O remix em cassete de Stela Campos

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Stela Campos segue peregrinando sua carreira multifacetada ao transformanr um disco de folk psicodélico em um cassete de remixes eletrônicos. Dumbo Reloaded é a versão remixada do disco que ela lançou em 2013 e saiu da cabeça do produtor Érico Theobaldo – o DJ Periférico – que resolveu levar o álbum para diferentes produtores eletrônicos – de Aldo The Band ou DaDa Attack, passando pelo XRS Land, Eat Beat Repeat e Adriano Cintra (cujo remix ela liberou aqui para o Trabalho Sujo, bem como o clipe com o remix feito por Marcel Dadalto). Foi Adriano aliás quem sugeriu lançar o disco em cassete, o primeiro da carreira de Stela, que começou sua carreira nos anos 90 na ponte aérea entre São Paulo e a Recife dos primeiros dias do mangue beat. Conversei com ela por email sobre seu novo trabalho, que será lançado no sábado que vem, na Sensorial Discos.

Como surgiu a ideia transformar Dumbo em um disco de remixes?
A ideia foi do produtor Érico Theobaldo, que trabalhou comigo na época do show do disco Fim de Semana. Ele era o DJ da banda, que ainda tinha o Fernando Catatau na guitarra, o Rian Batista no baixo e o Mauricio Takara na bateria. Érico ouviu o Dumbo e fez um remix, que achei muito bom! Daí ele me perguntou se poderia convidar outros produtores para fazer o mesmo. Achei legal a ideia. Alguns nem conheciam o meu trabalho, mas gostaram do Dumbo e toparam. No final do processo tínhamos 11 faixas e um disco! Nunca imaginei que um trabalho mais próximo do folk psicodélico pudesse dar margem para remixes eletrônicos. Mas acho que isso deixou o projeto mais interessante. Alguns remixes são bem diferentes das músicas originais e bem experimentais. Adorei! Tive a honra de juntar todas as tribos: gente como Adriano Cintra, Aldo The Band, Eat Beat Repeat, DaDa Attack, Stereoleo, Marcel Dadalto, Blasquez & Holocaos, Pedro Angeli e XRLand.

E por que voce resolveu lancá-lo como uma fita cassete? Eh a sua primeira fita?
Minha primeira fita oficial, sim! Acho que o CD está desprestigiado como mídia hoje e o vinil está caríssimo por conta do dólar. A ideia do K7 foi do Adriano, que conhecia uma fábrica no Canadá. O Érico ía fazer um show por lá, então ele pôde trazer na mala. Foi ótimo pensar no formato cassete, com lado A e B, da mesma forma como fiz no vinil do Dumbo. A capa é um remix gráfico da Juliana Pontual, que fez a arte do LP. Ficou linda, cor de rosa. E a fita vem com código para download. Acima de tudo é um objeto para colecionador. Edição limitadíssima.

Como vem acompanhando a cena paulistana dos ultimos anos?
Tenho vários amigos que estão fazendo trabalhos interessantes em São Paulo, que nem são daqui. Vejo que existe uma disputa maior por lugares para tocar e uma maior profissionalização das bandas e das casas. Veja a Casa do Mancha, por exemplo. Minha banda atual reúne gente de várias outras: Clayton Martin do Cidadão Instigado, o Diogo Valentino do Supercordas, o Léo Monstro da Lulina e o Felipe Maia da Marrero. É um exemplo de como as histórias musicais se cruzam por aqui. O festival Fora da Casinha do qual participei com eles mostra bem essa diversidade.

Com o disco de remixes encerra-se o ciclo do Dumbo? Quais os proximos passos?
Ainda quero fazer alguns shows para divulgar o Dumbo Reloaded junto com o Eat Beat Repeat e o Léo Monstro. É um formato que já testei e que funcionou. Paralelamente, já comecei a gravar meu próximo disco de inéditas, o sexto. São músicas que compus durante o período de shows do Dumbo. Então, estou produzindo junto com a banda – Clayton, Leo, Diogo e Felipe. Já temos seis faixas gravadas e espero concluir esse trabalho até o fim do ano. Estou bem feliz com o que fizemos até agora! Acho que será o meu disco mais rock n’ roll, no real sentido do termo. Ouvi o muito o Zuma do Neil Young no processo de composição.

