Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

João Saldanha quer falar algo

Fala João:

Lembrança do Liberal, grande Pipoca!

LaFleur ao vivo

Agora sim! Que episódio bom, finalmente! Só aquela primeira visão bizarra na primeiríssima cena já valeu a hora, mas hoje Lost foi bem em texto, direção, atuação, mitologia e no lado novelinha. Tirando o final anticlimático (mas que cena boa!), foram poucos defeitos – é que eu tou esperando aquele episódio que termina com uma revelação de cair o queixo (Lost clássico), que ainda não rolou. E Josh Holloway cada vez mais à vontade em seu papel Han Solo, melhor atuação da temporada. Finalmente engrenaram. LaFleur tá reprisando aqui, com legendas em inglês.

Nota: 8

Escolas matam a criatividade?

Perca 20 minutos da sua vida para ver os vídeos abaixo…

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…e veja se algo mudou.

4:20

Sonic Youth e o mashup

Puristas, podem se acalmar: na real é só um mashup que a banda fez para divulgar as faixas para seu próximo álbum, The Eternal. O cheiro de fase Geffen é tamanho que cogito até que esse próximo disco pode ser encaixado em mais um dos indícios da volta dos anos 90.

Lost auto-ajuda

Coisa do Eduf: lá tem mais.

4:20

Ainda infilmável

Por que Watchmen de Zack Snyder não é Watchmen – O Filme, e por que nenhum será

Há muito tempo, quando o filme de Watchmen ainda era considerado uma espécie de lenda urbana, uma das principais curiosidades dos fãs era como eles iriam representar a história do Cargueiro Negro. Para quem não sabe nada sobre Watchmen, Contos do Cargueiro Negro, uma revista em quadrinhos sobre piratas, é um dos títulos do formato mais lidos no mundo paralelo da saga – afinal, num mundo em que super-heróis fazem parte da rotina, por que quadrinhos de super-heróis fariam sucesso?

Mas os tais contos, pelo menos do ponto de vista de Watchmen, não são nos mostrados, à exceção de um. Este surge lido por um personagem completamente alheio à qualquer história das muitas acompanhadas na série. Um garoto negro, chamado Bernie (o mesmo nome de seu único interlocutor na série, o dono da banca de jornais), recostado na esquina que veria o final monstruoso da série se materializar em sua última edição, calmamente lê o quadrinho, completamente alheio à qualquer história que realmente importe em Watchmen, à exceção da revista que lê. Nela, ele acompanha a trajetória do único sobrevivente de um naufrágio, que tem de tomar providências desesperadas – e mórbidas – se quiser continuar vivo.

A história é um dos muitos exercícios de narrativa que Alan Moore exibe como se pudesse dançar com a linguagem que domina. Começamos a ler as passagens da história através da ótica do guri sem sermos perguntados, quadrinhos do conto de terror marítimo superpostos sobre os quadrinhos da história central que fazem o leitor perguntar o que diabos essa porra de história tem a ver com as calças. Até que, como um mágico, Alan Moore tira seu coelho de uma cartola que sequer havíamos avistado – e os quadrinhos começam a conversar entre si, a história ficcional em alto mar e a história real dos super-heróis em crise. Um toque magistral, uma homenagem à força e importância dos quadrinhos, seja linguagem, formato ou narrativa.

Daí a dúvida dos fãs naquele tempo remoto. Será que vão colocar o garoto em frente a uma vitrine de lojas vendendo TVs e alternar as cenas umas às outras? Ou – à medida em que o século digital começou a ver o filme Watchmen tornando-se realidade – será que vão colocá-lo assistindo ao filme ao mesmo filme num PlayStation portátil? Ou será que o diretor vai deixá-lo lendo seu gibi e fazer a câmera “entrar” na história, dando movimento e textura orgânica a imagens estáticas e bidimensionais?

A solução que Zack Snyder optou foi a de transformar o conto em uma animação – e lançá-lo fora do filme. Mas mesmo que em sua versão Ultimate Director’s Cut de cinco horas lançada daqui a dois anos (alguém duvida?) mescle a animação com o filme, a história vai parecer estranha e continuará distante do impacto dos quadrinhos.

Muito pelo fato de Watchmen ser, verdadeiramente, infilmável. Por mais que a direção de arte do filme tenha se esmerado em reproduzir os cenários e personagens desenhados por Dave Gibbons à perfeição (talvez só o Dr. Manhattan, com seu lápis de olho egípcio, olhos sempre bucólicos e benga gigante balangando não tenha ficado tão convincente), a narrativa está longe da burilada por Moore. E olha que Zack Snyder se esforçou para contar tudo: a história paralela dos Minutemen (contada, rapidamente, em uma memorável cena de abertura ao som de “The Times They Are A-Changin’ e em flashbacks) quanto as diversas cenas que acontecem paralelamente e que constroem a história principal e os contrapontos rápidos com a época em que os super-heróis ainda não tinham se tornado ilegais, são histórias superpostas, numa linha do tempo não-linear que alterna câmera lenta, explosão, vísceras e vôos.

Mas Watchmen não tem movimento. A ausência ou excesso de expressões nos rostos dos personagens são detalhados ou caricaturais. Não tem som. A voz de Rorschach e a do Dr. Manhattan soam exatamente como a do narrador da história do pirata, o locutor do telejornal ou do presidente Nixon, pois são vozes ouvidas dentro da cabeça do leitor. Suas cores berrantes são ainda mais berrantes – e suas sombras, menos escuras. Balões de diálogo se alternam com manchetes de jornais, logotipos na rua ou em legendas de narração.

Por isso, por mais que alguns trechos do filme realmente se pareçam com as cenas lidas no quadrinho, elas funcionam mais como homenagem do que como leitura fiel de Watchmen. Porque só há uma leitura fiel de Watchmen: nos quadrinhos. Nisso Alan Moore está coberto de razão ao brigar não apenas com as adaptações de suas obras para a telona mas como ao reclamar que quadrinhos não funcionam no cinema. Parecem que funcionam, mas são mídias opostas, apesar de terem uma série de elementos em comum. Quadrinhos e cinema fazem parte da narrativa histórica do século passado, da forma como aprendemos a ler o mundo e entender o que acontece com ele sem precisarmos nos contentar com livros, rádios, televisão ou jornais.

Então por isso o filme é ruim? Por mais que torçam os detratores, não – sejam eles de Zack Snyder, de filmes de ação ou de histórias de super-herói. Muito pelo contrário. Watchmen é didático e épico ao mesmo tempo, um feito que poucas produções de Hollywood conseguem realizar (Titanic e Gladiador são os únicos que me vêm à memória – ambos, para mim, piores que Watchmen). Como filme de ação, é denso e deprimente, sem nunca deixar a adrenalina cair – seja na tensão ou na pressão. E, mais importante do que qualquer impacto que possa ter, ele está fazendo as pessoas lerem e relerem a obra original (só em 2007, quando o auê em torno do filme começava a ganhar corpo, Watchmen liderou a venda de quadrinhos naquele ano – em relação a todos outros títulos à venda, novos ou velhos). Só por isso, o filme já merecia existir.

E aposto que quando os cheques dos direitos autorais das vendas do quadrinho pingam na conta do Alan Moore, ele sorri escondido. Pode até amaldiçoar, mas…

Daqui a pouco tem…

Legendas e pirataria

Mais um tutorial, bem óbvio, mas como tem gente que finge que não vê…

Dica do Gustavo.