Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Desaniversário | 12.8.2023

Prontos pra mais uma festa daquelas? Mas sem excessos, somos todos adultos. Então mais uma vez me reúno à Clarice Reichstul e à Camila Yahn sob a marquise do estádio do Pacaembu no nosso querido Bubu para mais um Desaniversário. A gente não precisa completar anos pra ter motivo pra reunir os amigos e dançar até cansar – mas como ninguém quer perder o domingo, começamos cedo e terminamos cedo também. O Bubu fica na Praça Charles Miller s/n° e no som a gente promete só músicas que você gosta de dançar – e nem lembrava mais delas!

Eruditos na pista

Quem diria que uma camerata à paulistana iria cair tão bem numa pistinha? Na edição dessa sexta do Inferninho Trabalho Sujo a Filarmônica da Pasárgada subiu ao palco do Picles com fagote, acordeão, clarinete, percussão e laptop para seguir a risca de uma tradição criada no Lira Paulistana, citando inclusive Rumo, Itamar, Arrigo e companhia para celebrar a cultura da cidade. E depois, ah depois, eu e a Fran seguimos incendiando a pista enfileirando escolhas improváveis e certeiras, de Jonnata Doll a Olivia Rodrigo, passando por Rosalía e Snoop Dogg. E a pista só acaba porque chega uma hora o Picles acende a luz. Daqui a duas semanas tem mais…

Assista aqui:  

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Filarmônica da Pasárgada

Mais uma noite acesa pelo fogo da música, desta vez numa sexta! Toco fogo em mais um Inferninho Trabalho Sujo ali no Picles, que começa com a apresentação da banda Filarmônica da Pasárgada, que toca por volta das 22h, seguida da minha discotecagem ao lado da comadre Francesa Ribeiro, aquecendo corações e quadris até a hora que acendem a luz! O Picles fica no número 1838 da Cardeal, no coração do maltratado bairro de Pinheiros e quem chegar antes das 21h não paga para entrar! Vamos!

Meio século de hip hop

Há exatamente 50 anos, no dia 11 de agosto de 1973, o jovem jamaicano Kool Herc (visto na foto acima cercado por Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa e Chuck D) testava técnicas que vinha experimentando na vitrola em seu quarto numa festa num bairro de periferia em Nova York. Naquele baile do Bronx, que viu Herc experimentar o back to back e o scratch pela primeira vez, também havia MCs, grafiteiros e dançarinos de break no que convencionou-se chamar de ponto de partida da história do hip hop, que completa meio século nesta sexta-feira. Escrevi para o site da CNN sobre a importância deste momento, que deu origem a uma cultura que mudaria o mundo.

Leia abaixo:  

Olivia Rodrigo: “Fuck it, it’s fine”

E Olivia Rodrigo nos dá mais um gostinho de Guts, seu segundo disco que sai em setembro e a cada nova notícia o disco esquenta mais. O segundo single, “Bad Idea Right?”, vai para um extremo oposto da dramática e melódica “Vampire” e escolhe um pop confortável – e respirando rock – para falar de outro tipo de problema pós-relação: quando você toca o foda-se e decide que não tem problema voltar com aquela paixão que você achava que havia superado e se tornado só uma amizade. O clipe, mais uma vez dirigido pela parceira Petra Collins, aperta ainda mais essa ferida sabendo que tudo pode dar errado, mas…

Assista abaixo:  

Celebrassom!

Qualquer apresentação de Hermeto Pascoal é um choque fulminante de energia musical capaz de ligar qualquer ser vivo e conectá-lo ao mergulho sônico que convulsiona no palco. O bruxo rege tudo com seu magnetismo e todos os integrantes de sua banda não tiram o olho dele quando ele assume os teclados. Por vezes, senta-se apenas para apreciar seus músicos tocarem – e o entrosamento de Jota P., André Marques, Itiberê Zwarg, Ajurinã Zwarg e do filho Fabio Pascoal é de uma conexão única, que, à medida em que o show vai passando, vai sugando o público. Hermeto, lógico, é o principal foco de atração em toda Casa Natura Musical, onde aconteceu o show desta quinta-feira, e vai regendo tanto seu conjunto quanto o público como uma criança molda um boneco com argila, apenas brincando. Pede para os músicos solarem, mudarem o andamento ou o timbre do instrumento enquanto faz a audiência repetir frases musicais simples que vão se tornando cada vez mais complexas. O grupo ainda contou com a presença do trompetista Luís Gabriel, que apimentou ainda mais a parte final da noite. Uma celebração musical que mais tarde o próprio me corrigiria – “celebrassom!”, inventou a palavra para mostrar que as duas coisas – a festa e a música – são uma coisa só. Pura magia.

