Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

E o Al Green cantando Lou Reed?

Você nem sabia o quanto precisava ouvir o reverendo Al Green cantando “A Perfect Day” do Lou Reed até saber dessa notícia – a versão que o mestre fez para a música mais triste do bardo do Velvet Underground foi lançada no começo desta semana e tá melhor do que você possa imaginar.

Ouça abaixo:  

Elis & Tom estreia nos cinemas brasileiros dia 21 de setembro

Já falei que o documentário Elis & Tom – Só Tinha de Ser Com Você não é o Get Back brasileiro porque as imagens do encontro desses dois ícones são muito mais intensas e emocionantes que as do seriado dos Beatles, além do clássico de 1974 ser muito melhor que o disco que John, Paul, George e Ringo gravaram em janeiro de 1969. O filme de Roberto de Oliveira não é tão bem acabado quanto a obra de Peter Jackson, mas o filme é obrigatório para todo mundo que gosta de cultura no Brasil. E finalmente sai da fase dos festivais para estrear nos cinemas no dia 21 de setembro. Verei – e chorarei – de novo.

Assista ao trailer abaixo:  

Velhos camaradas

Bubu, Ricardo, Benjão e Marcelo já haviam se reencontrado uns com os outros depois do período tenso da pandemia, Um tá morando em Portugal, outro veio pra São Paulo e dois seguiram no Rio, distância que acabou causando um fato inédito na história do quarteto Do Amor – pela primeira vez eles compuseram um disco separados, sem tocar aquelas músicas juntos. Problemão, disco que encerra a trilogia bad vibe iniciada com Fodido Demais (2017) e seguido por Zona Morta (2019), foi vivido ao vivo pelos quatro pela primeira vez nesta terça-feira, no Centro da Terra, quando, depois de três dias matando a saudade de tocar juntos no estúdio que Bubu montou em casa, eles finalmente se reencontraram no palco. A casa cheia ouviu o grupo passar por todo o disco lançado este ano mas também por diferentes fases de sua discografia, além de versões para músicas dos Beatles (“Eight Days a Week”, cantada pelo baterista) e João Donato (reverenciado em sua “Naturalmente”). Mas o mais impressionante é ver como a dinâmica musical destes velhos camaradas, uma new wave meio torta, entortada justamente pela música brasileira, parente dos Talking Heads, do Ween e dos Picassos Falsos, segue intacta, cada vez mais envolvente, seja pelo calor da música ou pelo humor infame. Showzaço!

Assista aqui:  

Do Amor: Problemão Do Amor

Maior prazer em realizar a reunião do grupo carioca Do Amor nesta terça-feira, no Centro da Terra. Sem se encontrar pessoalmente desde antes da pandemia, o clássico grupo independente formado por Gabriel “Bubu” Mayall (guitarra e voz), Gustavo Benjão (guitarra e voz), Ricardo Dias Gomes (baixo e voz) e Marcelo Callado (bateria e voz) sobem juntos no palco pela primeira vez desde 2019, quando mostram tanto músicas de seu recém-lançado disco quanto canções de seus mais de 15 anos de carreira. O espetáculo Problemão Do Amor começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link

Uma mão pro Tantão

Lenda-viva do underground carioca, Tantão já teria seu lugar na história da música brasileira ao fazer parte do clássico Black Future, com quem compôs a obra-prima Eu Sou o Rio. Autor inquieto, sempre esteve à frente de várias iniciativas dentro do campo da arte e atualmente toca sua carreira musical ao lado da dupla Os Fitas, composta por Abel Pinto Duarte e Cainã Bomílcar (a Mari, do selo QTV, explica melhor a importância do cara neste fio no Twitter). Este herói sofreu um AVC no meio do semestre passado e está precisando de ajuda, por isso a Jô criou uma vaquinha online para arrecadar fundos para o Tantão. Ela explica no site em que está organizando a arrecadação: “Tantão teve um AVC em maio, que só foi diagnosticado em junho, e ainda assim este diagnóstico não está totalmente fechado. Pra isso, precisamos de consultas, exames e o que vier pela frente: fisioterapia, fono e remédios. Começamos a fazer um orçamento desse B.O.zão, mas como realmente não temos esse número fechado, colocamos um valor considerável e vamos atualizando os gastos por aqui.” Quem puder ajudar, siga o link e mande suas boas energias para o mestre.

