Lá vem o Dia da Música 2016!

, por Alexandre Matias

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Música nova e autoral espalhada pelas ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Essa é a meta do Dia da Música, festival livre que começou no ano passado dividindo as atenções com a Virada Cultural paulistana e que em 2016 reservou um dia apenas para sua própria realização, que este ano acontecerá no dia 18 de junho, um sábado. “Estreamos produzindo 15 palcos em São Paulo, 10 no Rio de Janeiro e contamos ainda com a adesão de outros 17 espaços ao que chamamos de Circuito Off, em todo o Brasil. Foram 163 shows, em 9 estados, em dois dias, 20 e 21 de junho”, me conta a produtora artística do festival, Katia Abreu.

Não é a única mudança desta edição. No ano passado, os curadores envolvidos eram responsáveis por palcos separados e houve ações para incentivar casas de show e outros palcos para participar da iniciativa, o que Katia se refere como Circuito Off. Este ano há uma intenção de integrar mais palcos ao dia. “Serão dois palcos produzidos pela gente: um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro”, continua Katia. “A experiência que tivemos com o Circuito Off na estreia do evento nos levou a apostar mais em costurar uma rede de palcos, envolvendo espaços e grupos que movimentam suas cenas locais ao longo de todo o ano. A gente tem um fundo de R$ 120 mil para apoiar os palcos que hospedarem shows no festival.”

Em relação à curadoria, que antes era individual, desta vez ela vira coletiva com a criação do Conselho Curador do Dia da Música, que além de definir as atrações dos palcos principais também ajudam a definir quem receberá o incentivo do fundo ao Circuito Off. Continuam como curadores portanto Mancha Leonel da Casa do Mancha, a jornalista Lorena Calábria, a jornalista e produtora Pamela Leme da produtora Alavanca e o músico Kiko Horta. Além destes, há a inclusão da jornalista e produtora cultural Mariana Bergel, do coordenador de música da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro Daniel Domingues, o radialista e produtor Ricardo Rodrigues, do festival Contato, além da própria Katia.

Ela concorda com a evolução do circuito independente de música no Brasil, que inclusive permite uma ação como o próprio Dia da Música, algo impensável há vinte anos. “O mercado está se profissionalizando; estamos usando melhor as redes, não só para divulgar trabalhos mas para articular ações conjuntas”, comemora, antes de fazer sua principal ressalva: “Tem uma questão que continua perturbando todo mundo: a diminuição de espaços dedicados a música nova e autoral. Houve um momento em que a gente tava avançando bastante nessa disputa, com muitas casas se abrindo a isso ali de 2005 a 2008/9, em várias cidades. De lá pra cá, sinto que fomos perdendo espaço novamente. Ano passado, ouvi de vários donos de casa noturnas que eles tinham diminuido espaço para música nova ao vivo porque fazer festas só com dj ou shows cover era o que os sustentava. Esse diagnóstico é bem triste porque é impossível a gente ter um mercado sustentável sem um circuito permanente de palcos para escoar a produção, que é cada vez maior.”

A expectativa para o festival, portanto, é “mapear esse circuito e mostrar para mais gente onde você pode conhecer música nova por aí”, conclui Katia. “Esperamos, com os recursos do fundo, incentivar dezenas de palcos, com bares, produtores e artistas de várias cidades participando. Acho que vai ser um processo interessante construir de forma coletiva a programação de um festival.”

As inscrições tanto para os artistas que querem participar dos shows quanto para as casas que querem entrar no Circuito Off podem ser feitas pelo site oficial do Dia da Música.

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