Impressão digital #0045: Steve Wozniak no Brasil

, por Alexandre Matias

Minha coluna de ontem no 2 ainda seguiu falando da vinda do Wozniak ao Brasil.

Amigos digitais
O pai do PC e o futuro de sua invenção

Há uma semana, terminava a quarta edição da Campus Party, maior evento de cultura digital do País, e sua principal atração, mesmo com as presenças do ex-vice-presidente norte-americano Al Gore e do inglês Tim Berners-Lee, conhecido como o “pai da web”, não dá para dizer que nenhum deles chamou tanta atenção quanto o bonachão Steve Wozniak. Ele foi o criador do computador pessoal como o conhecemos (do formato monitor-teclado-mouse-gabinete) e foi cofundador da Apple – o grande trunfo de Steve Jobs foi perceber que poderia vender a invenção de Wozniak para o público em geral.

Sua palestra foi a mais disputada de todo o evento – e não era para menos, afinal os participantes da Campus Party se espelhavam em sua trajetória: um nerd sem vida social que, enfurnado em seu quarto e com uma ideia na cabeça, conseguiu mudar o mundo como o conhecemos e virar uma lenda viva. Grande parte de sua apresentação consistiu nisso: uma grande palestra de autoajuda em que Wozniak elegeu valores não convencionais no mundo dos negócios como o motivo para seu sucesso. Falou em trabalhar apaixonadamente, em alçar metas que os outros consideram impossíveis e no papel que o bom humor, a transgressão e a brincadeira têm na vida de pessoas que são consideradas geniais. Foi ouvido em silêncio quase solene, interrompido por risadas cúmplices e suspiros de admiração. Estava em casa, afinal.

Pouco antes de sua apresentação e da coletiva oferecida para o resto da imprensa, pude entrevistá-lo e, em vez de jogar a conversa para seu passado, preferi conduzir a conversa para o futuro de sua invenção.

Comecei o papo com a mesma argumentação que defendo aqui há duas semanas – de que aparelhos como o iPad e o Kinect estão mais próximos de degraus rumo ao futuro do computador pessoal do que de aparelhos que estarão em nossa rotina num futuro próximo. Ele concordou e disse que o que ambos aparelhos trazem de novidade diz respeito justamente à interação entre homem e máquina, mais do que novos tipos de produtos. E falou que, no futuro, eles lidarão com computadores como se fossem outras pessoas. “Se tornará bem difícil saber se você está lidando com um computador ou com uma pessoa de verdade”, profetizou.

Exagero? Pode parecer, mas quem diz isso não é um futurólogo ou um provocador, mas o sujeito que, nos anos 70, imaginou que os computadores, geringonças que ocupavam quartos inteiros nas décadas anteriores, seriam utilizados por qualquer pessoa, em casa. E se lembrarmos que boa parte da internet já funciona a partir de uma inteligência artificial bem diferente daquela que vimos nos filmes, não é difícil imaginar que, como o próprio Woz acha, teremos amigos digitais nas décadas a seguir.

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