Entre extremos

Mais uma noite no Centro da Terra dentro da temperada Linha do Tempo Contínuo que Sandra Coutinho está conduzindo às segundas de agosto lá no teatro – e desta vez ela puxou dois extremos de sua carreira. Na primeira parte, juntou-se a Paula Rebellato (teclados, efeitos e voz) e Mari Crestani (guitarra e sax) para meia hora de improviso livre, uma de suas viagens atuais. Depois foi a vez de recriar o manifesto pós-punk new wave new age AKT, supergrupo liderado por Sandra no início dos anos 90, cujo repertório foi recriado por Bibiana Graeff (teclados, acordeão e vocais), Silvia Tape (guitarra e vocais) e Rodrigo Saldanha (bateria), num exercício pouco nostálgico cuja química da nova formação pede por novas composições. E na segunda que vem Sandra encerra a temporada puxando o lado B das Mercenárias! Imperdível!

Assista aqui:  

O baú de John Carpenter

Mestre do cinema de horror e ficção científica do final do século passado, John Carpenter também é um dos pioneiros no uso dos sintetizadores na música pop, usando o instrumento como o principal fio condutor musical das trilhas sonoras de seus filmes, que ele mesmo compõe. E desde a década passada o cineasta vem abrindo seus próprios arquivos musicais para lembrar de temas que ficaram de fora de suas trilhas, recriar outros temas clássicos e obscuros de seus filmes, voltando, inclusive, a fazer shows ao vivo com estas composições. Acompanhado sempre do filho Cody Carpenter e do afilhado Daniel Davies (que, por essas coincidências da vida, é filho do guitarrista do Kinks, Dave Davies), ele lançou a série de discos Lost Themes, compôs algumas trilhas sonoras novas (para os remakes que o estúdio Blumhouse fez para Halloween, Halloween Kills e Firestarter) e a coletânea Anthology: Movie Themes 1974–1998, lançada em 2017. Agora o diretor anuncia o segundo volume desta compilação e Anthology II: Movie Themes 1976-1988, que será lançada no início de outubro (já em pré-venda) e reúne temas de filmes como seus três Halloween, Fuga de Nova York, Aventureiros do Bairro Proibido, Príncipe das Sombras, A Bruma Assassina e Assalto à 13ª DP, além de três temas que seriam usados na trilha do clássico O Enigma de Outro Mundo, antes que o italiano Ennio Morricone assume as composições.

Abaixo você ouve a nova versão para “Chariots of Pumpkins”, do terceiro Halloween, de 1982, vê a capa do novo disco e a ordem das músicas regravadas:  

Música brasileira no século XXI

Desbravo a seara dos cursos no MAM de São Paulo ao conduzir a série de quatro aulas Música Brasileira no Século XXI, que acontece entre os dias 11 e 20 de setembro, desta vez em versão online. Durante o curso, falo sobre o conceito de música independente e como esse começou a ser ressignificado uma vez que a internet surgiu como um contraponto ao formato vigente no século passado, que trabalhava com parâmetros como rádio e discos, conceitos que, apesar de ainda aí, perderam a importância que tinham. Com a chegada da era digital, novos agentes entraram neste mercado e que também viu a ascensão do funk e do hip hop, a descentralização geográfica cultural do país e, consequentemente, novos assuntos e preocupações vieram à tona. Também falo sobre o impacto da pandemia e da ausência de políticas públicas para este mercado e como sua reconstrução vem sendo feita. Mais informações sobre o curso e o link para realizar as inscrições estão no site do MAM.

Leia abaixo:  

Chemical Brothers + Beck de novo!

Repetindo a deliciosa dobradinha que fizeram em 2015 (na faixa “Wide Open”), dois titãs dos anos 90 voltam a se reencontrar em um single lançado nesta segunda-feira. “Skipping Like A Stone” é mais uma faixa do próximo disco dos Chemical Brothers, For That Beautiful Feeling, que será lançado no mês que vem, e traz mais uma vez Beck nos vocais de uma música da dupla de dance music. O nerd norte-americano solta todo seu lado de crooner e leva o transe eletrônico de Tom Rowlands e Ed Simons para a seara da soul music e o resultado é deliciosamente irresistível.

Ouça abaixo:  

O novo trailer de Stop Making Sense

E já que vínhamos falando dos Talking Heads, viram o trailer novo que a A24 preparou para o relançamento de Stop Making Sense, o filme que Jonathan Demme fez sobre a banda de Nova York ao vivo? Ainda não tem notícias sobre a vinda do filme para o Brasil, mas ia ser tão bom se pudéssemos ver por aqui…

Assista abaixo: