Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

Encerrando 2023 com chave de ouro

Linda a apresentação que a Filarmônica da Pasárgada fez nesta terça-feira, encerrando o ótimo ano de música que tivemos no Centro da Terra. Além de apresentar a maravilhosa e forte voz de Loreta Colucci como contraponto à voz do líder da banda Marcelo Segreto – e a química ente os dois está ótima -, o espetáculo PSSP ainda contou com a presença do mestre Luiz Tatit, que foi reverenciado pela banda tanto num número seu (“Capitu”) quanto do grupo (“Fora do Ar”), além de fazer duas músicas próprias (“Toque o Tambor” e “Felicidade”) sozinho ao violão. A casa, lotada, suspirava ao fazer coro baixinho com as músicas do mestre, além de gargalhar com os jogos musicais das canções de Segreto. Foi demais.

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Filarmônica de Pasárgada: PSSP

E para encerrar as atividades musicais do Centro da Terra em 2023, eis que a Filarmônica de Pasárgada recebe ninguém menos que um de seus faróis criativos, o cantor, compositor e pensador da música brasileira Luiz Tatit, para uma versão bem particular de seu PSSP, álbum dedicado à tradição paulistana da música brasileira que contou com participações de diferentes artistas que conversam com essa história, como Tom Zé, Barbatuques e Trupe Chá de Boldo, além do próprio Tatit, que vem dar sua contribuição a essa obra. O espetáculo começa pontualmente às 20h e ainda há ingressos à venda neste link.

O Tiny Desk da Olivia Rodrigo

Dona de um dos melhores discos pop de 2023 (seu Guts é o disco que os anos 90 precisavam ouvir na época), Olivia Rodrigo dedicou sua participação no Tiny Desk Concert da emissora norte-americana NPR ao álbum, cantando “Love is Embarrassing”, “Lacy” e “Making the Bed”, além de uma das minhas músicas favoritas do ano que está chegando ao fim, “Vampire”.

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Tradição secular hoje

Que beleza ver um projeto finalmente tomando forma. Caçapa passou anos trabalhando em sua pesquisa para construir suas próprias violas eletrodinâmicas e agora as coloca na estrada, mostrando que o som maravilhoso desses instrumentos têm uma vida própria e específica a ser percorrida. No espetáculo instrumental que apresentou nesta segunda-feira no Centro da Terra, penúltimo show do teatro no ano, o músico e luthier pernambucano mostrou sua obra – instrumento e canções – pela segunda vez depois do período pandêmico, a primeira ao lado de outro músico tocando uma viola semelante, no caso Leo Mendes. Os dois foram acompanhandos pela influência do jazz da soberba contrabaixista Vanessa Ferreira e pelo lastro do pulso inconfundível de Mestre Nico. A sonoridade captura ao menos um século de tradições e num dado momento emendou três músicas numa mesma levada, o que acabou sendo uma pequena amostra da amplitude da musicalidade que ele lida neste novo momento: um baião chamado “Marco Brasileiro” que Ariano Suassuna dizia ouvir na feira quando era criança, “Procissão da Chuvarada” de Siba e “Pé de Lírio” de Biu Roque. Foi maravilhoso.

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Caçapa: Eletrodinâmica

E na penúltima apresentação de 2023 no Centro da Terra, temos a enorme satisfação de receber o mestre Caçapa, que finalmente começa a mostrar os frutos musicais de uma pesquisa que vem desenvolvendo há quase uma década no espetáculo Eletrodinâmica. E o produto deste tempo de estudo são violas eletrodinâmicas, que ele usará para tocar o repertório de seu disco Elefantes na Rua Nova, além de de arranjos instrumentais para baiões e cocos tradicionais e músicas de parceiros como Siba, Biu Roque, Tiné e Nilton Júnior. Para esta apresentação novíssima de seu trabalho, ele convidou três velhos parceiros, o violeiro Leo Mendes (que toca outra viola feita por Caçapa), a contrabaixista Vanessa Ferreira e o percussionista Mestre Nico. A apresentação começa pontualmente às 20h e ainda há ingressos há venda neste link.

