Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Da bossa aos livros

A segunda aula de Bibliografia da Música Brasileira, curso que estou ministrando com a Pérola Mathias no Sesc Avenida, aconteceu nesta quinta-feira quando escolhemos a bossa nova como ponto de partida para falar sobre como nossa música é representada por nosso mercado editorial. Começamos pela onda do final dos anos 50 que tomou o mundo na década seguinte pois, desde sua incepção, ela inspirava não apenas a discussão sobre sua natureza como via isso traduzido em livros, a começar pelo clássico O Balanço da Bossa e Outras Bossas, de Augusto de Campos. Também mostramos como os livros acabaram, num segundo momento, colocando o baiano João Gilberto no centro deste período, algo que antes era difuso como um movimento que não era propriamente um movimento, mas que foi crucial para que pensássemos em nossa música de forma ensaística, jornalística, crítica, acadêmica e cronista, usando justamente os livros como ponto de partida. Esqueci de tirar foto, então fica aí a lombada de alguns livros que discutimos nesta aula. A próxima é sobre samba.

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Agora com uma orquestra

Sábado passado o grupo The Smile tocou com a London Contemporary Orchestra, como principal atração da edição deste ano do BBC Radio 6 Music Festival, que aconteceu na 02 Victoria Warehouse, em Manchester, na Inglaterra. Thom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner tocaram a íntegra de seu recém-lançado Wall of Eyes ao lado de dezenas de músicos, que ainda os acompanhou por faixas do primeiro disco, como “Pana-Vision”, “Speech Bubbles”, Tiptoe”, “Waving a White Flag” e “Bending Hectic”. O trio depois voltou sozinho para tocar mais músicas do álbum de estreia e a íntegra do show pode ser vista no site da BBC 6, mas só se você estiver na Inglaterra (fuen). Pra quem não está lá resta contentar-se com trechos do show que foram publicados no canal da emissora no YouTube que você consegue assistir abaixo. Além do Smile, também apresentaram-se neste palco no festival, o grupo norte-americano Gossip, mostrando músicas novas pela primeira vez, e o grupo escocês Young Fathers, que inclusive apresenta-se no Brasil em maio na segunda edição do festival C6Fest:  

Inferninho Trabalho Sujo apresenta Varanda e Mundo Vídeo

Atenção que este é o último Inferninho Trabalho Sujo às quintas-feiras. A partir da próxima edição, nossa acalorada celebração noturna encontra a hashtag sextou para embalar inícios de fins de semana maravilhosos, aguarde e confie. E para marcar esse novo momento, chamamos de volta os queridos Varanda, que fez seu primeiro show em São Paulo num Inferninho do ano passado e agora volta às vésperas de lançar seu primeiro álbum. Evolução, povo, evolução! E o grupo que abre a noite, o Mundo Vídeo, também não deixa barato. Depois da meia-noite você sabe que eu e Fran tomamos conta do fervo, que, como sempre, acontece no Picles (Rua Cardeal Arcoverde, 1838) a partir das 20h da noite (e quem entrar até às 21h não paga!). Bora que a noite vai ser boooooa…

Orfeu Menino pega bem

Foi demais o primeiro show oficial da banda Orfeu Menino nesse ano dentro da sessão Trabalho Sujo Apresenta, que nesta quarta aconteceu no Redoma. A banda está afiadíssima e é impressionante o domínio que a vocalista Luiza Villa tem do palco, em sintonia finíssima com os outros quatro músicos da banda, o virtuosismo de Tommy Coelho na bateria, a guitarra discreta e precisa de Tomé Antunes, o teclado irrepreensível do maestro Pedro Abujamra e o baixo denso e suntuoso de João Chão. Parte do repertório ainda é composto por versões, o que já mostra a amplitude de alcance do quinteto, indo de “Nossa História de Amor” do Tim Maia a “Jorge Maravilha” do Chico Buarque, passando por “Dentro de Você” de Marcos Valle e Leon Ware, “Banho de Espuma” da Rita Lee, a versão de Annie Ross pro standard “Twisted”, “Cara Cara” e “Pessoa Nefasta” do Gilberto Gil, “Nua Ideia” de João Donato, além de uma versão de “Bala com Bala” do João Bosco que não tava no roteiro. Entre esses clássicos, eles ainda mostraram suas duas primeiras músicas, “Pega Mal” e “O Amor é Fogo”. Depois o DJ Benni seguiu a noite esmerilhando pérolas ousadas de diferentes frentes musicais. É, a brincadeira está só começando…

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Assista a um trecho aqui.

