Relações perigosas: Obama, Google e Facebook

Nesta edição do Link, publicamos a tradução de uma matéria do New York Times que fala da troca de cadeiras de executivos entre a Casa Branca e os dois maiores sites do mundo. Aproveitei o gancho pra falar do discurso que Obama fez no início do ano, para entender melhor este jogo de poder…

A estratégia de Obama junto ao Google e ao Facebook

Há trinta anos não poderíamos saber que algo chamado ‘internet’ nos levaria a uma revolução econômica. O que podemos fazer agora – o que os EUA fazem melhor do que qualquer um – é instigar a criatividade e a imaginação de nossa gente. Colocamos carros nas estradas e computadores nos escritórios”, disse Barack Obama, em janeiro passado, no tradicional discurso Estado da Nação que o presidente norte-americano apresenta no início de ano. “Somos a nação de (Thomas) Edison e dos irmãos Wright; do Google e do Facebook. Nos EUA, a inovação não só muda as nossas vidas. É como nós a vivemos.” E continuou: “Há meio século, quando os soviéticos nos ultrapassaram ao lançar no espaço um satélite chamado Sputnik, não tínhamos ideia que chegaríamos antes deles à Lua. Não existia tal ciência. Nem a Nasa. Mas depois de investir muito em pesquisa e educação, nós não só passamos os soviéticos como lançamos uma nova onda de inovação que criou milhões de novos empregos. Este é o momento Sputnik de nossa geração.”

Ou seja: a corrida espacial do século 21 acontecerá entre nossos computadores e celulares. O discurso de Obama só não diz com todas as letras que a internet é uma invenção norte-americana. Afinal, não é. A rede Arpanet foi sim criada pelo Pentágono e foram as universidades norte-americanas as primeiras a reconhecer naquela rede um objetivo mais prático do que o que deu origem a ela – inventada por militares, servia para salvar informações que pudessem ser destruídas no caso de um ataque inimigo. Mas a rede só se popularizou graças a uma invenção europeia, a World Wide Web.

Mas se Obama não diz literalmente que a internet é americana, ele sublinha que seus principais personagens atuais – Google e Facebook – são. E isso não fica só no discurso, como pode-se perceber no jantar em que o presidente norte-americano recebeu os principais nomes desta indústria (Zuckerberg, Jobs, dois nomes do Google, entre outros) em fevereiro, além da movimentação de executivos entre os dois sites e a Casa Branca.

Uma das principais especulações sobre essa dança das cadeiras, aliás, diz respeito a um dos personagens centrais desta indústria. Eric Schimdt já passou pela Bell, pelo histórico PARC da Xerox, pela Sun e pela Novell, antes de virar CEO do Google e entrar do conselho da Apple. No mesmo mês em que jantou com Obama, anunciou que deixaria o cargo no Google. Mas um rumor que ganhou força durante o mês de março é que ele assumiria o cargo que hoje é de Gary Locke, o secretário de Comércio dos EUA que veio reunir-se com a ministra da Cultura Ana de Hollanda no mês passado, conforme apurou a repórter Tatiana de Mello Dias no Link há duas semanas. Locke assumiria o cargo de embaixador dos EUA na China, cedendo a vaga para Schimdt – que deixa de ser o homem do Google para se tornar o homem do comércio exterior daquele país.

Será esse um novo tipo de imperialismo, em que filmes, discos e livros não precisam ser boicotados? Uma coisa é tentar execrar uma obra, outra coisa é convencer as pessoas a não usar esses dois sites… O problema é que internet não é só Google e Facebook. E como o próprio Obama disse, se Google e Facebook são seu Sputnik, pode ser que alguém reaja a isso com uma nova Nasa para o século digital.

Tumblr do dia: 420rules

A etiqueta da alta sociedade no 420rules, um tumblr com começo, meio e fim.

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Link – 7 de março de 2011

Curtindo a vida adoidadoNo lixo nãoNovas tecnologias: nascem livres, viram monopólio. E a web?Jobs volta ao palcoMaior rigor contra pirata, Gmail flop, GDC discute mobilidadeVida digital: Carnatroll

Link – 28 de fevereiro de 2011

O que parece grátis é pago com seus dadosComo será a Web 3.0RobotanistsAdivinha quem não veio para o jantar?Sem Jobs, iPad 2 será anunciado por CookCarnaval dos trolls, Nokia em São Paulo e lojinha do WikileaksO mês de fevereiro em um infográfico

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Obama + Zuckerberg

A primeira parte do gif acima faz parte do encontro de Obama com as principais lideranças digitais dos EUA, um jantar devidamente esmiuçado pelo Pedro Doria nesta edição do Link. E é claro que o encontro de Obama com Zuckerberg não ia passar batido na internet:

Via LOL.

TweetLeaks

Outro dia eu falei sobre um trauma mundial maior que o Wikileaks com a possível revelação da troca de emails, SMSs, históricos de chats e afins entre os reles mortais e o ótimo Cinismo Ilustrado propôs seus Twittileaks, em que o diálogo via DM entre nomes conhecidos é tornado público. Pardon my spanish:

Dave Grohl e Paul McCartney

Dave também passou pela mesma sabatina que Jack White – e teve de cantar uma música de Paul McCartney na frente do próprio, na apresentação em homenagem ao beatle na Casa Branca. Na platéia, além do Paul, Obama e Stevie Wonder, entre outros. E Grohl escolheu o épico “Band on the Run”, que já tinha gravado em na coletânea em homenagem aos 40 anos da rádio BBC 1, lançada em 2007.

Jack White e Paul McCartney

Eis Zeca Branco na Casa Branca tocando uma música do Álbum Branco – desculpa, não resisti. Jack foi um dos convidados da cerimônia de premiação usada como desculpa pro Obama ter tempo pra ver um showzinho em casa. E que showzinho: Paul McCartney: The Library of Congress Gershwin Prize for Popular Song In Performance at the White House é um documentário feito pelo canal público americano PBS e que será exibido pela primeira vez depois de amanhã (e, provavelmente, nas redes de torrent do mundo a partir de quinta-feira). No programa, como entregue no título, assistirá-se ao show feito pelo velho Beatle na Casa Branca no último dia 2 de junho, quando o presidente americano lhe conferiu o prêmio Gershwin pela Canção Popular. Além do show particular do Macca (eis uma das vantagens de ser presidente dos EUA), Obama ainda assistiu a apresentações de Stevie Wonder, Elvis Costello, Herbie Hancock, Dave Grohl, Emmylou Harris e outros menos cotados, além do Jack White aí de cima, dando uma vibe American gothic à árcade “Mother’s Nature Son” ao misturá-la com “That Would Be Something“, do primeiro disco solo do Paul. Ficou djóia.