Live at the Isle of Wight Festival 1970 – The Who

, por Alexandre Matias

Usina de som

Enquanto segue a boataria sobre a vinda-não-vinda de Roger e Pete pra essas praias, pinta esse DVDzinho com uma versão ainda mais ampliada do show do grupo num dos muitos “Woodstocks britânicos”. E por mais batido que o adjetivo “clássico” seja, não existe outro que exprima melhor a experiência audiovisual de uma banda ímpar como o Who. A presença elétrica da formação original dá origem a uma entidade sólida, que Pete Townshend se referia como “Maximum R&B”. “Rhythm’n’blues no talo”, um rótulo tão pesado quanto “heavy metal” ou “hard rock”, mas que designava as origens norte-americanas de seus compadres de geração, um conceito sempre presente na criação do mito The Who. Não é à toa que “Shakin’ All Over” é misturada às versões de “Spoonful” feita pelo Cream e “Twist and Shout” feita pelos Beatles (e não às originais de Willie Dixon ou dos Isley Brothers), literalmente citadas – algo tão sintomático quanto os Pixies (outra banda ímpar nascida em outra época de ouro) regravar Jesus & Mary Chain. E não importa se em faixas curtas como “I Can’t Explain”, nas jam sessions de “Summertime Blues” e “Magic Bus” ou na quase-íntegra de “Tommy” – o Who sempre comporta-se como uma usina de som e uma tribo mecânica ao mesmo tempo, que cuspe com força gritos de guerra por todos os instrumentos, intensidade como palavra-chave. O único porém é que as faixas-bônus (“Substitute” e “Naked Eye”) não podem ser assistidas na íntegra do show – que, por si só, é nota 10. Já a edição podia ser melhor…