Noites Trabalho Sujo apresenta Ana Freitas

Nessa sexta-feira quem me ajuda a destruir a pistinha do Alberta é a minha querida Ana Freitas, do Olhômetro, que aproveita a festa para marcar sua despedida – ela vai pra Alemanha no mês que vem, sem planos para voltar. E quem conhece a Ana sabe que ela fica entre o pop mais escrachado e o rock mais adolescente possível – e eu ajudo-a com a minha parte de clássicos e hits de todas as épocas e lugares. Você já sabe o que precisa para ir para a festa, né? Se não sabe, veja no site do Alberta ou na página do evento no Facebook. E se quiser incluir seu nome na lista, é só mandar um email para noitestrabalhosujo@gmail.com, até às 20h. Vamo lá?

Os novos blogs dOEsquema

Quem já pousou o mouse de bobeira sobre a palavra “blogs” no cabeçalho do site já deve ter se ligado que começamos a estréia dos novos blogs dOEsquema sem muito alarde. E agora que os quatro primeiros já começaram a se habituar com a casa nova, é hora de apresentá-los. Pedi para cada um dos novos blogueiros descrever sobre o que é o site deles. Primeiro a Ana, observadora natural que voltou da Holanda e retoma o blog a partir de São Paulo:

O Olhômetro foi criado pra ser um observatório de coisas interessantes – na música, no showbiz, no mundo das notícias engraçadas, na internet, no dia-a-dia. A idéia é falar de tudo que acontece e o que eu acho disso, mas de um jeito pretensiosamente engraçado. Isso já tira toda a graça da coisa, mas acho que ninguém liga mais.

O blog estreou em 2007 e desde então segue meio esquizofrênico, mas isso é só um reflexo de como eu mudei nos últimos quatro anos, então nada mais natural.

Eu sempre fui péssima pra nomes, mas meu irmão diz que Olhômetro é bom, então tudo bem. Eu também gosto, mas certa vez me dei conta que poderia estar roubando um nome incrível para um blog de fotografia. Uma pena.

Depois a Babee, um dos melhores parâmetros pra bom gosto musical no Brasil hoje (apesar de ela curtir Pantera). Minha conterrânea é dona do Boo Monster Bop (ou apenas Boombop), também mora em São Paulo e seu Boombop Shuffle é meu podcast favorito:

Boo Monster Bop é um blog sem firulas, feito para aqueles que amam música e procuram novidades nada óbvias. Além de vídeos e pôsteres, tem também a mixtape semanal Boombop Shuffle, criada a partir do shuffle do iPod e que traz uma sequência de músicas novas e (quase sempre) desconhecidas.

A Rafa é carioca mas tá há um tempo em Londres. E explica seu Patchwork:

O Patchwork é uma colcha de retalhos formada por pedacinhos de informação sobre arte, ciência, fotografia, música, ecologia e o que mais me der na telha. Conexão Brasil – Londres, o blog é movido à curiosidade e admiração pela criatividade, em todas as suas formas, tamanhos, cores e texturas – sem preconceitos e com direito a algumas nojeiras e esquisitices (afinal, a beleza está nos olhos de quem vê, né não?).

E o Chico Dub, também do Rio, agitador cultural (ele tá produzindo o melhor menor festival do Brasil, que acontece nesse fim de semana, o Novas Freqüências) e estudioso dos graves, como entrega seu “sobrenome”:

Por 6 anos, de 2002 a 2008, tive um blog sobre dub e música jamaicana. Posso categoricamente afirmar que o “Dub Blogger” foi nos seus primeiros três anos uma das principais fontes de notícias sobre dub e os novos sons inspirados no bass jamaicano. Depois de escrever anos e anos sobre Jamaica, Londres, Berlim e afins, de ter participado da criação do principal documentário sobre o dub já produzido no mundo (junto com o mais que parceiro Bruno Natal), de ter tocado em festas a rodo, e de ter contribuído para a divulgação de uma música que é muito maior do que falam que ela é, me sinto hoje com o dever cumprido. Surgiu então, em 2009, a Dancing Cheetah, um movimento em prol de ritmos latinos, africanos, caribenhos, asiáticos. Com um foco mais contemporâneo, batizado por alguns especialistas de global guettotech (por conta das misturas com música eletrônica), a Dancing Cheetah já tem quase 3 anos de existência. Foi a primeira festa assumidamente desse estilo no país. E é muito bacana ver outras idéias como a nossa (divido a labuta com o João Brasil e o Pedro Seiler) surgindo no Brasil todo.

