Sebadoh e a recompensa de ser cult

, por Alexandre Matias

sebadoh2013

Mais uma prova do novo disco do Sebadoh, que de novo dá indícios de que pode ter o maior sucesso comercial de sua carreira num disco de volta.

Quando disse que esse novo Defend Yourself levaria a banda “para as massas”, não estava sugerindo que eles fossem chamados pra ser headliner do próximo Rock in Rio nem que gravassem singles com Justin Timberlake e Adele. Mas não custa lembrar que o Sebadoh, por maior que seja sua relevância atual, é uma banda minúscula – daquelas que são conhecidas apenas por quem gosta muito de rock independente norte-americano ou que se interessa por música pop de uma forma bem ampla (um público bem pequeno). O nome até pode ter aparecido em uma capa de alguma edição da Spin nos anos 90 (nem lembro), mas se tiver aparecido foi muito mais para dar credibilidade indie à publicação do que para vender mais exemplares da revista (lembro deles citados na capa de uma Ray Gun que trazia a foto do Beck, mas a Ray Gun era bem menos comercial que a Spin…).

E o pouco de Defend Yourself que já apareceu por aí (mais especificamente essa primeira faixa, “I Will”) é muito mais fácil de atingir um público maior do que o do saudoso Lado B da MTV brasileira, fase Massari. Compare com o lamento de canções como “Two Years Two Days“, “Soul and Fire” e “Happily Divided” ou com rocks frágeis como “Not Too Amused“, “Brand New Love” e “Rebound” com essa música nova (que parece misturar essas diferentes qualidades). Junte isso a uma cultura cada vez mais nostálgica e em breve teremos uma nova geração descobrindo clássicos perdidos dos anos 90 como Bubble & Scrape, Smash Your Head in the Punk Rock e Sebadoh III, além de ser seduzido pela melancolia de parte do hardcore americano dos anos 80 e pelo faça-você-mesmo extremo da estética lo-fi. E, pensando bem, faz todo sentido: depois da volta do vinil e de um revival do cassete, era inevitável que tivéssemos a volta do gravador de fitas Tascam, de quatro canais (é questão de tempo…).

Apesar das brigas da última década do século passado, os três Sebadohs já voltaram a se conversar faz tempo, tanto que o novo disco nem sequer é a primeira volta do grupo (que voltou há cinco anos, tocando ao vivo seus discos na íntegra), mas é a primeira vez que voltam a lançar material novo desde 1999. E podem, como havia dito antes, atingir um público bem maior do que o que tiveram em vida. É a recompensa de manter-se fiel aos seus princípios para, no final, colher o que plantou.

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