e assistimos a uma campanha de marketing mediana cheia de celebridades e efeitos especiais. O oposto do que se esperaria da BBC.

Tudo errado.

Paul Dano é Brian Wilson

Love-and-Mercy

Love & Mercy é a cinebiografia que faltava do líder dos Beach Boys, Brian Wilson, e o Paul Dano, que faz o Brian ainda novo, tá igualzinho. Quem faz o papel do Brian Wilson velho é o John Cusack e o filme deve estrear no final do ano lá fora (por aqui, se vier, só ano que vem).

Brian Wilson e Jeff Beck tocando o Pet Sounds

brian-wilson-pet-sounds-live

Brian Wilson e Jeff Beck estão se apresentando juntos numa turnê pelos EUA que começou no fim do mês passado e vai até o fim deste mês – e no show programado para a semana passada em Nova York (no suntuoso Beacon Theater) os dois simplesmente dedicaram parte da apresentação a tocar, na íntegra e sem anúncio prévio, o grande disco dos Beach Boys, Pet Sounds. A turnê ainda contava com a presença dos beach boys David Marks e Al Jardine, o que tornou o momento ainda mais épico. Abaixo, alguns vídeos que apareceram online deste show:

 

Beach Boys a capella

beachboys

Um outro jeito de ouvir Pet Sounds…

Vida Fodona #377: Só com rock clássico

vf377

Close the doors, put out the light…

Led Zeppelin – “No Quarter”
Doors – “The Changelling”
Cream – “Swlabr”
Rolling Stones – “19th Nervous Breakdown”
Mutantes – “Technicolor”
Raul Seixas – “Tente Outra Vez”
Paul McCartney – “Check My Machine”
Pink Floyd – “Let There Be More Light”
Beach Boys – “Fall Breaks and Back To Winter (Woody Woodpecker Symphony)”
Walter Franco – “Feito Gente”
Roxy Music – “Love is the Drug”
David Bowie – “Sound & Vision”
Jimi Hendrix Experience – “Still Raining, Still Dreaming”
Who – “I Can See For Miles”
Ronnie Von – “Sílvia 20 Horas Domingo”
Count Five – “Psychotic Reaction”

And it feels like this!

O dia em que John Belushi e Dan Aykroyd obrigaram Brian Wilson a surfar

belushi-brian-wilson-ackroyd

O produtor de TV Lorne Michaels, que havia acabado de emplacar seu Saturday Night Live em 1975, foi chamado para produzir o especial It’s OK, sobre os Beach Boys – e chamou Dan Ackroyd e John Belushi – os célebres Irmãos Cara de Pau – para atuar como policiais em um trecho cômico do programa. Sente só:

Vi no Dangerous Minds.

Clássico é clássico: Brian Wilson e John Lennon ao telefone, em 1964

Falando sobre cortes de cabelo. Que pérola.

Beach Boys 2012

De chorar esse documentário. Dica do Brancatelli.

Silêncio: Beach Boys gravando “Good Vibrations”

Que momento! O entusiasmo do Brian é de chorar.

Isso sem contar a duração do vídeo. Bom dia.