Todo o show: Orquestra Imperial toca Serge Gainsbourg com Jane Birkin e Caetano Veloso

Em 2009 Caetano Veloso e Jane Birkin encontraram-se no palco do Sesc Pinheiros em uma celebração da obra de Serge Gainsbourg conduzida pelos cariocas da Orquestra Imperial a partir de uma sugestão de seu percussionista Stephane San Juan. Os diretores da apresentação – Alexandre Kassin e Berna Ceppas – convidaram o maestro de grandes discos de Serge, Jean Claude Vannier, para conduzir a apresentação, que passeou por diferentes fases da carreira do mestre francês, até chegar no auge que foi a participação de sua eterna companheira, Jane, que primeiro cantou “Fuir Le Bonheur de Peur Qu’il Ne Se Sauve” acompanhada do piano de Vannier, para depois convidar Caetano veloso para dividir a eterna “Je Suis Venu Te Dire Que Je M’En Vais”. Caetano ainda cantou Baudelaire sozinho depois do dueto e seguiu no palco quando todos se reuniram para cantar “Couleur Café” – e por todos estou me referindo a uma gama de bambas do naipe de Thalma de Freitas, Nina Becker, Moreno Veloso, Domenico Lancelotti, Nelson Jacobina, Wilson das Neves, Rubinho Jacobina, Pedro Sá, Gabriel Bubu, entre outros. Abaixo, o dueto de Caetano e Jane e a íntegra da apresentação, transmitida pela TV Sesc:  

Jane B. par Agnès V. sobre a câmera

Eis um trecho do filme que Agnès Vardas fez sobre Jane Birkin em 1988. Neste momento de Jane B. par Agnès V. as duas falam sobre olhar para a câmera. Assista abaixo:  

Jane Birkin (1946-2023)

Jane Birkin, que foi encontrada morta por seu cuidador no início deste domingo, é mais do que um ícone da moda, uma musa ativa ou uma mulher de beleza perene: ela é praticamente um dos lastros da cultura europeia que ainda vivia neste século, uma inglesa que aconteceu na França, quase um conto de fadas. Pude assisti-la em 2009, quando ela participou de um show da Orquestra Imperial cantando “Je Suis Venu Te Dire Que Je M’en Vais”. Foi bem bonito.

Clássico é clássico: Jane Birkin + Brigitte Bardot

Maldito Serge Gainsbourg!

Uma metáfora: Jane Birkin, garota-propaganda; Serge Gainsbourg, diretor de comercial de TV

Gênio puro.

Gainsbourg Imperial em DVD

Lembram de um dos melhores shows do ano passado? Vai virar DVD.

Falando no Gainsbourg…

Ainda essa semana eu rebobino a fita pra terminar de falar sobre o cara. Pra quem não sabe do que eu tou falando, depois que eu vi o show da Orquestra Imperial tocando músicas do cara, entrei numa microobsessão temática que virou a TV Serge Gainsbourg – uma esmiuçada na carreira do cara amparada por vídeos encontrados no YouTube, que já tem suas doze partes (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12) e ainda nem terminou. Além delas ainda tem três Vida Fodonas dedicados ao sujeito (o #178, o #179 e o #180), fora um monte de curiosidades que você encontra reunidas na tag com o nome do cara (aliás, se liga que esse é jeito completamente diferente de visitar um saite, clicando nas tags que levam a outras tags que levam a outras tags… Eu não tagueio tudo à toa, por isso recomendo). Enquanto eu termino os posts finais sobre o tema (creio que mato tudo nessa semana, já que tudo já tá meio no jeito), vale dar uma circulada pelos capítulos anteriores até meio que pra requentar a história do cara.

TV Serge Gainsbourg – Parte 11

O programa de TV Musique and Music resolveu homenagear Serge Gainsbourg pelo duplo aniversário – em abril de 1978 ele não apenas completava 50 anos de idade como vinte anos de carreira. E assim, os produtores o convidaram para um longo bate-papo sobre sua vida e obra, intercalado por apresentações de intérpretes franceses (e Jane Birkin) de alguns dos principais clássicos de Gainsbourg. Não perca o final do show, com o próprio Serge regendo o coral masculino Garnier, que faz uma versão inacreditável para a polêmica “Les Sucettes”.