O Ecossistema da Música em 2015

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Essa é a última semana para as inscrições na terceira edição do curso que coordeno no Espaço Cult, aqui em São Paulo. E para me ajudar a falar dos problemas e soluções da profissionalização musical na edição deste semestre do Ecossistema da Música no Século 21 reuni nomes que já passaram por edições anteriores (Evandro Fióti, Roberta Martinelli, Miranda, Fabiana Batistela, Marcos Boffa, Renata Simões, Mariana Piky, Mercedes Tristão e Tiê) a novos professores (Leonardo Lichote, Heloisa Aidar, Adriano Cintra, Fernando Dotta, Sarah Oliveira, Maurício Bussab, Tejo Damasceno e Rica Amabis) para contribuir ainda mais com o diagnóstico em aberto – e colaborativo – do que está acontecendo com a música desde a virada do século. As inscrições podem ser feitas até sexta-feira no site do Cult.

Mais Caxabaxa 2015: “Estragaram minha festa goth”

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Outra música nova do Caxabaxa, bem camisapreta anos 80, embora “Agitado Desanimado (Pesadelo Gostoso)” fale especificamente de 2015, presta atenção:

Eles fizeram mais um show no fim de semana, na Galeria Metrópole, e o Palugan filmou o clássico “Se Lembra Quando a Gente Era Tudo Amigo”:

Caxabaxa’s back

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Adriano Cintra não pára e depois de lançar seu primeiro disco solo no ano passado e começar a rascunhar um novo disco do Ultrasom (falo mais disso depois), reativou o Caxabaxa, mesmo que momentaneamente: “O Caxa tá ativo agora porque o Carlinhos tá em SP por uns dias e temos que aproveitar, ele mora em Santa Catarina e é complicado essa história de fazer música interestadual”, me disse. Fizeram show nesse fim de semana e a primeira indireta do mal que lançaram esse ano é essa pérola.

Vida Fodona #485: Nove anos de Vida Fodona

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Pra comemorar mais um aniversário, duas horas só com músicas de 2015!

Brian Wilson + Al Jardine – “Right Time”
Yumi Zouma – “Song For Zoe & Gwen”
Warpaint – “No Way Out (Redux)”
Chvrches – “Cry Me A River”
Le Volume Courbe + Kevin Shields – “The House”
Adriano Cintra – “Alprazolam”
Modest Mouse – “The Best Room”
Will Butler – “Anna”
Charli XCX – “Shake It Off”
Stephen Malkmus & the Jicks – “Blank Space”
Royal Blood – “Roxanne”
Rafael Castro – “Ciúme”
Blur – Go Out”
Twin Shadow – I’m Ready
Todd Terje – Preben Goes To Acapulco (Prins Thomas remix)
Florence & the Machine – “What Kind of Man (Nicolas Jaar Remix)”
Miami Horror + Cleopold- “Love Like Mine”
Skylar Spence – “Practice”
Kendrick Lamar – “The Blacker The Berry”
Unknown Mortal Orchestra – “Multi-Love”
Giorgio Moroder + Kylie Minogue – “Right Here, Right Now”
Hot Chip – “Huarache Lights”
Diogo Strausz + Keops + Raony – “Narcissus”
BaianaSystem – “Playsom”
Sants – “Chavoso”
Daniel Johns – “Aerial Love”
Beyonce – Crazy In Love (Fifty Shades of Grey Boots Remix)
Guizado – “Tigre”
Emile Haynie + Lana Del Rey – “Wait For Life”
Bob Dylan – “Stay With Me”

Chegaqui.

Tudo Tanto #006: Tiê pop

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Conversei com a Tiê no ano passado sobre seu disco mais pop, Esmeraldas, lançado no fim de 2014, e o papo rendeu assunto pra minha coluna Tudo Tanto na revista Caros Amigos de janeiro.

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Nada é por acaso
Tiê lança seu disco mais pop com uma ajuda de Adriano Cintra, Jesse Harris e David Byrne

Levou um tempo para o terceiro disco de Tiê sair. “Três anos e meio, não parece muito, mas é sim muita coisa!”, desabafa. Ela está sentada de cabelo preso à minha frente, na antessala da edícula de seu escritório, na Vila Romana, em São Paulo, e fala sem parar sobre o disco que acaba de lançar. De vez em quando uma cachorra preta vem nos visitar, mostrando a bolinha com a qual quer brincar, e a cantora aproveita esses momentos para pausar a enxurrada de sentimentos que transforma em palavras ao contar como que seu Esmeraldas, lançado no fim de 2014, finalmente veio existir.

“O meu primeiro disco (Sweet Jardim, de 2009) é muita cara de pau: eu não canto direito, não falo direito, não falo nada de importante, é muito preto e branco”, ela deságua o próprio processo criativo como se estivesse se descarregando de forma terapêutica. “Eu paguei esse disco cantando em evento, em feira têxtil”, brinca. “E ele praticamente se juntou com o segundo (A Coruja e o Coração, de 2011), que eu gravei quando tinha acabado de parir, estava em turnê e não vi muito acontecer. Talvez ele seja um disco despretensioso demais, eu fiz achando tudo lindo, sem pressão nenhuma.”

