Picassos Falsos e os 25 anos do Supercarioca

, por Alexandre Matias

PicassosFalsos-2014

Um dos discos mais subestimados do rock brasileiro dos anos 80, o segundo disco dos Picassos Falsos, Supercarioca, pode ter uma sobrevida graças a um documentário que voltou àquele período pós-Fausto Fawcett e pré-funk carioca da cidade maravilhosa. O grupo diluía o inevitável pós-punk daqueles dias com uma reinvenção do samba com um pé no rock clássico – citando riffs de Jimi Hendrix, suingando funk dos anos 70 e versos de samba tradicional cinco anos antes do Planet Hemp começar a fazer isso. Supercarioca é um disco sobre um Rio de Janeiro em mutação, quando Copacabana já tinha deixado de ser a princesinha do mar, a bossa nova ganhava tons sépia e os restos da Dancing Days e do rock de bermudas começaram a se metamorfosear num malandro arrogante, o protagonista dessa saga.

25 anos depois o grupo voltou a se reunir para tocar o disco ao vivo na íntegra pois parecia que uma fase da carreira da banda, que nem sequer existia mais. A volta rendeu alguns shows e, agora, o lançamento deste material digitalmente, via iTunes.

O show do disco foi recriado em estúdio e filmado em vídeo, que pode ser visto abaixo.

E troquei uma idéia com o Humberto Effe por email sobre esta nova fase da banda.

Como surgiu a ideia de revisitar Supercarioca na íntegra?
Já estávamos fazendo alguns shows tocando o Supercarioca inteiro em sua ordem original. Em um desses shows, no Circo Voador, abrindo para o Lobão, o Rafael Ramos, diretor da Deck, que já era fã da banda, chapou com o show e na sequência imediata nos contactou para fazermos aquele mesmo show nos estúdios da gravadora. Gravamos vários takes diretos durante um dia inteiro, com uma filmagem espetacular que depois foi muito bem editada.
O resultado foi esse especial no Canal Brasil e que agora está disponível no YouTube, iTunes e vários outros meios na web.

Qual a importância deste disco para o Picassos Falsos?
No primeiro disco de 1987, já mostrávamos uma proximidade com a musica brasileira chamada “tradicional”, era um afoxé em “Contrastes”, um quase xaxado em “Bater a Porta”, uma citação de Ismael Silva em “Carne e Osso”. O Supercarioca foi a evolução disso, onde fomos mais fundo nessa relação, que para nós sempre foi espontânea. Foi parte mesmo da nossa formação musical. Sabíamos que a gravadora achava o disco ousado demais e que, na verdade, queriam uma outra “Carne e Osso”, uma outra “Quadrinhos”, mas resolvemos seguir nosso caminho pagando alguns preços na época, mas o resultado esta aí.

Como foi revisitar o disco 25 anos depois?
Para nós, ele sempre soou muito atual. É como se ainda não tivéssemos trabalhado muito esse repertório. Ainda faltava rodar mais, ainda falta ser mais conhecido. E não a nada melhor que uma nova gravação, ao vivo, com uma pegada, um som mais de hoje. Apesar de não gostarmos de revivals, para nós essa releitura é quase como se estivéssemos reapresentando o Supercarioca.

Vocês têm planos de fazer shows?
Sim, já temos alguns marcados, como agora no dia 4 de outubro em Realengo, no Rio, na Arena Cultural Arlindo Cruz. Em breve, até o fim do ano, acreditamos que estaremos lançando um novo single também. Aguardem!

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