Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.

A primeira grande vítima fatal do tribunal das redes sociais

O Rodrigo Ortega me chamou e eu falei sobre o tempo que convivi com o PC Siqueira pro Estadão.

Leia abaixo:  

PC Siqueira (1986-2023)

Chocado com a noticia da morte do PC Siqueira. Convivi bastante com ele, escrevemos um livro juntos e há tempos não conversava com ele, que sempre se esquivava quando o chamava. Tanta coisa pra falar sobre ele agora, mas nem consigo pensar direito… Que merda…

Jabá (1963-2023)

Morreu uma lenda do punk brasileiro, o baixista Jarbas Alves, um dos fundadores do grupo Ratos de Porão, que gravou os álbuns clássicos da banda.

King Krule em São Paulo!

2024 nem começou e a Balaclava já marcou seu primeiro golaço ao anunciar a vinda do herói do underground inglês King Krule para o Brasil pela primeira vez. O show acontece no dia 2 de março, num espaço novo na zona sul de São Paulo chamado Terra SP, e os ingressos já estão à venda neste link. Mandaram muito bem!

Garotas Suecas: rock de arena

E o Garotas Suecas ultrapassa mais uma barreira e representa a cena independente paulistana ao tocar num estádio, abrindo para os Titãs no estádio do Palmeiras nesta quinta-feira. Nada mal, hein?

Sonho materializado

Em mais apresentações no Theatro Municipal de São Paulo, Tim Bernardes pôs em prática um plano que acalentava desde que saiu em carreira solo: tocar seus discos ao vivo exatamente como são em estúdio, com toda pompa orquestral. Mas diferente de alguns de seus mestres (como Brian Wilson, Paul McCartney ou Lô Borges), autores de discos clássicos na tenra idade que não puderam transpô-los em shows, colocando-os em prática apenas décadas mais tarde, Tim conseguiu adaptar um disco cheio de cordas, harpa e metais no ano seguinte de seu lançamento. Tá certo que, aos 32 anos, Tim é mais velho que seus precursores (Paul e Brian tinham 24 anos quando compuseram seus Sgt. Pepper’s e Pet Sounds e Lô tinha só 20 no disco do tênis) e isso fez com que ele tivesse foco para materializar o que poderia ser só um delírio passageiro. E assim fez por quatro sessões neste fim de semana, quando, à frente de uma pequena orquestra regida por Ruriá Duprat e ancorada pelos compadres Arthur Decloedt e Charlie Tixier, mudou a regra de seu próprio jogo. Se até então a apresentação ao vivo de seu disco era mero segundo (e verde) capítulo do show de seu disco de estreia, este novo momento o leva a outro patamar. Batizado de Raro Momento Infinito (de cor roxa), a nova versão ao vivo de Mil Coisas Invisíveis coloca o vocalista d’O Terno como um meticuloso autor de pop de câmara. Espetáculo que abre novas portas para seus dois discos solo, ele pode dar uma sobrevida à carreira solo de Tim Bernardes como uma realidade paralela à existência de sua banda original, que retoma as atividades em 2024, ainda mais se continuar em outros palcos sem ser apenas um especial de fim de ano. Ao fugir do formato rock e propor uma extensão instrumental ao seu virtuosismo solo, Tim eleva o sarrafo da apresentação ao vivo pop para outra esfera, entre a música erudita, a canção orquestrada e as trilhas sonoras de musicais. O momento em que puxou sua “Esse Ar” citando “A Lenda do Abaeté” de Dorival Caymmi após contar uma longa e tocante história sobre a canção foi só uma pequena amostra da porta que ele está abrindo para um novo pop brasileiro. Bravo, Tim!

Assista aqui:  

Antonio Negri (1933-2023)

Neste sábado também lamentamos a partida do grande Antonio Negri, um dos principais filósofos contemporâneos, um dos grandes especialistas em Marx e Hegel do século passado, ferrenho inimigo da globalização e líder do movimento de esquerda Autonomia Operária na Itália.

