Tudo tanto #008: Sobre a volta do vinil

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A minha coluna na revista Caros Amigos do mês passado foi sobre a renascença do vinil na era digital e o Clube do Vinil que a revista Noize inventou.

O clube do vinil
Sucateado no Brasil graças a uma conjunção de fatores econômicos e tecnológicos, o velho LP vive uma nova renascença e uma revista gaúcha lançou até um clube do disco

Das transformações que o meio digital provocou no mercado fonográfico sem dúvida a mais lamentável foi o sucateamento do vinil. Isso aconteceu com força aqui no Brasil e mesmo antes da popularização da banda larga – que permitiu a troca desenfreada e gratuita de arquivos digitais – na virada do milênio. Os velhos LPs pararam de ser fabricados no país porque o truque chamado CD chegou ao Brasil em um momento específico que fez a nova mídia tornar-se uma mina de ouro para as gravadoras multinacionais instaladas aqui.

O CD foi inventado nos anos 80 com a promessa de ser uma revolução audiófila. O som digital, dizia-se à época, era superior ao analógico em vinil. O disco prateado trazia outras vantagens: armazenava uma duração maior de músicas e barateava uma série de etapas do negócio, embora ninguém alardeasse isso. Menor, mais leve e mais barato de ser fabricado que o vinil, o CD permitia que custos logísticos (como transporte e armazenagem) caíssem bastante. Mas a desculpa “audiófila” foi suficiente para encarecer o preço do produto final, que, no Brasil, chegou a custar 150% – em média – a mais do que o preço do LP no início dos anos 90.

A novidade obrigou fãs – lentamente transformados em ouvintes e, depois, consumidores – a comprar novamente discografias inteiras em detrimento de uma subjetiva melhoria de qualidade. E com a substituição, a tragédia: coleções inteiras de vinis foram desfeitas em nome do avanço tecnológico sobre a fruição musical.

Historicamente fazia sentido: os discos de acetato foram substituídos pelos de vinil, que criou a era do álbum e trouxe o LP para o topo da cadeia do mercado, superpondo-se aos compactos. Depois veio a fita cassete que adicionou a portabilidade ao negócio – era possível escolher que música ouvir tanto em aparelhos de som portáteis e no carro (antes só dava para ouvir rádio). O Walkman (inventado pela Sony no iníco dos anos 1980) e as boomboxes (aparelhos de som portáteis com entrada para dois cassetes) mudaram hábitos e locais de audição de música. Era natural que outras tecnologias viessem mudar a nossa relação com a música. Aí veio o CD.

No Brasil, a popularização do CD aconteceu num momento específico: o auge do Plano Real inventado no governo Itamar Franco. A mudança econômica abriu uma onda desenfreada de consumo em que o CD player tornou-se um dos itens mais procurados por novos consumidores. Grandes gravadoras multinacionais, de olho em um público que em outras épocas nunca havia comprado disco, nem pestanejaram e colocaram todo o foco de seu negócio em artistas de rápido consumo, vendidos apenas em CD.

Foi a otimização de um processo iniciado nos anos 80, com o rock brasileiro e continuado com a lambada, quando testou-se mudanças de cenário a partir da massificação de novos artistas em torno de um novo gênero. O mesmo processo foi azeitado no início dos anos 90 com a triade sertanejo-axé-pagode veio que consolidou esse modus operandi, que fazia gravadoras mirar em artistas que vendiam muito rápido e traziam outros tantos artistas menores no vácuo. Eram discos que tinham uma ou duas músicas massificadas através do rádio como se fossem jingles (e eram, se você pensar que uma música, naquela época, era vista como um comercial para a venda de um produto, o disco), que vendiam CDs a rodo e sem a menor preocupação da criação de catálogo. Os executivos das gravadoras nos anos 90 só queriam saber de números e a qualidade musical da produção fonográfica da época cai ao mesmo tempo em que recordes de vendas de discos eram quebrados a cada ano.

Um dos efeitos colaterais disso foi o sucateamento das fábricas de vinil, que durante os anos 90 começaram a minguar e a ficar com os mercados de nicho que ainda lidavam com LPs, como o de música religiosa. O tocadiscos desapareceu dos lares brasileiros e junto com eles coleções inteiras foram parar em sebos de discos, muitas vezes vendidos a preço de banana quando não jogados fora.

Enquanto isso os vinis seguiam sendo vendido no exterior, embora numa proporção cada vez menor e, ironicamente, sendo comprados por um público cada vez mais interessado na qualidade sonora do LP, a mesma que, em tese, seria melhor no CD.

