Mr. Deep Funk no Brasil

, por Alexandre Matias

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O lendário DJ inglês Keb Darge apresenta-se na edição desta sexta-feira da clássica festa Talco Bells e eu pedi para que ele separasse cinco faixas – entre as inúmeras raridades – que deverão estar em seu set desta noite. Mas antes, pedi para o Filipe Luna, um dos capitães da Talco, apresentar o DJ e falar de sua importância para o universo do soul e do groove:

“Quando a gente começou a curtir mais discos de soul e funk mais obscuros, tinha um nome que sempre era mencionado: Keb Darge. Era ele que discotecava no Madame Jojo’s, clube do SoHo londrino, e tornou o clube, um antigo bordel, icônico por tocar as músicas mais maravilhosas e obscuras que você já ouviu. Todos nossos amigos que iam pra Londres voltavam maravilhados dizendo que era a melhor noite que havia (pelo menos pra quem curtia esse som).

Keb é o cara que descobre as pérolas e por isso ele é uma referência para nós. Começou no Northern Soul, depois praticamente criou o gênero Deep Funk (lá na noite do Madame Jojo’s), que eram compactos de 7 polegadas muito, mas muito obscuros, de artistas que, na maioria das vezes, só tinham lançado um ou dois discos. Muitas das músicas que nos influenciam estão lá nas coletâneas lançadas por Keb no selo BBE ou na Kay Dee Records (do DJ Kenny Dope).

Como todo DJ que é bom de faro para descobrir coisas novas, Keb já está com o pé em outros sons além do soul e funk. Já teve uma coleção de R&B e Rockabilly e agora está investindo 60’s garage – músicas que ele tem mostrado ao redor do mundo e que estão balançando muitas pistas de dança. Para nós, será uma honra e um sopro de originalidade trazer o Keb pra tocar na Talco.

Já são 8 anos tocando soul e funk nessa festa, “criamos” alguns hits na nossa pista e é sempre bom trazer alguém que pode tirar a nós e nosso público da zona de conforto com um repertório de altíssima qualidade. Vai ser sensacional ter essa experiência acontecendo na nossa festa e a gente não vê a hora de ceder os toca-discos para Keb Darge.”

E agora as cinco pérolas escolhidas pelo mestre:

Sands of Time – “Red Light”

“Em primeiro lugar no momento está ‘Red Light’, de The Sands of Time, lançado pelo selo Sterling. Comprei de um vendedor dos Estados Unidos há uns seis meses e depois descobri que só existem cinco cópias disponíveis no mundo todo. Não é tão pesado quanto as coisas que costumo tocar, mas adoro o sentimento leve, saltitante e feliz que esse disco tem.”

The Savoy’s – “Can It Be”

“Aqui fica mais pesado. Essa canção é conhecida por colecionadores há muitos anos, mas também só existem poucas cópias conhecidas. Está em algumas compilações, mas a qualidade é péssima em relação ao original. Uma faixa poderosa com uma batida que explode nas caixas de som.”

New Fugitives – “She’s My Baby”

“Essa é uma faixa sinistra que não estaria deslocada na cena do punk dos anos 70. Primitiva e assustadora com bastante atitude. Novamente, um compacto muito raro que vai soar novo a todos, menos aos colecionadores obcecados de garage dos anos 60.”

The Tigermen – “Tiger Girl”

“Essa é mais sutil que as outras que sempre agrada às garotas toda vez que toco. Suponho que elas se imaginam sendo as ‘Tiger Girls’ enquanto fazem sua dança provocante. A banda tem apenas dois compactos conhecidos: esse e ‘Close the Door’, ambos no selo Buff. Não é tão raro quanto os outros três, mas raro o bastante pra ficar longe das mãos de DJs muquiranas.”

The Spacemen – Modman * Big Sound

“Essa é uma faixa que obviamente foi feita para a cena Mod crescente dos anos 60, nos Estados Unidos que se apaixonavam pelo som britânico da época. Ouvi a música nesse link do YouTube há um ano e fiquei louco pela canção. Não consegui achá-la em lugar nenhum, então fui atrás do cara que havia postado o link e o convenci a me vender sua cópia.”

A festa acontece nesta sexta, no Cine Jóia, a partir das 23h – mais informações aqui.

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