Assista aqui:  

De volta a 1989

E em sua sanha de regravar todos seus discos (que, sabemos, passa por questões jurídicas), Taylor Swift acaba de anunciar que finalmente revisitará seu álbum mais clássico, 1989. Puxado pelo hit “Shake it Off”, o disco de 2014 foi o responsável por repaginar a abordagem musical da antiga cantora country adolescente como usina de música pop que ergueria-se como uma tsunami nos dez anos seguintes. “O álbum 1989 mudou minha vida de inúmeras formas e me enche de ânimo anunciar que minha versão dele chegará no dia 27 de outubro”, disse a loira ao disponibilizar o link para reservar a compra do novo disco, “Para ser perfeitamente honesta, é meu disco regravado FAVORITO que eu já fiz porque as cinco faixas do arquivo são insanas. Eu não consigo acreditar que elas ficaram de fora. Mas não por muito tempo!”. A nova versão do disco (com essa capa maravilhosa) será lançada exatamente nove anos depois do lançamento original e um mês antes de sua passagem pelo Brasil. Fica a expectativa pra saber se ela cantará ao vivo por aqui “New Romantics”, única música deste disco que ela ainda não cantou em sua atual turnê, além das músicas novas.

Jamie Reid (1947-2023)

Morreu o designer que tornou os Sex Pistols – e o punk inglês e todo o movimento faça-você-mesmo do final dos anos 70, como consequência – ícones visuais de fácil acesso à sua mensagem de caos e destruição. Misturando elementos tradicionais da cultura inglesa (em especial a coroa britânica) à imagem agressiva da primeira safra de bandas daquele movimento naquele país através de colagens radicais, ele transformou suas obras – que foram parar nas capas de discos e singles da banda – em marcas registradas de uma transformação cultural que perdura até hoje.

Veja alguns exemplos de sua arte transgressora abaixo:  

Bom Saber #102: Maria Clara Parente

No meu programa de entrevistas Bom Saber converso com a jornalista, atriz e diretora Maria Clara Parente que está às vésperas de lançar seu documentário em três partes Regenerar, que traça um paralelo entre a crise climática e a modernidade colonial a partir de três ângulos, morte, sonho e vida. Com entrevistas com nomes como Bayo Akomolafe, Tainá de Paula, Sidarta Ribeiro, Aza Njeri, Aline Matulja, Márcia Kambeba, entre outros, o filme, que está passando em festivais e deve estrear em São Paulo em outubro, conecta as respostas para este problema às culturas ancestrais abordadas pela diretora. Maria Clara também aproveitou o período pandêmico para deixar aflorar sua veia poética e lançou os livros Empurrar o Chão e Nas Frestas das Fendas neste período.

Assista abaixo:  

Robbie Robertson (1943-2023)

Mais um integrante da Band parte deste plano, desta vez seu líder e guitarrista Robbie Robertson, que já tocava com Bob Dylan antes que sua banda, os Hawks, se tornassem a banda de apoio do bardo norte-americano para, aí sim, assumir o nome de The Band. Por oito anos, o canadense Robertson e seus compadres revisitaram o cânone da canção norte-americana à luz do rock de sua geração e o final da banda (imortalizado no clássico filme The Last Waltz), deu início à sua parceria com Martin Scorsese, com quem trabalhou em inúmeros projetos (O Rei da Comédia, Cassino, Gangues de Nova York, A Ilha do Medo, O Lobo de Wall Street, O Irlandês e o próximo filme do nova-iorquino, Killers of the Flower Moon, que será lançado no fim do ano).