Impressão digital #113: Fadiga de Facebook

, por Alexandre Matias

E na minha coluna no Link dessa semana foi sobre como o Google deve sobreviver ao Facebook.

Está cansado do Facebook? Espere só a eleição começar…
Google pode sobreviver à ascensão do ‘Feice’

Todos querem saber qual será o “próximo Facebook”. Ou pelo menos a rede social vai substituí-lo. Isso em menos de uma década após o Orkut ter aparecido no Brasil dando início a uma sucessão de novos serviços de relacionamento online que foram ganhando adeptos – e ultrapassando os anteriores – pouco depois de os primeiros usuários perguntarem-se “para que serve isso, afinal?”.

Orkut, MySpace, Twitter, Facebook, Tumblr. LinkedIn, Pinterest, Instagram. A lista continua para todos os lados, levando em conta a quantidade de redes sociais de nicho que não param de surgir. Mas a apreensão em relação ao substituto do Facebook não vem apenas a partir da substituição sazonal que já nos acostumamos em relação a este tipo de site. Pelo contrário – a expectativa de uma nova rede social está mais ligada a uma espécie de fadiga que cada vez mais as pessoas estão sentindo em relação à maior rede social do mundo.

Veja o que aconteceu na semana passada, por exemplo. Desde a segunda, à espera da final da Taça Libertadores, que aconteceria na quarta, a rede social foi tomada por uma polarização drástica – corintianos versus anticorintianos versus pessoas que “não supoooooortam ouvir falar em futebol”. Pior que isso é que estes grupos resolveram entupir suas próprias timelines com uma avalanche de imagens, mensagens e links relacionados à disputa. Eu, corintiano, não reclamei. Mas houve quem cogitasse seriamente sair do Facebook.

Isso fora as práticas nada agradáveis que a rede social sempre tenta esconder, como a mudança do e-mail pessoal exposto no perfil de cada um. O Facebook simplesmente sumiu com o e-mail que cada um de seus usuários dispôs para entrar na rede, trocando-o pelo próprio e-mail @facebook.com. É só mais uma na enorme lista de ações desagradáveis praticadas pela rede social.

Mas haverá mesmo uma rede social que suplantará o Facebook? Há quem ainda aposte na tal “camada social” que o Google criou para interligar todos seus produtos, o Google Plus. Mas como há uma oferta cada vez maior de redes sociais de nicho no mercado, não duvide que a presença do Facebook possa ser substituída por vários destes diferentes serviços, cada um deles voltado para uma atividade ou grupo de amigos.

O que nos leva à discussão sobre o tempo de validade do Facebook. Mesmo que continue crescendo, a rede social cada vez mais age como um player de publicidade, interligando seus milhões de cadastrados a empresas que queiram ter acesso a esta base de dados de usuários. Tudo bem que o Google também age como uma empresa de publicidade e que é daí que vem sua maior fonte de renda, mas ele não oferece apenas um ambiente digital de relacionamentos, mas uma série de recursos – mapas, e-mail, o YouTube, o sistema operacional Android, o navegador Chrome, entre muitos outros – que convergem rumo às palavras-chave que caracterizam seu modelo de negócios.

Já o Facebook apenas aprimora um formato já existente. A maior novidade oferecida pela rede ainda é especulação – depois do botão “Curtir”, eles estariam prontos para lançar o botão “Querer”. Mas este botão só facilita a vida dos possíveis parceiros do Facebook, e não oferecem novas formas de interação que vão além das já existentes.

O Google, por sua vez, segue expandindo seus tentáculos. Mostrou no mês passado um novo sistema operacional, um tablet e até seus óculos futuristas, que tiram fotos e filmam, além de enviarem dados por suas lentes. Tudo termina em publicidade, mas são atividades e produtos realmente novos.

A fadiga em relação ao Facebook, por outro lado, está só no começo. E para quem lamenta o cansaço a partir de um jogo de futebol, não esqueça que as eleições vêm aí. E que ela pode dar início a uma evasão em massa da rede social.

Por mais que permaneça atuante por muito tempo (o MySpace ainda existe, não custa lembrar), cogito que o Facebook deve aos poucos deixar de ser tão central em questão de um ano ou menos. Já o Google, por ampliar seu horizonte cada vez mais, deve seguir importante por mais tempo que isso.

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