O fim de Lost por Bruno Natal

, por Alexandre Matias

Lost terminou e deixou perguntas e mais perguntas sem resposta. E poderia ser diferente? O programa se baseou no mistério e no realismo fantástico, sempre oferecendo questões, nunca soluções. Não seria nem coerente mudar agora.

A compilação de questionamentos em aberto feita pelo College Humor faz piada com a ânsia por resultados de boa parte dos fãs da série. Taí um ponto positivo de ter acompanhado Lost sem tanto fervor: fica mais fácil aceitar a trama proposta pelos criadores, em vez de se frustrar por não ver suas próprias teorias confirmadas.

Não daria nem tempo de explicar tudo que se esperava (e olha que se apelassem pra esse expediente ao longo da temporada, certamente a decrescente audiência na TV dispararia outra vez) e a verdade é que não precisava mesmo. Todo maníaco por Lost, conhecendo os caminhos e descaminhos de cada personagem, pode deduzir sozinho o que aconteceu com eles após Jack fechar os olhos pela última vez.

Foi o melhor final possível. Aberto, possibilitando que a série possa ser reassistida sem perdas na segunda volta, como acontece, por exemplo, nos filmes de mistério-pipoca de M. Night Shyamalan.

Vivemos a era da internet, em que programas de TV não tem mais horários fixos, discos não tem data de lançamento, em que a informação está fragmentada em diversos lugares, sendo processada de acordo com a buscas e os interesses de cada um. As pessoas se conectam e criam suas próprias verdades e realidades. Não existe mais lugar para nada pronto e embrulhado. Lost estaria totalmente na contramão se entregasse respostas prontas. E o seriado nunca esteve a favor do fluxo de obviedades.

2001 não é tido como um dos melhores filmes da história por conta da sua objetividade, pode ter certeza. Num mundo cada vez mais sedento por respostas curtas, o final de “Lost” foi uma ode as metáforas, a imaginação, as livres interepretações.

* Bruno escreveu este texto em seu blog.

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