House of Jealous Lovers

, por Alexandre Matias

O Thiago reverberou na sexta passada um artigo do Guardian que atacava os blogs que disponibilizam MP3 gratuitamente como sendo responsáveis pelo mau desempenho de vendas de artistas que aconteceram graças à internet. Essa discussão é velha (a mesma Rolling Stone que levantou a bola destes blogs publicou um gráfico cujo título diz muito sobre seu posicionamento em relação a esta prática – “First Hype, Then Kill”) e é só chororô. O que está acontecendo é simples: depois que as gravadoras multinacionais sofreram na pele a ação dos downloads, é a vez das independentes sentir um pouquinho desse sabor. A transição do analógico pro digital não faz distinção de gosto musical ou de quantidade de venda de discos, muito menos nas intenções reais de cada bizness. As vendas de discos estão caindo por um simples motivo: as pessoas não compram mais disco. Achar, no entanto (como a mula do Gene Simmons), que isso quer dizer “música de graça pro resto da vida” sem que as pessoas paguem apenas pela música, e só pelo merchandinsing ou shows, é ter uma visão muito limitada sobre as perspectivas de futuro (o Cory Doctorow fala mais disso aqui). O mercado está se reinventando neste momento, por isso é natural que baixas aconteçam, como lojas de CD, empacotadores de discos, gerentes de marketing, assessores de imprensa e engenheiros de estúdio. Por isso, se você vende disco, trate-os como antiguidades, relíquias do século passado e arrume um jeito de agregar esse tipo de valor ao suporte – mesmo que seja um vinil white label de um moleque que usou o vocal do Sting em cima de um sample do Guitar Hero hoje de manhã. O Radiohead já sinalizou para o parâmetro que deve ser adotado pela indústria, se quiser sobreviver.