Neil Young volta ao Spotify

É uma boa notícia, embora o tom seja acridoce. Neil Young anunciou nesta quarta-feira que colocará seu catálogo de volta no Spotify. O mestre canadense havia retirado suas músicas do serviço de streaming porque este bancava o podcast do negacionista da Covid Joe Rogan, mas o programa de desinformação deste agora não é mais exclusivo do serviço sueco e está em outras plataformas, o que fez que Neil mudasse de ideia em vez de retirar suas músicas de serviços como Apple e Amazon, que agora também distribuem o infame programa. Young ainda aproveitou para cutucar a baixa definição das músicas no Spotify, em um comunicado que colocou em seu site e que traduzo abaixo:  

O otimismo radical de Dua Lipa

3 de maio é a data que Dua Lipa marcou para lançar o sucessor do excelente Future Nostalgia, batizado de Radical Optimism. Além dos singles já lançados (“Houdini” e “Training Season“), o novo álbum, que já está em pré-venda, traz essa capa maravilhosa da inglesa encarando um tubarão, começa com uma canção chamada “End of an Era” e ainda traz outras batizadas com títulos como “French Exit”, “Anything for Love” e “Maria”. “Há alguns anos, um amigo me apresentou o conceito de otimismo radical, que achei tem a ver comigo”, contou a cantora. “Fiquei curiosa e comecei a brincar com isso, costurando-o em minha vida. E me bateu – a ideia de atravessar o caos com graça e sentir que posso ultrapassar qualquer tempestade.” O disco tem produção de Caroline Ailin, Danny L Harle, Tobias Jesso Jr. e do senhor Tame Impala, Kevin Parker. A cantora revelou em uma entrevista à Rolling Stone que o trabalho tem influência da cena dance inglesa do começo dos anos 90, citando o clássico Screamadelica, do grupo Primal Scream, como forte influência, além de mencionar bandas como Massive Attack, Gorillaz, Moby, Blur e Oasis. E não custa lembrar que seu ótimo segundo disco, um dos melhores discos de dance music deste século, foi lançado no mesmo ano em que a pandemia se abateu sobre nós – então de otimismo radical ela entende.

Veja abaixo a ordem das músicas:
 

Todos os singles do Pavement

O Pavement está vindo para o Brasil no que pode ser um dos últimos shows dessa safra de apresentações que o grupo tem feito desde 2022 (sua melhor fase ao vivo, fácil) e a gravadora Matador acaba de anunciar mais uma compilação dedicada ao grupo californiano. A caixa Cautionary Tales: Jukebox Classiques reúne os 18 compactos que a banda lançou na sua década de existência, entre 1989 e 1999, quando lançaram discos por gravadoras indies como Treble Kicker, Domino, Drag City e Big Cat, além da própria Matador. Além dos discos com suas capas originais e seus respectivos lados Bs (que incluem versões para músicas do Fall e Echo & The Bunnymen, demos, faixas ao vivo e versões alternativas), a caixa, que é limitada e só será vendida pela internet (por este link), ainda trará um encarte de 24 páginas. Veja abaixo toas as faixas incluídas na coletânea:  

Complementares

Foi bem bonito o encontro inédito que o baterista Pedro Fonte e a violonista Tori apresentaram nessa terça-feira, no Centro da Terra. Os dois reuniram seus repertórios e se acompanharam no espetáculo O Instante do Derretimento, em que o carioca e a sergipana puderam entrelaçar instrumentos, cantos e canções acompanhados do baixista baiano Toro. A apresentação ainda contou com a aparição surpresa do trombonista Antônio Neves – que também tocou trompete no show -, formalizando uma novidade que parecia já ter anos de convivência. Que sigam essa jornada juntos!

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Assista a um trecho aqui.

Tori + Pedro Fonte: O Instante do Derretimento

Nesta terça-feira, no Centro da Terra, a sergipana Tori e o carioca Pedro Fonte fundem o repertório dos discos que lançaram no ano passado (respectivamente Descese e Late Night Light) no espetáculo intimista O Instante do Derretimento, em que tocam seus instrumentos – guitarra e bateria – enquanto passeiam por suas canções, acompanhados do baixista Toro e com uma atração surpresa. A apresentação começa pontualmente às 20h e ainda há ingressos à venda neste link.

Weezer de volta ao planeta azul

E quem está voltando pro passado é o Weezer, que acaba de anunciar uma turnê pelos Estados Unidos no segundo semestre, quando tocarão a íntegra de seu disco de estreia, o famigerado disco azul batizado apenas com o nome da banda, que completa trinta anos no próximo dia 10 de maio. A turnê Voyage to the Blue Planet começa no dia 4 de setembro e passará por mais de 20 cidades por seu país, com abertura de bandas como Flaming Lips e Dinosaur Jr., e certamente deve ter mais datas anunciadas pela Europa, Ásia e, torçamos, América do Sul (quem tem coragem de trazê-los?). Os ingressos começam a ser vendidos nesta quarta-feira, primeiro para os integrantes do fã clube da banda, e depois para o público geral a partir da sexta-feira, mesmo dia em que o grupo toca em um aperitivo da turnê ao passar o disco na íntegra no Lodge Room de Los Angeles, quando terá abertura da banda Dogstar (também conhecida como a banda do Keanu Reeves), num show que já está esgotado. E em entrevista ao site Audacy, o líder da banda, Rivers Cuomo, contou que uma caixa com material da época está começando a ser pensada: “Coisas bem do começo da banda”, contou o vocalista, mencionando gravações de shows da época e que ainda não há data para este lançamento, mas que deve coincidir com a nova turnê.