Bom, toda essa looooonga introdução se justifica para falar do meu blog atual, o “Chico Dub”. Criei o tamagotchizinho nos primeiros dias de 2011 para ser uma plataforma que mesclasse todas as fases musicais da minha vida recente dando prioridade ao que acontece HOJE dentro da música – os últimos lançamentos, as tendências, os festivais. Ter o blog em menos de um ano hospedado dentro do OEsquema, lugar de máximo respeito e que eu simplesmente entro todo santo dia, me enche muito de orgulho. Não poderia estar em melhor lugar e com melhores companhias.

Por isso, podem dar as boas vindas aos quatro novos integrantes dOEsquema: Olhômetro, Boo Monster Bop, Patchwork e Chicodub. Tratem-os bem e fucem seus arquivos – são blogs com anos de bagagem, tem muita coisa legal escondida nos meses passados. Como não poderia deixar de ser, é só gente de primeira. Gente que fala, mas que também faz. E faz bonito.

E não são os únicos. Daqui a pouco estreamos mais outra leva de blogs quando, finalmente, concluímos a tão alardeada evolução para a fase 2 dOEsquema. Juro que não demora.

E na marcha da liberdade de sábado, quem vai?

Enquanto isso, a boa de sábado é ver o que vai acontecer na marcha da liberdade que foi proibida pela justiça (há uma poesia bizarra e triste nessa frase). Os organizadores dão as coordenadas para quem quer se defender de possíveis ataques, o Camilo dá dez motivos para ir à marcha e a Ana linka o manifesto da esquerda festiva para quem quiser entrar no clima.

Viajando com Ana Freitas

Tem horas que bate uma saudade da Ana… Não que a gente fosse super broder, que ela frequentasse a minha casa ou saíssemos pra almoçar por puro esporte, mas conviver mais com um ano diariamente do lado dessa menina (puxei ela pra trabalhar comigo no Link, pra quem não a conhece – e hoje ela tá na Holanda) era uma constante fonte de inspiração. Aí quando bate a saudade eu baixo no blog dela, mesmo que pra ler uns textos velhos de novo, só pra imaginar ela falando e mexendo os braços ao mesmo tempo em que a voz dela dava loopings de timbres e ela fazia caras e bocas pra contar histórias loucaças de um jeito completamente amalucado, arregalando os olhos e erguendo as sobrancelhas como estivesse entretendo um bebê. E agora, na Europa, ela não para de viajar – e eu curto o jeito que ela viaja:

Quando eu viajo, eu costumo ser uma companhia frustrante pra maioria das pessoas que viajam comigo. É que eu não sinto vontade, exatamente, de visitar os pontos turísticos “imperdíveis”. Na verdade, eu acho a maioria deles bem perdíveis.

Só que isso geralmente provoca indignação nas pessoas que me perguntam o que eu fiz e onde fui. Na verdade, elas parecem achar meus programas bem entediantes. E acaba que eu fico meio sem graça de contar o que eu fiz, porque pra algumas pessoas, se eu não fui no museu, no bairro dos turistas ou nos monumentos históricos, eu não fiz nada que valesse a viagem.

Acontece que, quando eu viajo, meu barato é ler um pouco sobre a cidade, aprender duas dúzias de expressões, mais meia dúzia de pratos típicos, pegar o mapa e sair andando. Se possível, de bicicleta ou de skate. E aí eu vou vendo as pessoas e os lugares, aprendendo a me locomover, olhando os nomes das ruas, vez ou outra parando em um ou outro ponto turístico que cruzar meu caminho. Gosto de comprar umas tranqueiras, de parar pra comer algo e pedir alguma coisa que eu nunca provei antes na vida.

Nessas, vale ler os posts que ela escreveu sobre o carnaval da Holanda, sobre onde fazer compras no Panamá e sobre o fim de semana que ela passou em Berlim.

