4:20

4:20

4:20

Gonzo no País das Maravilhas

Antes de ilustrar o trabalho que o consagrou – o clássico do jornalismo gonzo Medo e Delírio em Las Vegas, de Hunter Thompson -, o inglês Ralph Steadman já tinha se aventurado por outra estranha e psicodélica viagem, quando foi chamado para fazer as ilustrações de uma edição de 1967 de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. Delírio.

Vi aqui.

Vince Collins – Quando psicodelia e desenho animado viram a mesma coisa

Vince Collins, meus amigos. Creize é pouco.

Esse Life is Flashing Before Your Eyes eu até já tinha linkado aqui, por culpa do Memory Tapes.

E esse é o cara na Vila Sésamo:

Abaixo, trechos de uma entrevista que ele deu à Vice em 2009:

The films reflect the spirit of the times; I made 60s-style films in the 70s. The last three blocks of Haight Street, before the park, were lined with drug dealers. As you walked by they would whisper, “Grasssss, LSDeeeeee, cooocaine,” and occasionally, “Oooopium.” That’s what I heard all the time. The drug scare of the time was media sensationalism. The people in media were all old, they grew up before electricity and automobiles. Young people were certainly not taken seriously. Film directors were all in their 70s, assistant cameramen were in their 60s, there was nobody younger than that on the set. George Lucas grew a beard to appear older. That time was the first youth culture.

After I had made six or seven movies, the independent film scene disappeared, in the late 70s, but I kept making films anyway. That’s what I liked to do, but I wanted to make something sensational to mark the end of that era – a porno. Malice in Wonderland was the porno. Maybe it’s not considered one now, but it was a porno then.

Malice in Wonderland was actually the least known film I had made, as it turns out, because most of the theatres that showed independent films had disappeared by that point. There were no VHS or DVDs, you had to be there to see It. And it got booed anyway. Then 25 years later it started appearing on YouTube and got more views per day than it did in its entire theatrical career.

These days, it’s, “Dude, what the fuck is that shit?” Whereas back then, it was, “You are exploiting women, you filthy sexist pig!” Thus booing and hissing.

Sex has some really good shapes and actions for animation. Most of my stuff is a non-stop flow of images, start to finish – non-stop climaxes, involving the entire screen without a background/foreground concept. The Alice in Wonderland story has some great opportunities for this type of animation. Once, Malice in Wonderland was rented by a woman’s club by mistake to show at their meeting. There was an actual occurrence of “the aghast audience running from the room”. On the upside, when Malice was in post-production, the guy there told me that it was the only time his crew of tape machine operators had ever actually watched one of the projects they were working on.

Pois então, eis Malice in Wonderland, que é melhor que você assista em algum lugar que não corra o risco de ser surpreendido vendo “pornografia psicodélica de desenho animado”. Em alguns lugares, isso deve dar justa causa. Ou até cadeia.

E como eu vi no about me do vídeo acima: não assista a esses filmes chapado de ácido. Faça-se esse favor.

O cinema em 2010

Quais você não viu?

Ralice…

E Alice é pior – e melhor – do que eu esperava. Consegue mostrar que Tim Burton, quando quer, não fala nada com nada, passa o filme inteiro delirando na possibilidade vazia de um diretor de arte assumir a direção de um filme. Visualmente Alice é lindaço, delírio psicodélico vitoriano detalhista, quase artesanato digital. Mas cadê a história? Em vez de nos importarmos com os personagens e com o que acontece com eles, tem-se a sensação de estar num parque temático sobre Alice no País das Maravilhas – e na versão Disney, só que humanizada. Se na Fábrica de Chocolates Burton já tinha exagerado no açúcar ao misturar sua história com a do filme, em Alice dá pra sentir a gana do merchandising em cada flor falante, em cada bicho colorido que aparece do nada. Pelo menos a minha queria Mia Wasikowska não compromete, como eu havia lido por aí.

Mas vou falar melhor do filme depois, estou terminando de ler algo que tem a ver com o assunto do filme e achei melhor falar dos dois ao mesmo tempo. Em breve…

O Chapeleiro Louco recebe os outros Johnny Depp

O desenho é assinado por alguém chamado Memory Palace. Mas e aí, alguém já viu o Alice?

Impressão digital #0006: LCD Soundsystem 2010

Minha coluninha que saiu ontem no Caderno 2

Os blues dos anos 10
O drama do LCD Soundsystem

Às vésperas de lançar seu terceiro disco em maio, o grupo nova-iorquino LCD Soundsystem fez um show surpresa no Webster Hall, em sua cidade-natal, na última segunda-feira. Em dado momento da apresentação, o líder e vocalista da banda, James Murphy, caiu de joelhos no palco e se dirigiu ao público com seriedade. “Se você receber uma cópia do disco e tiver vontade de compartilhá-la com mundo, por favor não faça isso”, disse. “Passamos dois anos fazendo este álbum e queremos lançá-lo quando acharmos que é a hora de lançá-lo. Não estou preocupado com o dinheiro – depois que o disco for lançado, você pode dá-lo de graça para quem você quiser, mas até lá, guarde-o consigo.”

O desabafo vem de um dos artistas que melhor souberam usar a internet para se estabelecer. Mais do que um simples astro lançado no MySpace, o LCD Soundsystem se lançou em singles que foram distribuídos primeiro via MP3 e depois foram remixados por DJs e produtores tanto do selo de Murphy (a DFA) quanto de fora – remixes que corriam a internet afora.

Oito anos depois de lançar sua primeira música (“Losing My Edge”), a banda cresceu o suficiente para se incomodar com aquilo que antes foi seu principal canal de divulgação.

Não é exclusividade deles. Grande parte da geração que se estabeleceu graças à internet agora se vê às voltas com os mesmos problemas dos artistas que já eram grandes quando a internet se popularizou. Em entrevista à revista Rolling Stone brasileira, o vocalista do Franz Ferdinand, Alex Kapranos, comentou que a cantora “Lily Allen foi destruída pela imprensa por dizer que as bandas mais novas sofrem mais com isso”.

Ouvindo This is Happening, o terceiro disco do LCD Soundsystem, percebe-se que a tensão inquieta dos anteriores segue presente, mas misturada com uma tristeza e desilusão que não havia antes. Talvez James Murphy esteja sentindo um novo tipo de blues, uma tensão digital típica dos novíssimos anos 10.

“Cortem a cabeça!”
Alice no iPad

A versão de Tim Burton para o clássico Alice no País das Maravilhas estreia na próxima quarta no Brasil, mas a menina entrou em outro ambiente fantástico na semana passada. Alice in the iPad é um aplicativo em que é possível ler o livro de Lewis Carroll com ilustrações em movimento, que invadem o texto e mudam conforme se mexe com o aparelho, deixando o leitor tão perdido quanto Alice. O aplicativo custa US$ 9.

Pobre Alice…

Tarde demais.

Vi no Even the Mona Lisa is Falling Apart, que é bem foda.