A clássica crise do segundo álbum, portanto, só veio acontecer com ela neste terceiro. Ela travou criativamente ao começar a pensar num terceiro disco e, quando foi cobrada pela gravadora por um novo lançamento, cogitou um álbum de versões de músicas alheias. “Mas por contrato eu deveria fazer um disco de inéditas”, explica, lembrando como sua vida começou a se tornar agitada a partir de 2012. Foi a partir dessa época em que ela abriu sua produtora Rosa Flamingo, que começou a fazer shows na própria casa (batizados de Na Cozinha ou no Jardim) e a produzir noites de microfone aberto para quem quisesse declamar poesia ou cantar suas canções num evento promovido por ela – “muitos fãs me mandam suas músicas, resolvi chamá-los pra cantar”.

“Mil ideias, mil coisas rolando, eu já tava com outra filha e eu tava em crise e sem saber do que falar”, Tiê prossegue contando sobre o turbilhão emocional que misturava trabalho, família e amigos que precedeu o novo disco. “Eu não aguentava falar de amor – eu amo minhas filhas, amo meu marido, mas não queria mais falar de amor. Eu vou falar de cocô e fralda? É o que eu vivo: eu troco oito fraldas por dia.” Foi preciso sair de São Paulo para se encontrar. “Aí eu fui pra Minas no fim do ano do ano passado e o disco veio: ‘blam’, como um escorregão. Eu tava lá, cansada, tomando calmante natural e fiz ‘Mínimo Maravilhoso’, que é a mais rockinha do disco e é uma música autobiográfica, que representava exatamente o que eu tava passando. E de repente, tudo fez sentido.”

Esmeraldas foi assim batizado em homenagem à cidade mineira onde ficava o sítio que trouxe a revelação para a cantora – “depois eu fui descobrir que foi onde o goleiro Bruno enterrou a ex-namorada dele, mas até aí, já era”, desconversa. E foi um disco que nasceu pop. No entender da gravadora Warner, aquilo queria dizer gravar em Nova York com o músico e produtor Jesse Harris, o mesmo que deu o hit “Don’t Know Why” para Norah Jones. Mas Tiê tinha outra ideia quando pensou em pop: “Vocês querem pop? Então vou te dar o cara pop”, brincou.

E chamou o produtor Adriano Cintra para ajudá-la no disco. Adriano é velho conhecido no underground paulistano e, além de passar por bandas como Ultrasom, Caxabaxa e Thee Butchers’ Orchestra, foi o mentor do hype indie brasileiro Cansei de Ser Sexy, que conseguiu sucesso nos Estados Unidos e Europa, lançando discos pela Sub Pop e tocando nos principais festivais do mundo. Adriano deixou a banda em novembro de 2011 e passou a investir na carreira de produtor, trabalhando com nomes tão diferentes quanto Marina Lima, Jota Quest e Marcelo Jeneci, além de produzir seus próprios trabalhos (como o primeiro disco solo, lançado em 2014 pela gravadora Deck).

A intenção não era fazer um disco para o mercado internacional ou para atingir milhões de pessoas, mas Tiê sabe da importância de crescer em tamanho. “Não quero fazer 25 shows por mês, mas sei como é bom ter uma música na novela”, explica, reforçando que faz música para falar com muita gente. “Não quero ser indie!”, renega.

Adriano e Tiê fizeram a pré-produção do disco no Brasil, com Adriano gravando quase todos os instrumentos. “Fomos com tudo mais ou menos pré-definido e gravado: baixo, guitarra, teclados, algumas coisas de programação e bateria! É um disco que tem bateria! No meu primeiro disco não tem, no segundo tem umas vassourinhas e só e agora sim tem bateria no terceiro!” Chegando em Nova York foi a vez de Jesse Harris passar seu verniz no material. “E o Adriano deixou o Jesse brilhar e ele deu várias sugestões incríveis, mais rebuscadas, porque ele é mais chique, mais jazz. Foi uma coprodução que deu supercerto.”

Esmeraldas é realmente o disco mais pop de Tiê – e talvez seja o salto mais ousado para longe da MPB que a safra Tulipa, Marcelo Jeneci e Céu tenha dado, e sendo justamente dado por uma cantora que começou quase convencional, gravando canções intuitivas sem nenhuma técnica e apenas feeling. O resultado final é um disco que poderia ser lançado no início dos anos 80 e não faria feio ao lado de discos da Gang 90, do Metrô e de Ritchie – mas sem perder uma aura suntuosa que acompanha a presença vocal de Tiê.

