O outro Lee Ranaldo

, por Alexandre Matias

leeranaldo-sightunseen

Depois de dois shows com o pé na música pop, o sonic youth Lee Ranaldo mostrou seu lado artsy ao se apresentar na semana passada no mesmo Sesc Pompéia em que mostrou seu disco solo mais recente, só que atravessando o lado da rua, no Teatro da unidade, e não mais na Choperia. Sozinho no palco do teatro, ele desbravou o terreno da microfonia e do barulho sem as muletas da melodia, do refrão ou de letras. Dedicou sua apresentação ao puro ruído elétrico, transformando sua guitarra em uma antena reverberadora de sons muito mais do que um instrumento musical. Mexendo nos botões dos pedais e de dois amplificadores espalhados pelo palco, ele usava um arco de violoncelo e baquetas para vibrar a eletricidade sonora pelas cordas da guitarra, além de arrastá-la no chão, pendurá-la numa corda no palco e girá-la sobre a própria cabeça. O teatro só tinha uma das metades abertas pois a apresentação – chamada “Sight Unseen” contava com uma apresentação em vídeo, feito pela esposa Leah Singer, projetada num telão atrás de Lee. O filme intercalava cenas de árvores ao vento a cenas de diferentes platéias em situações distintas, colando as imagens com sons de diálogos, ruídos de multidão e palavras repetidas. Na primeira performance, na terça-feira passada, ele ficou sozinho no palco e não sentou em momento algum. No dia seguinte, empunhou seu instrumento como guitarra por poucas vezes, convidou um grupo de percussionistas brasileiros (Maurício Takara entre eles) para tocar aleatoriamente ampliando o próprio caos elétrico, além de passear pelo público. Dois shows distintos e bem diferentes do que ele fez na semana anterior. Em comum, apenas o entusiasmo em conversar com o público ao final e, claro, paredes de microfonia, marca registrada do sujeito. Fiz uns vídeos aí embaixo, olha só:

Tags: , , ,