Ginge pra acabar com “a falta de músicas pop boas”

, por Alexandre Matias

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Reunindo alguns dos principais nomes da nova cena independente mineira, o quarteto Ginge é um pequeno supergrupo local ao parear duas ex-integrantes do grupo Miêta (Bruna Vilela e Marcela Lopes) ao lado de Vítor Brauer (que além de sua carreira solo, também é da Lupe de Lupe) e do guitarrista Fernando Motta, que também tem seu trabalho solo. “Eu e o Vitor tínhamos acabado de voltar da turnê de quatro meses que fizemos em 2017”, lembra o guitarrista e vocalista Fernando Motta, que tem seu próprio trabalho solo. “A gente ouviu muita música no carro durante as viagens e comentava que sentia falta de músicas pop boas, tanto no nosso nicho quanto de uma maneira mais geral mesmo do rock. Chamamos primeiro a Bruna, que compartilhou dessa impressão com a gente. Aí inicialmente a banda seria nós três: eu tocaria baixo, a Bruna guitarra e o Vitor, bateria. Mas a banda ainda não tava completa, a gente queria várias harmonias de voz. Aí tivemos a ideia de chamar a Marcela e ela pilhou. Foi perfeito porque ela canta muito e é muito inventiva com as melodias pra backing vocal também. Ela passou pro baixo e eu fui pra segunda guitarra. No primeiro encontro na casa dela, a gente fez ‘Marília’, que ela canta. Gostamos tanto que escolhemos pra ser o primeiro single. A sintonia entre a gente foi muito forte e ali a gente viu que a gente tinha uma banda completa mesmo.”

Juntos, escolheram o nome de Ginge para o novo grupo, a partir desta incomum palavra em português. “A primeira definição que a gente viu no dicionário era ‘calafrio de emoção; frenesi’. Mas depois eu descobri que muitas pessoas falam isso quando têm gastura de alguma coisa, aqueles ‘arrepiaços’, tipo quando alguém arranha o quadro”, ri Fernando. “Acho que a primeira definição leva pra um lado mais poético da coisa, enquanto a outra leva pra um lado mais provocativo. Eu acho bom porque, querendo ou não, a gente é um pouco das duas coisas.” O grupo lança seu primeiro EP, gravado no final do ano passado, ainda presencialmente, nesta quinta-feira: as quatro músicas de Pré-Jogo têm clipe e duas delas (“Marília” e “Kaft Kapum”) anteciparam o lançamento do novo disco, as duas restantes (“Pergunta” e “Qualquer Um Sabe Fazer Shoegaze”) dão as caras em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.

Apesar do ineditismo do grupo, eles já haviam tocado juntos em diferentes formações e ocasiões. “Ano passado, eu e a Bruna Vilela fomos guitarristas na banda suporte do Vitor Brauer num show que ele fez durante a turnê com a mãe dele”, continua Fernando. “Eu também já toquei com a Miêta, ex-banda das meninas, em um festival na Matriz. Elas foram minha banda de apoio em algumas músicas e eu fiz um guitarrista adicional nas músicas delas. Basicamente a gente já era grandes amigos de dar rolês em BH. Então pode ser que tenha até outras vezes que a gente tocou junto e que eu não esteja me lembrando. Já fomos em milhões de shows uns dos outros e sempre saíamos pra resenha depois.”

Disco lançado, o grupo não vê a hora de fazer shows: “A gente conversa sempre dizendo que tá louco pra tocar essas músicas, fazer um show propriamente dito, mas enquanto tá longe disso, a gente ainda não tem nada de concreto pra anunciar”, lamenta o guitarrista. “Até agora a gente estava focado em lançar esse EP da melhor maneira possível e acho que conseguimos. Com a ajuda dos nossos amigos, conseguimos tirar quatro clipes muito fodas da cartola em plena pandemia. Então não tivemos muito tempo pra pensar no que dá pra fazer depois. Agora é divulgar o máximo possível e ver como vai ser a repercussão. Quem sabe a gente não tem alguma ideia viável de produzir algum conteúdo mais pra frente.”

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