12 crianças mortas com tiros na cabeça

Daí, segue um vídeo ou entrevista em texto com um pesquisador em educação ou violência e um jornalista procurando um padrão em um caso que é, claramente, uma exceção bizarra. É fora da curva, gente. Não adianta tentar analisar a situação como um fenômeno social, não é. O assassino era doente mental, fez uma barbaridade, mas felizmente é uma exceção. Certamente, não é com esse tipo de violência em escolas que devemos nos preocupar – a violência que acontece em colégios como padrão é outra, uma que de tanto a gente ler por aí nem é mais notícia.

Aí tem sempre alguém culpando o fato de o Wellington ter conseguido entrar na escola sem ser funcionário ou professor, e esquecendo que a escola é um espaço público, comunitário, e que o ponto não é ele ter entrado ou não na escola – afinal, ele é ex-aluno, provavelmente conseguiria entrar de um modo ou de outro. No entanto, ninguém questiona o fato de que o problema é ele entrar na escola ARMADO COM TRÊS PISTOLAS E MUNIÇÃO PRA MATAR TRÊS CRIANÇAS.

Ontem, tínhamos elementos até humorísticos na cobertura. Na Record, parece, rolou um GC (gerador de caracteres, aquela faixa que vai embaixo da tela explicando o que tá acontecendo) escrito URGENTE: DILMA CHORA.

À distância (ela tá na Holanda), Ana consegue observar alguns detalhes de como a tragédia que aconteceu no Rio de Janeiro está sendo coberta por aqui. O slideshow acima eu tirei do blog Coluna Extra.

Skate ghost

Um filme de Nanda Fernandez Brédillard e Lucas Mancione. Dica da Ana.

TV Ana Freitas

Olhômetro girl leaves the building: e agora?


Ana e eu

Ana Freitas é um caso clássico de amizade virtual: você começa a visitar alguém online em seu canal favorito (antigamente era só o site ou o blog, hoje tem o Flickr, o Fffound, o canal do YouTube, o Fotolog, o FEICE, o Twitter e a lista só aumenta) e aos poucos vai se afeiçoando ao jeito da pessoa, independentemente de gostar dela ou não. E o canal vai se tornando, aos poucos, um conhecido, o que me lembra aquela situação sempre citada da velhinha que dava “boa noite” pro Cid Moreira. Sim, um dos motivos que fez a televisão se tornar tão popular nas últimas décadas era que ela preenchia emocionalmente um vácuo espiritual – o dos amigos. O sujeito chega em casa e não tem ninguém – liga a TV e está numa mesa discutindo futebol, num filme policial ou no meio de uma novela mexicana. Com a internet, é como se as pessoas virassem canais de TV – com o agravante de que a maioria destes não são feitos por equipes pagas para pensar em entretenimento para os outros e sim por uma pessoa desaguando sua personalidade online.

E eu sempre vi a Ana como um programa de TV a cabo que comentava a TV aberta. Mais do que isso: um programa sobre o mundo a cabo que comentava o mundo aberto. Ela fazia a ponte entre estes dois universo – o cool e descolado mundo digital de grandes novidades da moda da semana e o apaixonado e intenso universo da vida real do povo brasileiro. Reddit e Rede TV!, Foursquare e A Praça é Nossa, probloggers e vendedores no trem, Analytics e Ibope. O fato de ela andar de skate e morar em Santo André diz muito sobre esta personalidade.

Mas, em pouco o tempo, a conheci no escritório que trabalho. Foi quando veio o momento mágico da revolução eletrônica, quando você conhece a pessoa que está do outro lado da tela. E lá estava Ana, com seu sorriso de criança, seus olhos de moleque que fez merda e tá torcendo pra que você não perceba, cabelo chanelzinho, bermuda jeans, tênis All-Star, falando com as mãos e erguendo as sobrancelhas quando quer sinalizar alguma travessura ou boa idéia, que quase sempre vêm juntas, em seu caso. Mas uma coisa eu já conhecia e mesmo sem ouvi-la falar: era exatamente a mesma voz que eu li em seu blog, com as mesmas frases extensas, gírias paulistanas e comparações inacreditáveis.