Às vésperas da aposentadoria de Paul McCartney

Escrevi sobre o excelente show que Paul McCartney fez neste domingo em São Paulo – debaixo de uma senhora tempestade – para o site da CNN Brasil e aproveitei para repercutir os rumores de que ele está prestes a anunciar sua aposentadoria no show que fará no Maracanã no próximo sábado.

Leia abaixo:  

Paul n’água

“Well, the rain exploded with a mighty crash…” Caiu um temporal daqueles (você não tá entendendo…) e o show é igualzinho a todos os outros (tirando as infames intervenções de tiozão – ou vovôzão – em português), mas nem por isso menos maravilhoso. O calor no coração de todos aqueceu a alma dos presentes, encharcados mesmo de capa de chuva. É sempre bom ver o Paul McCartney ao vivo, ainda mais agora que os boatos sobre sua aposentadoria têm aumentado consideravelmente, e o show deste domingo não foi diferente: emocionalmente intenso, ainda teve espaço para lágrimas em “Maybe I’m Amazed”, “Band on the Run”, “Something”, “Here Today”, e no dueto virtual com John Lennon em “I’ve Got a Feeling”. Vai Paul!

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Pelados de fim de ano

Com o ano chegando ao fim, precisava ver alguns shows pra arrematar alguns ciclos. Foi o caso da show dos Pelados, uma das minhas bandas contemporâneas favoritas, que não via ao vivo desde que fizemos aquele show no Inferninho Trabalho Sujo há quase um semestre. O quinteto paulistano participou do evento Sacola Alternativa, que a Balaclava Records faz em parceria com o Sesc Vila Mariana e que traz debates e feira de material independente, além dos shows neste sábado e domingo – com todas as atividades gratuitas. A feliz coincidência os colocou no mesmo palco em que lançaram seu excelente disco Foi Mal no fim do ano passado, no Auditório daquela unidade, com quase um ano de diferença – e quanta diferença um ano de shows faz com uma obra. Comparando com o show de um ano atrás, em que o grupo parecia tenso com a estreia e ainda contava com três participações especiais, desta os Pelados estavam voando só os cinco no palco e trabalhando o mesmo repertório com uma intimidade ainda mais intensa. A entrega dos primeiros Manu Julian e Vicente Tassara aos seus instrumentos (voz e guitarra, respectivamente) está cada vez mais plena, enquanto a base formada pela cozinha pós-moderna que inclui a baixista Helena Cruz, o baterista Theo Cecato e o tecladista e programador Lauiz está vez mais firme e coesa, consagrando o grupo com o melhor grupo indie de São Paulo atualmente, fechando o show com seu épico intimista “Yo La Tengo na Casa do Mancha”, canção que não sai do meu rádio mental e que fez o público levantar-se das cadeiras do teatro. Foi foda.

Assista aqui:  

Encerrando o primeiro ano do Inferninho Trabalho Sujo daquele jeito!

Se eu tivesse escolhido uma das inúmeras festas que demos durante o ano para fechar 2023, não poderia ter outra melhor que a dessa quinta-feira. A noite começou com dois shows imprescindíveis – tanto Luna França quanto os Garotas Suecas estão tinindo ao vivo e transformaram o Picles numa grande celebração da música independente paulistana, mostrando que a cena tem qualidade, bom gosto, técnica e talento de sobra. E depois quando eu e a Fran pegamos a pista, a casa caiu: era tanta gente que a gente nem percebeu que já tinha dado a hora de acabar. Foi muito astral. E quando será o próximo Inferninho Trabalho Sujo? Só no ano que vem – e com novidades logo de cara… Aguarde e confie.

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Ryan O’Neal (1941-2023)

Love Story, Lua de Papel, Essa Pequena É Uma Parada, Barry Lyndon, Uma Ponte Longe Demais… Ryan O’Neal, que morreu nesta sexta-feira, por pouco não foi um rival à atura de Paul Newman e Steve McQueen, mas preferiu trabalhar com diretores mais sérios do que fazer filmes como galã.