Serge Gainsbourg – “Le poinçonneur des Lilas”


Daniel Prévost – “Maria” e Alain Souchon – “Elisa”


Serge Gainsbourg – “La javanaise” e Laurent Voulzy – “Qui est in, qui est out”


Jane Birkin – “Ex-Fan des Sixties” e Michel Jonasz – “Comic Strip”


Jacques Martin – “En relisant ta lettre” e Bijou – “Les papillons noirs”


Serge Gainsbourg – “L’eau à la bouche” e Serge Gainsbourg & L’Ensemble Garnier – “Les Sucettes”

TV Serge Gainsbourg – Parte 10


Serge Gainsbourg – “Je suis venu te dire que je m’en vais”


Serge Gainsbourg – “Cannabis”

Esta parte não chega a ser temática, pelo contrário, é uma compilação dos registros que encontrei dos vídeos dos anos 70 de Gainsbourg. Apesar de ter lançado dois discos conceituais (Vu de l’extérieur e L’Homme à tête de chou) tão importantes quanto Melody Nelson, suas canções são tratadas, em vídeo, como singles esparsos, descolados de suas obras originais.


Serge Gainsbourg – “Titicaca”


Serge Gainsbourg – “Nazi Rock”

E assim a produção de Serge, apesar de concentrar-se em álbuns (como o polêmico Rock Around the Bunker, em que comparava o rock’n’roll ao nazismo de forma nada sutil – e que só tem um único registro televisivo), passa a ser percebida novamente por singles lançados por ele mesmo ou por outros intérpretes – entre eles, inevitavelmente, Jane Birkin.


Jane Birkin, Jacques Dutronc & Serge Gainsbourg – “Les petits papiers”


Serge Gainsbourg, Jacques Dutronc & Jane Birkin – “Les roses fanées”


Jane Birkin – “Ex-Fan des Sixties”


Serge Gainsbourg – “Sea, sex and sun”

No final da década, ele flertou com a disco music e com o reggae, com quem teve um caso mais sólido. Pioneiro no gênero na França (gravou a primeira versão do gênero em 76, no disco L’Homme…), viajou para a Jamaica, gravou com Sly e Robbie e com as I-Threes, vocalistas que acompanhavam Bob Marley e que contavam com a esposa do homem, Rita, na formação – Bob não gostou de saber daquele francês que estava gravando com sua esposa.


Serge Gainsbourg – “Aux Arms Et Caetera”

Mas o sucesso internacional de “Je T’Aime… Moi Non Plus” – a única música francesa reconhecida pelos jamaicanos – fez com que Serge tivesse um certo respaldo com os músicos e o disco flui bem. Mas não bastasse a incursão musical caribenha – descendente direta da pré-world music de seu disco Gainsbourg Percussions, de 64 -, Serge ainda provocou seu próprio povo ao transformar o hino do país, a imortal “Marselhesa”, num reggae – feito comparável aos Sex Pistols xingando a rainha Elizabeth num show num barco em plena cerimônia do jubileu de coroação da senhora.


Serge Gainsbourg – “Mr. Iceberg”

Com “Aux Arms et Caetera”, Serge começava uma mutação de personalidade pública, que deixava o lado cafajeste e sofisticado em segundo plano para um sujeito grosso, bêbado e incômodo, disposto a falar as maiores atrocidades só para chocar quem estivesse ao seu redor, um personagem amado pelos programas de debate vespertinos da TV francesa. Mas esses são os anos 80, assunto pra daqui a pouco.

TV Serge Gainsbourg – Parte 9

Boa entrevista feita com o mestre Gainsbourg em 73, em que ele não apenas abre sua casa como fala de seu início de carreira como pintor e ainda dá uma palhinha de suas músicas. O único problema – pra quem, como eu, não fala francês – é que os capítulos finais não vem com legenda…