Música instrumental de protesto

, por Alexandre Matias

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Esqueci de linkar aqui o post que fiz pro Instagram da revista Trip no meio do mês sobre o show que o grupo fez para lançar seu excelente Quebra-Cabeças no Sesc Pompeia – com direito a vídeo da faixa-título. Abaixo, a íntegra do texto que mandei pra revista.

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Música de protesto instrumental. Essa é a proposta do Bixiga 70 (@bixiga70) com o álbum "Quebra Cabeça”, que nasce após turnês globais da banda que conquistou o Brasil e o mundo, passando por cidades como Los Angeles e pela Índia. Quarto trabalho do grupo, o disco começou a ser gravado ainda em 2017, quando lançaram a faixa “Primeiramente”. Foi a primeira vez que alguém de fora deu pitacos na criação do Bixiga 70, responsabilidade de Gustavo Lenza, que assumiu a produção do álbum.⠀ .⠀ “A política acaba intervindo no nosso trabalho de uma forma muito direta. Tem gente que quer extinguir o Ministério da Cultura. Não tem música que não seja de protesto numa situação dessas! Qualquer mínimo de pensamento já é protesto”, conta o guitarrista e tecladista Maurício Fleury.⠀ .⠀ Colamos no ensaio da banda pra conferir uma prévia do show, que rola hoje, amanhã e sábado, no Sesc Pompeia (@sescpompeia), em São Paulo. ⠀ .⠀ Vídeo: @trabalhosujo⠀ .⠀ #RevistaTrip #Bixiga70 #MúsicaInstrumental #Música

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Música de protesto instrumental
O Bixiga 70 lança seu quarto disco, pegando ainda mais pesado na veia política, mesmo sem vocais

A máquina de groove Bixiga 70, hidra paulistana de dez cabeças que conquistou o Brasil e o mundo, está prestes a lançar seu quarto álbum, Quebra-Cabeças, e começam a apresentá-lo a partir desta quinta-feira até sábado, com três shows no Sesc Pompeia. É o disco do grupo que mais demorou tempo para sair e o primeiro que leva um título – os anteriores foram batizados apenas com o nome da banda. Também muda a abordagem musical – é um disco mais
introspectivo e pesado que os discos anteriores.

“Reflete o momento: tem sido bem pesado viver no Brasil”, conta o guitarrista e tecladista Maurício Fleury, “a gente nunca quis cair numa coisa que fosse muito parnasiana, o som pelo som, a gente precisava achar um eixo que foi falar sobre o que a gente vive.”. “A gente sempre teve isso, de fazer música de protesto mesmo sem escrever letra”, emenda o saxofonista Daniel Oliveira.

“A gente sente isso todo dia, em cada treta que acontece em São Paulo. A gente fazia o Dia do Grafitti no Bixiga todo ano, mas no ano passado não conseguimos fazer porque não teve apoio da prefeitura”, continua Fleury. “A política acaba intervindo no nosso trabalho de uma forma muito direta. Tem gente que quer extinguir o Ministério da Cultura. Não tem música que não seja de protesto numa situação dessas! Qualquer mínimo de pensamento já é protesto. Querem que a gente vá contra a ciência, contra a cultura, a arte, o respeito à vida humana… É muito terrível o que a gente tá vivendo, o que a gente faz é uma ilustração, talvez não seja tão transformador, é só uma forma de reagir. Não tem como não se posicionar”.

O disco demorou para sair pois foi atropelado pelas turnês globais do grupo, especificamente uma que durou 45 dias no meio do ano passado, que fez a banda passar por Los Angeles e pela Índia. Gestado durante quatro dias em um sítio no interior de São Paulo em maio do ano passado, Quebra-Cabeças começou a ser gravado ainda em 2017, quando o grupo lançou a faixa “Primeiramente”. Foi a primeira colaboração com o engenheiro de som Gustavo Lenza, que assumiu a produção do disco – é a primeira vez que alguém de fora dá pitacos na criação do Bixiga 70. O tom ainda é festivo mas parte do novo repertório é lento e melancólico.

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