Ela trabalhava em outro departamento, como estagiária, e eu tinha uma vaga de estágio sobrando na minha equipe. Seu contrato terminaria no meio do ano passado e ela, com sua estrela natural, já tinha agilizado três ou quatro opções para trabalhar longe do Limão – uma delas, viajando pelo Brasil. Quando eu e Helô chegamos nela dispostos a transformá-la em integrante da equipe do Link, ela balançou. Queria conhecer o mundo, ir pra fora de São Paulo, ver o que tinha para além do horizonte e estava programando o fim de seu estágio como início desta oportunidade. Não foi preciso muito para convencê-la ficar (trabalhar no Link é altos, geral sabe) e, em menos de seis meses, estávamos contratando-a como repórter. É uma sensação boa, efetivar estagiário como profissional. Mas no caso da Ana foi especial porque era mérito dela por ter investido na própria carreira no mesmo lugar em que estava, só que com outras pessoas.

Mas o bicho da viagem quando belisca, não para – e pelo meio do primeiro semestre deste ano, Ana começou a se mostrar inquieta, às vezes distraída. Primeiro abriu pra Helô e logo depois veio me contar: queria sim viajar pelo mundo. Adorava o trabalho, mas tinha que sair. Não só a gente como quase todos que a conhecem endossaram: vai nessa. Velho clichê: “Você é jovem, tem a vida toda pela frente, depois vai se arrepender de não ter ido”. E como clichês não viram clichês por conta própria, ela os ouviu várias vezes até decidir-se. E ela começa 2011 indo para fora do Brasil.

E volta a ser aquele canal de TV pessoal que eu acompanhava antes, com o agravante que agora eu conheço sua autora-produtora e sei que seu potencial de genialidade não fica só dos dedos pra tela – Ana é quase uma força da natureza em miniatura – você olha para ela e não dá muita coisa, mas ela tem uma energia natural tão intensa que contagia qualquer ambiente. E sem pressionar. Ela torna tudo mais familiar, mais caseiro, menos épico, menos hiperbólico, mais pé no chão. Lembra que, mais do que uma grande jornalista em formação, ela é uma pessoa prontinha pra vida. Ela é fodaça e um amor ao mesmo tempo – quantas pessoas você conhece que são as duas coisas?

Na festa de fim de ano do Link, falamos que 2010 foi o ano Ana. De certa forma foi mesmo, pois tivemos o prazer de sua companhia diária. Mas não. 2011 é o ano Ana.

Vai lá, menina. Quebra tudo, mostra pra eles. Eu fico aqui do outro lado, te lendo e sabendo que, a cada frase espertinha e citação improvável, tem um riso de moleca, uma gargalhada gostosa, gírias idosas e um olhar confiante que me põe a gente no mesmo nível – aquele de gente que gosta do que faz.

Sigo aqui lhe assistindo. E, como você mesma disse, também tenho certeza que vamos trabalhar juntos de novo.

“Bed Intruder” ao vivo

Dedico este post à Ana, que publicou a entrevista que ela fez com o Dodson enquanto eu estava de férias.

Orgulho de Ana Freitas

De, novo, política. Dessa vez, copy+paste (e, não, você não precisa ver esse vídeo):

Se você viu inteiro numa boa, sem se constranger, provavelmente o texto a seguir é pra você.

De fato, várias coisas nesse vídeo não fazem sentido. A primeira é que 100 reais só é migalha pra gente como eu e você, mas provavelmente não é para quem vive com 400 reais por mês. É tipo um aumento gigante na renda. Não vou entrar em méritos partidários – só digo que, nos países de primeiro mundo, todo mundo acha lindo que o governo dê pensão pras pessoas que não trabalham (é, isso rola). “Olha só que lindo nos países desenvolvidos, lá se o jovem não quiser trabalhar, ele pode viver de pensão”. Aqui, é assistencialismo, é dar dinheiro pra vagabundo que não quer trabalhar (reaça tem essa coisa maravilhosa de achar que no Brasil ninguém gosta de trabalhar, só ele, que geralmente nem trabalha).

A segunda coisa que não faz nenhum sentido é esse clipe dessa música horrível no final é que ele só ajuda a alimentar o espírito babaca de falar que nenhum político presta. Porque o tipo de pessoa que repete isso não percebe que repetir isso é só uma maneira de tirar de si a responsabilidade de achar um que preste (é, é incrível, mas tem gente boa na política). As pessoas que bradam que nenhum político presta não sabem em quem vão votar, não querem saber e também não se lembram em quem votaram na última eleição.

