Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Que prazer receber o trabalho autoral do produtor Luciano Valério, o homem por trás do selo Desmonta, no Centro da Terra, quando, nesta terça, ele antecipa o terceiro disco que lança como MNTH, Lume Púrpuro. O álbum que será lançado no mês que vem é resultado de uma pesquisa do autor a partir de timbres e texturas que levam o público a um ambiente de meditação e introspecção para contemplar o silêncio e o ruído como partes de uma mesma frequência sonora. O disco foi gravado ao lado de músicos como Mauricio Takara, Carla Boregas, Lello Bezerra, entre outros, mas para esta prévia, ele convida Paula Rebellato (sintetizador e eletrônicos), Sarine (percussão e eletrônicos), Aline Vieira (eletrônicos e efeitos) e Nathalia Carvalho (visuais) para criar uma apresentação batizada de Partículas do Agora. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados através deste link.
Helô Ribeiro ainda não encerrou seu trabalho com João Cabral de Melo Neto, a quem visitou no disco A Paisagem Zero, de 2021, mas aos poucos começa a mostrar sua nova fase, que começa nesta quarta-feira, quando lança os dois primeiros singles de seu próprio trabalho, o EP O Céu de Gondry, “Looking Glass” e “Quem é Você”. As duas faixas são produzidas pelo guitarrista Allen Alencar, que ajudou a vocalista e compositora dos Barbatuques a escolher canções de diferentes fases de sua carreira para criar esse novo disco, que vai ser lançado sempre com dois singles simultaneamente. Helô me contou a inspiração do primeiro deles, “Looking Glass”, que ela antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo, ouça abaixo:
Mais uma temporada de Black Mirror e…? Cadê a crítica à tecnologia digital? Episódios que se passam no passado? Como assim Red Mirror? A aclamada série de Charlie Brooker é uma das principais obras deste século e seu impacto em nosso dia-a-dia pode ser medido a cada nova temporada. Mas os cinco episódios lançados em 2023 abrem possibilidades que expandem ainda mais a capacidade de nos surpreender e chocar, características da série. Aproveitando este novo lançamento, eu e o André Graciotti abrimos mais uma sessão do Cine Ensaio para saber se Black Mirror ainda é muito Black Mirror…
Foi assim, desvirtuando de leve (ma non troppo, porque tá tudo ali), que Maria Beraldo, Josyara e Mariá Portugal (que entrou como convidada-surpresa) celebraram o amor sapatão ao desfilar o repertório de Cássia Eller à base de guitarra (e por vezes clarone), violão e cajón (que Mariá trouxe à tona de duas décadas sem tocá-lo, pronta para ressuscitar o instrumento de percussão no cenário pop brasileiro). A segunda apresentação da temporada Manguezal de Maria Beraldo no Centro da Terra foi intimista e acolhedor ao mesmo tempo que apaixonado e bem humorado, fazendo as três passear por composições de Nando Reis, Renato Russo, Ataulfo Alves, Gilberto Gil, Luiz Capucho, Djavan, Caetano Veloso, Itamar Assumpção (que Beraldo misturou com a base de sua “Da Menor Importância”), João do Vale e Tião Carvalho sempre muito à vontade, brindando taças de vinhos, pedindo para o público (que lotou a casa) cantar junto, numa noite mágica e apaixonante. Bonito demais.
Que tal uma hora de João Donato ao vivo no auge, tocando seus clássicos e conversando sobre o que gosta daquele jeito que a gente gosta de ouvir? Então toma o MPB Especial de 1975 com o mestre – no período em que o programa de Fernando Faro tinha deixado de se chamar Ensaio pois tinha passado da Tupi para a Cultura – e delicie-se com histórias como essas que ele conta sobre o encontro com João Gilberto, pouco antes de tocar a única composição que fizeram, “Minha Saudade”.
Procurei mas não achei foto minha com o João Donato – puxei pela memória e realmente não lembrei de nenhuma vez das poucas que nos encontramos de termos tirado o clássico selfie que sempre tiro com ídolos e chapas (talvez estivéssemos entretidos com algo no papo, se é que você me entende). Mas cansei de filmá-lo em tudo quanto é lugar: só esse ano pude registrá-lo duas vezes, uma lançando tocando seu último disco Serotonina e outra tocando seu Síntese do Lance com o compadre Jards na Casa Natura, última vez que o vi. O filmei em várias unidades do Sesc, em festivais pelo Brasil, dividindo o palco com vários bambas (Bixiga 70, Tulipa, Marcos Valle, Mariana Aydar) e até no Rock in Rio, mas um show que guardo no coração é uma apresentação que vi dele no mitológico Beco das Garrafas, em Copacabana, tocando seus clássicos ao lado de dois outros monstros, o contrabaixista cearense Jorge Helder e o baterista carioca Robertinho da Silva (que dividiram o palco com os sopros de Roberto Pontes e Jessé Sadoc e vocais de Emanuelle Araújo). Uma noite especial.
Que tristeza, essa notícia da partida de um dos maiores nomes da música brasileira… Mas João Donato segue entre nós, sempre.
Em 2009 Caetano Veloso e Jane Birkin encontraram-se no palco do Sesc Pinheiros em uma celebração da obra de Serge Gainsbourg conduzida pelos cariocas da Orquestra Imperial a partir de uma sugestão de seu percussionista Stephane San Juan. Os diretores da apresentação – Alexandre Kassin e Berna Ceppas – convidaram o maestro de grandes discos de Serge, Jean Claude Vannier, para conduzir a apresentação, que passeou por diferentes fases da carreira do mestre francês, até chegar no auge que foi a participação de sua eterna companheira, Jane, que primeiro cantou “Fuir Le Bonheur de Peur Qu’il Ne Se Sauve” acompanhada do piano de Vannier, para depois convidar Caetano veloso para dividir a eterna “Je Suis Venu Te Dire Que Je M’En Vais”. Caetano ainda cantou Baudelaire sozinho depois do dueto e seguiu no palco quando todos se reuniram para cantar “Couleur Café” – e por todos estou me referindo a uma gama de bambas do naipe de Thalma de Freitas, Nina Becker, Moreno Veloso, Domenico Lancelotti, Nelson Jacobina, Wilson das Neves, Rubinho Jacobina, Pedro Sá, Gabriel Bubu, entre outros. Abaixo, o dueto de Caetano e Jane e a íntegra da apresentação, transmitida pela TV Sesc: