A ressurreição de Jesus & Mary Chain

, por Alexandre Matias

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Março está chegando e com ele virá o primeiro disco que o Jesus & Mary Chain lança desde o longínquo Munki, a obra-prima auto-indulgente que o grupo lançou em 1998 como se fosse seu Abbey Road. Mais de uma década depois de voltar à estrada, a banda liderada pelos irmãos Reid voltou ao estúdio no final do ano passado e seu Damage and Joy foi produzido pelo músico Youth, o fundador do Killing Joke que já trabalhou com Cult, Sugarcubes, The Verve, Paul McCartney e The Orb. E além da faixa “Amputation”, que o grupo revelou ainda no final do ano passado…

…agora eles mostraram mais um novo single, “Always Sad”, este acompanhados pelo doce vocal de Bernadette Denning.

As duas faixas apontam um rumo interessante para o novo álbum: mais melódico que de costume, as composições de Jim Reid parecem abandonar a jaqueta de couro do rock’n’roll para vestir a camisa de flanela do pop perfeito perseguido por conterrâneos escoceses anteriores (Bay City Rollers, Aztec Camera, Simple Minds, Wet Wet Wet, Cocteau Twins, Pastels) e posteriores (Belle & Sebastian, Teenage Fanclub, Franz Ferdinand, Primal Scream, Delgados, Bis) à sua revelação. As duas canções são barulhentas mas não propriamente pesadas, esvaziando o tradicional wall-of-sound que o grupo jogou sobre esta tradição do pop da Escócia e que ajudou a mante-la acesa até nos anos menos melódicos do pop (da virada dos anos 80 para os anos 90) e encaixando-se perfeitamente neste cânone, sem precisar do alarde que precisou para entrar na história da música pop e do rock independente.

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