Lost por Babee

, por Alexandre Matias

“Think of the island as a record, spinning on a turntable, only now, that record is skipping.”

Viagem no tempo é um dos assuntos que mais me interessam, mesmo quando as histórias não fazem muito sentido. Seja em filmes, em séries, nas teorias científicas mais mirabolantes ou em um simples sonho. Quem nunca imaginou ver um show histórico da sua banda preferida? Rever um querido que morreu? As possibilidades são infinitas.

Em Lost, conhecemos pelo menos três tipos de viagem no tempo: os flashes mentais de Desmond, os personagens viajando pelo passado dentro da própria Ilha e os flashbacks/flashfowards, que funcionam como narrativa de viagem no tempo e nos mostra que uma nova linha-do-tempo não é criada – os personagens só visitam um ponto diferente nessa linha que sempre vai existir.

A série não assassina a principal lei dos time-travellers: de que o passado não deve ser alterado. Vai além, todas as situações do passado parecem ser perfeitamente coerentes. Em um dos vídeos da Dharma, quando Dr. Chang diz que os eventos da Ilha são resultado da “matéria exótica“, ele se utiliza da única maneira que um físico real explicaria estas experiências surreais. Portanto, fica claro que os realizadores da série tiveram muito cuidado ao abordar o assunto.

Citações feitas ao longo da série mostram que o passado é sagrado. “O que aconteceu, aconteceu” (Faraday), “O que foi feito, foi feito” (Sawyer), “Não seja louco! Existem regras”(Dr. Chang) são bons exemplos de que não se pode mudar o que está no lá atrás. E se o desejo de alterar o passado está bombando nas veias, sabe-se que fazê-lo “simplesmente” criaria uma realidade paralela e o passado permaneceria intacto. É como se duas agulhas tocassem um só disco ao mesmo tempo, em rotações diferentes.

Lost usa viagem no tempo como metáfora para a luta entre livre arbítrio vs. destino. Como humanos, temos a necessidade de fazer nossas próprias escolhas, trilhar os nossos caminhos. Mas o pensamento de que algumas coisas acontecem porque simplesmente devem acontecer não nos deixa em paz. Em que devemos acreditar, Razão ou Coração? Sempre o velho dilema.

Os Losties escolheram o vôo 815 ou já estavam destinados a embarcar no mesmo avião? Jack escolheu ser guardião da Ilha ou estava escrito que seria ele? A única certeza que temos é que nem sempre nossas escolhas trazem o resultado – ou a realidade – que queremos.

Todos os personagens são variáveis e cada um vive seu presente, independente do tempo ou lugar. A pergunta é: onde estarão no último episódio?

* Babee é a DJ do Boo Monster Bop e faz o melhor podcast do Brasil, o Boombop Shuffle.

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