O LP começou o século 21 no Brasil literalmente no lixo. Coube primeiro a uma geração de novos fãs de música e velhos DJs a tarefa de manter o disco girando. A renascença do vinil começou a acontecer no exterior na metade da década passada, na medida em que a música digital ultrapassou o CD como formato. Velhos fãs sentiam a falta do elemento táctil no disco, novos fãs se encantavam com capas enormes e com o ritual de parar para ouvir música. A onda motivou a reabertura da última fábrica de vinis a fechar no Brasil, a Polysom, que começou a oferecer seus serviços para gravadoras que queriam reeditar clássicos e novos artistas que se ouvir em vinil.

Uma novidade específica pode alavancar ainda mais este cenário por aqui. A revista gaúcha Noize, que completa oito anos neste mês de março, deu uma guinada em sua linha editorial e criou um modelo de compra de discos chamado Noize Record Club. É isso mesmo: um clube do disco em que o assinante paga para receber discos de bandas brasileiras – em vinil – em casa.

“Há dois anos, já fazemos cada edição com um tema específico”, explica Rafael Rocha, um dos sócios da revista. “Com o clube, transferimos esses temas para o tema do disco do mês, que rege as matérias no editorial. Batemos muito em cima da reformulação da experiência de se escutar música. Com uma publicação inteira feita em cima do tema do disco, acreditamos que além de fazer o público parar para escutar música,estamos entregando uma nova forma de encarar o disco.”

O Clube foi lançado no fim do ano passado e já trouxe discos do grupo Apanhador Só e da Banda do Mar, de Marcelo Camelo e Mallu Magalhães. O processo de curadoria é interno e leva em conta “a exclusividade em cima dos títulos que serão lançados”, continua Rafael. Para saber mais informações, basta entrar no site do clube: http://www.noize.com.br/recordclub/

Vida Fodona #493: O primeiro Vida Fodona do outono de 2015

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Esse sol veio a calhar.

Herb Alpert & the Tijuana Brass – “A Banda”
Bixiga 70 – “100% 13”
Guizado – “Tigre”
Todd Terje – “Preben Goes To Acapulco (Prins Thomas remix)”
Daniel Johns – “Aerial Love”
Beyonce – “Crazy In Love (Fifty Shades of Grey Boots Remix)”
BaianaSystem – “PlaySom”
Yumi Zouma – “Catastrophe”
Blur – “Lonesome Street”
Knife – “Heartbeats”
Frank Ocean – “Lost”
Tame Impala – “Stranger in Moscow”
Vetiver – “Current Carry”
Banda do Mar – “Pode Ser”
Thiago Pethit – “Romeo”

Vem aqui.

Banda do Mar: “Se eu vir você mais tarde…”

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Mais um clipe da Banda do Mar, desta vez é a preguiçosa “Dia Clarear” que ganha um vídeo com ares bem caseiros…

Vida Fodona #484: As 75 Melhores Músicas de 2014

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Mais de cinco horas de programa…

Lorde – “Don’t Tell’Em”
Eric Clapton – “For Jack”
Séculos Apaixonados – “Um Totem do Amor Impossível”
Marion Cotillard – “Snapshot in LA”
André Paste + Fepaschoal – “A Calma”
MØ – “Walk This Way (Slowolf Remix)”
Escort – “If You Say So”
Mercúrias – “Desse Jeito”
Say Lou Lou – “Instant Crush”
Hotlane – “Whenever”
Phonat – “Never”
Haim – “My Song 5 (Movement Version)”
Mahmundi – “Sentimento”
Alessandra Leão – “Mofo”
Nação Zumbi – “Defeito Perfeito”
Melody’s Echo Chamer – “Shirim”
David Bowie – “Sue (Or In A Season Of Crime)”
Jungle – “Busy Earning”
AlunaGeorge – “Supernatural”
Black Keys – “Turn Blue”
Jungle – “The Heat”
Pipo Pegoraro – “Aiye”
Todd Terje – “Inspector Norse”
Racionais MCs – “Quanto Vale o Show?”
Tops – “Change of Heart”
Lana Del Rey – “Florida Kilos”
Thiago Pethit – “Romeo”
Angel Olsen – “Stars”
Chet Faker – “1998”
Meghan Trainor – “All About That Bass”
André Paste + Holger – “Cosmos”
Banda do Mar – “Mais Ninguém”
Broken Bells – “After the Disco”
Silva – “Entardecer”
Tops – “Outside”
Thurston Moore – “Forevermore”
Belle & Sebastian – “The Party Line”
Grimes + Blood Diamonds- “Go”
Mr. Twin Sister – “In the House of Yes”
Sants + Estranho + El Mandarim- “Madruga”
Mombojó + Laetitia Sadier – “Summer Long”
Sia – “Chandelier”
Chromeo + Toro Y Moi – “Come Alive (The Magician Remix)”
Banda do Mar – “Me Sinto Ótima”
Damon Albarn – “Everyday Robots”
Criolo + Juçara Marçal – “Fio De Prumo (Padê Onã)”
Flying Lotus + Kendrick Lamar – “Never Catch Me”
Russo Passapusso – “Paraquedas”
Leo Cavalcanti – “Inversão do Mal”
De Leve – “Estalactite”
Mark Ronson + Bruno Mars – “Uptown Funk”
Lana Del Rey – “West Coast (Munk Remix)”
Les Sins + Nate Salman – “Why”
My Magical Glowing Lens – “Dreaming Pool”
Ariana Grande – “Problems (Bo$$ in Drama Remix)”
Kendrick Lamar – “i”
Jungle – “Time”
Michael Jackson + Justin Timberlake – “Love Never Felt So Good”
Mark Ronson + Kevin Parker – “Daffodils”
Metronomy – “Love Letters (Soulwax Remix)”
Bixiga 70 – “100% 13”
Angel Olsen – “Windows”
Nação Zumbi + Marisa Monte – “A Melhor Hora da Praia”
Saint Pepsi – “Fiona Coyne”
Taylor Swift – “Shake it Off”
Lana Del Rey – “Ultraviolence”
Iggy Azalea + Charlie XCX – “Fancy”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Taylor Swift – “Blank Space”
War on Drugs – “Under The Pressure”
Criolo + Tulipa Ruiz – “Cartão de Visita”
Spoon – “Rainy Taxi”
Alvvays – “Archie, Marry Me”
Courtney Barnett – “Avant Gardener”
Juçara Marçal – “Ciranda do Aborto”