A cereja do disco é a participação de David Byrne na bilíngue “All Around You”, uma marcha-reggae paranoica sobre vigilância digital. “Eu consegui marcar um almoço com ele e quando você fala ‘marquei um almoço com o David Byrne’, não importa pra quem você fale isso, a reação é sempre uma risada”, lembra brincando, “mas eu lembro que quando ele veio para o Brasil lançar um disco, não lembro qual, eu vi ele no Studio SP (antiga casa de shows de São Paulo), sozinho, de chapeuzinho, assistindo uma banda ‘xis’, mas super interessado, meia-noite, na Augusta, perdido.”

“Então eu marquei um almoço com ele, num diner do Brooklyn, bem na época em que eu estava na crise criativa e, depois de quebrado o gelo, eu falei isso pra ele: eu estou numa crise, preciso me inspirar, preciso que você me diga alguma coisa, me mande ver um filme, ler um livro, qualquer coisa”, lembra a cantora, desabafando. “Só o almoço já foi inspirador, ver ele indo embora de bike também, mas depois de uns dias ele me mandou duas músicas, uma chamada ‘Afoxé’ – que só de eu ler o nome ‘afoxé’ eu não sabia se abria ou não, de tão nervosa – e essa outra que já vinha no título “The Government is All Around You”, gravada só ao violão, no celular, sem letra, só umas frases soltas…”

A música passou por alguns ajustes (tanto em São Paulo quanto em Nova York), ganhou uma nova parte e não contaria com a participação do próprio Byrne, mas ao gravar em Nova York, Tiê aproveitou a oportunidade pra ver se o ex-Talking Heads não topava cantar no disco. Byrne assistiu à gravação e, dias depois, quando o disco já estava sendo finalizado em São Paulo, ele enviou os vocais e Tiê pode ter David Byrne participando de seu disco mais pop. Nada é por acaso.

Adriano Cintra 2015: "I want U to know everybody told me so"

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Depois do disco Animal, uma das gratas surpresas do pop brasileiro do ano passado, Adriano Cintra volta a compor em inglês e já anuncia seu primeiro lançamento de 2015: uma fita cassete de seu projeto solo Ultrasom. Olha aí a primeira música…

Os 75 Melhores Discos de 2014 29) Adriano Cintra – Animal

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Vida Fodona #472: Vida Fodona de amigo oculto

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Tirei a Liv no amigo oculto da “firma” e fiz uma mixtape de festa pra ela.

Beyoncé – “7/11”
Meghan Trainor – “All About That Bass”
Taylor Swift – “Shake It Off”
Ariana Grande + Iggy Azalea – “Problem (Bo$$ in Drama Remix)”
Saint Pepsi – “Fiona Coyne”
Hotlane – “Whenever”
Lana Del Rey – “West Coast (Munk Remix)”
War on Drugs – “Under the Pressure”
Mombojo + Laetitia Sadier- “Summer Long”
Nação Zumbi + Marisa Monte – “A Melhor Hora da Praia”
Bryan Ferry- “Loop de Li (Leo Zero Remix)”
Belle & Sebastian – “The Party Line”
Thiago Pethit – “Romeo (Adriano Cintra Remix)”
André Paste + Holger – “Cosmos”
Kendrick Lamar – “i”
Criolo + Tulipa Ruiz – “Cartão de Visita”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Les Sins + Nate Salman – “Why”
Nicki Minaj – “Anaconda”
Weezer – “Cleopatra”

Aqui – e aqui tem a versão sem a introdução.

Vida Fodona #464: Essa beleza de música

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Mais um daqueles…

Luiz Gonzaga – “Sabiá”
Lorde – “Don’t Tell’Em”
Lykke Li – “Hold On, We’re Going Home”
M83 – “Midnight City”
Les Sins + Nate Salman – “Why”
Azealia Banks – “Chasing Time”
Stardust – “Music Sounds Better With You”
Belle & Sebastian – “The Party Line”
Criolo + Tulipa Ruiz – “Cartão de Visita”
Thiago Pethit – “Romeo (Adriano Cintra Remix)”
Hood Internet – “Backseat Shake Off”
Mark Ronson + Bruno Mars – “Uptown Funk”
Jamie Lidell – “Runaway”
Gang of Four + Alison Mosshart – “Broken Talk”
Kendrick Lamar – “i”

Vamo lá?