É uma maneira muito eficaz de perpretar justamente o que o vídeo crítica, também, dizer que ‘é só a educação que salva esse país, talvez em duas ou três gerações’. Primeiro, porque é o óbvio do óbvio, mas aqui não tem a intenção de ser óbvio, mas de tirar do ombro da minha e da sua geração a responsabilidade de fazer alguma coisa. E é uma responsabilidade nossa, queira você, o Felipe Neto, eu, ou não.

Tenho orgulho de ter essa menina no meu convívio diário. O resto do texto segue no blog dela, mas aproveito aqui para linkar algo que, pra alguns é óbvio, mas pra maioria, não – o fato de que votar no Tiririca não tem nada a ver com voto de protesto, perceba.

Impressão digital #0020: “Stereo Love”

Eis minha coluna no Caderno 2 de ontem

“Aquela da sanfoninha”
“Stereo Love”, um ringtone do inferno

Aconteceu na redação. O mês de junho ainda não havia começado, era tarde da noite no jornal e, na calma noturna da quase meia-noite, uma pequena sanfoninha tocou a distância. E tocou. E tocou. Era o celular que alguém havia esquecido sobre a mesa enquanto ia tomar água, ao banheiro, fumar um cigarro. A sanfoninha tocava uma melodia simples e chorosa, quase um forrozinho, com um mínimo ritmo dançante, daquele de bater o pé e só. Dada a época do ano, pensei que o dono do aparelho pudesse estar em clima de festas juninas. Vai saber.

Até que comecei a ouvir aquela musiquinha repetidas vezes. Em situações diferentes, ela vinha aos poucos acrescida de uma batida de dance music (hã?) e um vocal sussurrado num inglês com sotaque, cantando uma letra genérica sobre amor. Sempre trechos, quase sempre iniciados pela sanfoninha brega, ouvidos a distância, de passagem – sempre ouvidos através do celular de alguém.

Descubro, tardiamente, graças à repórter Ana Freitas, que trabalha comigo no Link, que “Stereo Love” foi o hit que lançou a carreira do DJ romeno Edward Maya no final do ano passado, em parceria com a DJ e vocalista russa Vika Jigulina. Tão sem graça quanto grudenta, a música tornou-se sucesso de downloads na França (justamente para se tornar ringtone de celular) e depois começou a crescer entre os países da Europa central – Bélgica e depois Suíça, para finalmente, em abril deste ano, ser lançada nos EUA e, finalmente, chegar aos ouvidos brasileiros. A música é sucesso nas rádios dance do Brasil e Vika Jigulina já até veio para cá, quando se apresentou em uma festa no Rio de Janeiro, no dia 10 deste mês.

Três dias antes, o dono do perfil /konelindo no YouTube subia um vídeo que resumia o drama que eu havia começado a sentir. Sem imagens, o clipe apenas apresenta uma tela preta que mostra letras em branco que, aos poucos, formam a frase “eu odeio quem coloca essa música como toque de celular”, seguida da infame sanfoninha de forró dos Bálcãs que vinha me perseguindo. Foi assim, através da Ana, que me passou o tal vídeo, que matei uma dúvida que eu nem sabia que tinha.

Mas o ponto dessa história toda não diz respeito apenas a uma música semidesconhecida que virou sucesso de uma hora para outra, e sim ao fato desta ser usada como toque de celular. Se fosse apenas Stereo Love, já seria motivo para essa coluna. Mas não é só ela.

Donos de celulares que permitem trocar o tom de chamada por músicas muitas vezes nem pensam ao escolher uma canção favorita para ser seu ringtone. Mas se esquecem que aquela música será tocada toda vez que seu celular for acionado – ou se lembram, mas esquecem que aquela música será repetida para todos os que estiverem ao seu redor. E não pense com os seus botões que a música que você escolheu é boa e que seus amigos não ligam. É bem provável que eles liguem sim e comentem sobre a música chata que toca toda vez que o seu telefone toca.

Quer personalizar o toque do seu celular? Escolha uma música discreta e que não seja facilmente reconhecível – o telefone pode tocar em uma reunião com alguém que odeia aquela música, aí já viu…

É só uma questão de etiqueta digital. Nem vou entrar no mérito daqueles que ouvem música no celular sem fone de ouvido (você já deve ter dividido o elevador com um tipo desses). Porque aí não é etiqueta – é só falta de noção mesmo.