Aqui ó.

Vida Fodona #480: Verão psicodélico

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Aos poucos voltando à rotina…

Elastica – “Connection”
Dumbo Gets Mad – “Future Sun”
Lovin’ Spoonful – “Summer in the City”
Boogarins – “Lucifernandis”
Ariel Pink’s Haunted Graffiti – “Only In My Dreams”
Washed Out – “All I Know (Moby Remix)”
Banda do Mar – “Hey Nana”
Mombojó + Céu – “Diz o Leão”
Nicolas Jaar – “Keep Me There”
Max Frost – “Sunday Driving”
Tops – “Way To Be Loved”
Tiê – “A Noite”
Taylor Swift – “New Romantics”
Calvin Harris + Haim – “Pray To God”
Mark Ronson + Kevin Parker – “Daffodils”
Sants + Estranho + El Mandarim – “Madruga”
Aphex Twin – “180db_”

Bora?

As 75 Melhores Músicas de 2014 32) Banda do Mar – “Me Sinto Ótima”

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As 75 Melhores Músicas de 2014 44) Banda do Mar – “Mais Ninguém”

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Os 75 Melhores Discos de 2014 56) Banda do Mar

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Vida Fodona #477: Nada a ver com natal

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Falei que poderiam pintar uns Vidas Fodonas no meio da retrospectiva, né…

Banda do Mar – “Muitos Chocolates”
Mr. Twin Sister – “Out of the Dark”
Chromatics – “Shadow (8-bit Version)”
Érika & Gabriel – “Rolo Compressor”
Taylor Swift – “Out of the Woods”
Sinkane – “Mean Love”
Criolo – “Plano de Vôo”
Elo da Corrente – “Sobre o Infinito e Outras Coisas”
Sants + Estranho + El Mandarim – “Madruga”
Chet Faker – “Gold (Flume Rework)”
The Weeknd – “Earned It”
Sondre Lerche – “Chandelier”
Tops – “Outside”
Warpaint – “To Love is To Die”
Lana Del Rey – “Ultraviolence”
Thiago Pethit – “Perdedor”
Giancarlo Ruffato – “Luzes da Páscoa”
Nação Zumbi + Marisa Monte- “A Melhor Hora da Praia”

Por aqui.

Vida Fodona #471: Começa devagar

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Vem aqui.

Banda do Mar – “Mais Ninguém”
Ian Ramil – “Zero e Um”
O Terno – “Desaparecido”
Boogarins – “Despreocupar”
Céu – “Mil e Uma Noites de Amor”
Munk + Lizzie Paige – “Deceiver”
Flight Facilities – “Waking Bliss”
Lana Del Rey – “Brooklyn Baby (Strip Club Bootleg)”
Metronomy – “The Upsetter (Mogwai Remix)”
Teen Daze – “Reykjavik January 2015”
Chromatics – “The River”
Frank Ocean – “Memrise”
Jean-Luc Ponty – “Computer Incantations for World Peace”
Twin Shadow – “Turn Me Up”
Tourist – “Wait”

Olha só.