As 75 melhores músicas de 2012: 10) Chromatics – “The Page”

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Timbres elétricos e açucarados que ecoam na alma, texturas de microfonia na freqüência do sono, um vocal sensual e cadavérico – “The Page”, outra pérola dos Chromatics, parece ter sido escrita na luz, no frio, sem saber se queria ser fria ou quente, escolhendo, no fim, ser os dois.

As 75 melhores músicas de 2012: 9) Lana Del Rey – “Blue Jeans (Penguin Prison Remix)”

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E a melhor música de Lana Del Rey do ano foi lançada em 2011, mas recebeu um tratamento primoroso pelo produtor Peguin Prison em 2012, trazendo o encontro que antes acontecia em um bar de beira de estrada para uma pista de dança austera e classuda, num dos grandes hits do ano.

As 75 melhores músicas de 2012: 24) Nicki Minaj – “Starships”

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Que música é essa? Como assim, que espécie de dance music estamos ouvindo? Afrika Bambaataa ergueu a primeira ponte entre a música eletrônica quando sampleou o Kraftwerk em “Planet Rock”, mas essa conexão seguiu firme e forte e desde o início do século ganhou bases sólidas e amplo financiamento da indústrias – o casamento do Daft Punk com Kanye West ou as inúmeras participações especiais nos hits de David Guetta mostram o vulto que esta conexão atingiu nos últimos anos. Aí vem Nicki Minaj, sobrevoa esta ponte sobre uma espaçonave (“mais chapada que uma feladaputa”), abduz todos os formatos que podem ser utilizados nesta conexão – eurodance, trance, hip hop, italo house, electropop – e os empilha numa canção caricata e exagerada, que canta sobre como se acabar numa pista de dança. Se fosse necessário inventar um gênero para “Starships” poderia ser algo próximo a WTF music (isso sem precisar ver o clipe, que é ainda mais retardado). Feizmente não é preciso, resta apenas deixar o cérebro derreter sobre os quadris.

As 75 melhores músicas de 2012: 8) Grimes – “Genesis”

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Base eletro-teutônica sob vocais indie com tempero oriental – descrita, “Genesis” lembra muito “Oblivion“, a outra grande faixa de Grimes em 2012. Mas a placidez dos teclados se sobrepõe aos beats quebrados a colocam num ponto equidistante entre a eletrônica mais tímida e o indie dance, a arte conceitual e o synthpop. Uma das melhores surpresas do ano, em “Genesis” Grimes se firma como a mais forte candidata ao posto de herdeira da Björk – trono que andava vago desde que a islandesa abriu mão do pop para ficar só com a arte, no início do século.

As 75 melhores músicas de 2012: 23) Metá Metá – “Oya”

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Principais protagonistas na conexão África-São Paulo que vem se concretizando nos últimos anos (da Bahia Fantástica de Rodrigo Campos ao Bixiga 70, sem esquecer o disco do Criolo), o trio Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thiago França começou como uma espécie de projeto paralelo mas aos poucos ganhou força e voz própria, a ponto de pegar a todos de surpresa com um segundo álbum. E Metal Metal, o novo disco do Metá Metá, tornou-se público a partir da força de “Oya”, que começa quieta e sorrateira e aos poucos vai esquentando, esquentando, esquentando até entrar em ponto de ebulição e derreter tudo ao redor com um amálgama de ritmo e harmonia que não parece vir nem da África nem de São Paulo, mas do fundo da Terra. Sísmica, arrebatadora e implacável ela ultrapassa a estratosfera e segue em direção ao espaço de Sun Ra, em seus últimos minutos. É outro nível de discussão.

As 75 melhores músicas de 2012: 7) Tame Impala – “Feels Like We Only Go Backwards”

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A grande música do Tame Impala em 2012 talvez seja a que menos caiba no rótulo “psicodélico”, que sempre é atrelado à banda australiana. “Feels Like We Only Go Backwards” é uma canção de reencontro e reaproximação, tanto numa relação quanto individualmente, guiada pelo doce vocal de Kevin Parker (até o nome desse rapaz é clássico), que paira sobre uma estranha combinação de teclados etéreos e bateria rock’n’roll. Um primor.

As 75 melhores músicas de 2012: 22) Lucas Santtana – “Jogos Madrugais”

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E logo no início de seu grandioso O Deus Que Devasta Mas Também Cura, Lucas Santtana deixou uma armadilha em forma de canção, pois ao ser ouvida na ordem do disco – é a terceira faixa -, “Jogos Madrugais” parece pedestre e mundana. Mas quando na medida em que entramos no loop de consciência por ela proposto – uma ode à perdição noturna, onde enfiar o pé na jaca é apenas o início da jornada -, percebemos todas as sutilezas e a ambição completa do disco inteiro, que casa os experimentos eletrônicos e dançantes dos dois primeiros discos de Lucas com a exploração das texturas e instrumentos dos dois discos posteriores. E sublinha que Lucas, finalmente, atingiu o equilíbrio entre pop e erudito, intelectual e rasteiro, épico e íntimo que tanto buscava.

As 75 melhores músicas de 2012: 6) Poolside – “Harvest Moon”

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Peça central no disco Pacific Standard Time, a versão que a dupla californiana fez para o clássico de Neil Young transfere a oração de amor dos campos do meio dos EUA para uma praia ensolarada no verão – e mesmo que a lua da colheita pareça sumir no céu azul, ela segue mandando suas vibrações suavemente, ainda que com um beat.

As 75 melhores músicas de 2012: 21) Poolside – “Just Fall in Love”

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O verão do século 20 era festeiro e libertador, já o do século 21 está mais para um alívio, um longo fim de semana em que a única coisa que importa é deitar-se ao sol – e, eventualmente, apaixonar-se. Sem festas, sem agito, sem pressa – deite-se e mova-se na velocidade do calor, a câmera lenta. Eis o paraíso ao ar livre proposto pela dupla de Los Angeles Poolside, uma das melhores surpresas de 2012, e seu conceito de disco music diurna está concentrado principalmente na preguiçosa “Just Fall in Love”, que cogita a paixão de verão como se pede um drink ou para que se passe o protetor solar… Relax…

As 75 melhores músicas de 2012: 5) Frank Ocean – “Pyramids”

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Hip hop progressivo, épico R&B, soul de fases: “Pyramids” foi o cartão de apresentação do irrepreensível Channel Orange, o grande disco de 2012, e quando ela apareceu por inteiro – groove sintetizado pesado num começo ancestral, cantando o Egito antigo sobre timbres dos anos 70, mudando para uma R&B lento e digital que se passa nas pirâmides de Las Vegas; duas canções superpostas em dez minutos de lascívia em duas demãos, sob a vigília da Árvore da Vida e um longo e contemplativo solo de guitarra (tocado por John Mayer!) – o ano já não era o mesmo. E pertencia a Frank Ocean.