Preda que eu gosto

, por Alexandre Matias

Não importa se falam mal, vou assistir ao terceiro filme do Predador – que virou Predadores – no cinema. Robert Rodriguez pegou um dos títulos que consagrou o velho Schwarza como astro de filmes de ação e deu-lhe uma espremida que para lhe localizar no meio do Aliens de James Cameron (que já fundiu-se com a própria história do Predador) e de Lost (lembra que o filme original também brincava com essa coisa de “como será esse monstro?”). E seguindo a já clássica regra de filmes de ficção científica feitos por Hollywood no século 21 (“empilhe a maior quantidade de nomes conhecidos entre os atores, caso o público não entenda a história”), ele reuniu um elenco em que o cheiro de cult se mistura ao de mofo, se liga – além da nossa Alice Braga (que já fez dois desses filmes apocalípticos, Eu Sou a Lenda e Ensaio Sobre a Cegueira), tem o Morpheus do Matrix, o Eric do That 70s Show, o próprio Machete, o detetive Vendrell do The Shield, um lutador de vale-tudo russo, o pai da maldita Isabelle da série 4400 e o pianista que depois foi capturar King Kong via Darjeeling. Fora que o diretor (Nimród Antal) nasceu em Los Angeles mas preferiu aprender cinema na Hungria, onde fez um filme que foi premiado em Cannes (Kontroll, de 2003) e hoje dirige esses thrillers americanos que passam na TV a cabo. Sim, autoral, mas sem a fleuma de cinema de arte que entope as artérias que ligam os vazos sanguíneos do cérebro ao resto do corpo da crítica especializada.

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