Carlos Lyra (1933-2023)

Um dos principais ativistas da bossa nova enquanto gênero musical, Carlos Lyra nos deixou na madrugada deste sábado. Ativo no movimento desde sua criação, ele é autor de algumas das principais músicas do gênero e é um dos responsáveis por consolidar o que conhecemos hoje por MPB. Lyra havia acabado de completar 90 anos, quando foi homenageado em um tributo organizado pelo Selo Sesc chamado Afeto, disco que reúne intérpretes queridos ao autor (como Gilberto Gil, Joyce Moreno, Wanda Sá e Monica Salmaso) para celebrar suas canções.

Dez anos de “Coração”

2023 foi agitado pra todo mundo e Bárbara Eugenia seguiu a intensidade do ano. Começou lançando seu disco de versões para clássicos do cancioneiro romântico brega brasileiro, Foi Tudo Culpa do Amor (Pérolas Populares, Vol. 1), produzido em parceria com Zeca Baleiro, com versões para canções de Marcio Greyk, Jane e Herondi e Wando, entre outros. No meio do ano, ela lançou dois discos, o álbum de música curativa Uno, de música o EP The Return of DJane Fonda, em que assume a persona dance que usa para discotecar com versões para dançar para músicas do musical Nos Tempos da Brilhantina, Angel Olsen e Abba. Isso ao mesmo tempo em que mudou-se do Brasil para Portugal, onde reside atualmente. Não bastasse tudo isso, ela ainda encontrou tempo para comemorar os dez anos de seu segundo álbum, o ótimo É o Que Temos, ao regravar um de seus hits, “Coração”, numa versão mais intimista que ela lança em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. “Sempre quis fazer uma música só com voz e sanfona e convidei a Vitoria Faria, que é uma sanfoneira maravilhosa que conheci em Lisboa e a convidei para fazer essa versão para não passar batido o aniversário do disco”, explica a cantora, que gravou o single, que chega às plataformas digitais neste sábado, junto com um clipe, em seu próprio estúdio caseiro, que ela chamou de Belove.

Ouça abaixo:  

O Spinal Tap está de volta!

Para comemorar os quarenta anos de um marco da história do rock, o filme This is Spinal Tap terá uma continuação que começará a ser filmada no início do ano que vem. O filme dirigido e idealizado por Rob Reiner ao lado dos humoristas Christopher Guest, Michael McKean e Harry Shearer (que interpretam, respectivamente, os guitarristas David St Hubbins e Nigel Tufnel e o baixista Derek Smalls), foi um dos primeiros documentários fictícios feitos a parodiar o mundo do rock no exato momento em que a grandiosidade e opulência do rock dos anos 70 começava a se tornar datada e ridícula. O filme original, lançado em 1984, acompanha as desventuras da banda sem baterista – pois eles sempre desaparecem de formas trágicas – a partir de entrevistas realizadas por Marty DiBergi, vivido pelo próprio Reiner, que mostram como os rockstars daquele período viviam em uma realidade tão paralela que tornava-se caricata, proporcionando momentos hilários. Reiner revelou em entrevista ao podcast RHLSTP do jornalista Richard Herring que a ideia original era lançar a continuação do filme quando fosse o aniversário exato da história original, dia 19 de março do ano que vem, mas a greve de atores e roteiristas deste ano atrasou os planos e as filmagens começam a ser realizadas no próximo mês de fevereiro. O filme parte da premissa de que após a morte do empresário original da banda, Ian Faith (vivido por Tony Hendra, que morreu de verdade em 2021), sua viúva procurou os integrantes originais da banda para um show de despedida à moda do último show da The Band, que tornou-se o filme The Last Waltz, dirigido por Scorsese. Reiner avisou que o filme terá várias participações especiais, entre elas Paul McCartney, Elton John e Garth Brooks. Quem viver verá!