Esse fogo

, por Alexandre Matias

Enquanto eu não arrumo tempo pra atualizar isso aqui direito, vou postar umas coisas velhas só pra “ir manteno”, como diz um conhecido meu. Pra começar, a resenha do segundo disco do Franz, que saiu em alguma Bizz do ano passado.

You Could Have it So Much Better With Franz Ferdinand – Franz Ferdinand
Felizmente, esse papo de “síndrome do segundo disco” é coisa dos anos 90. A linha oitentista do Franz Ferdinand não segue apenas padrões de riff angulosos e jogos de vocais das bandas pós-punk, mas também o saudável hábito de caminhar para frente. Como seus ancestrais diretos (Talking Heads, Devo, Jam, Blondie, Fall), o grupo prefere deixar os clichês consagrados no primeiro disco e mudar o rumo. É claro que o choque é gradual – a ótima “Do You Want to” (o melhor “dju-dju-ru-dju” do século 21) é a ponte perfeita entre “Take Me Out” e o disco novo. Mas à medida em que se atravessa You Could Have it So Much Better, percebemos que o grupo saiu pela tangente na disputa pela autenticidade que o tal rock pós-Strokes parece buscar. Indo para as sombras (“Fade Together” e “Eleanor Put Your Boots On” parecem sair tanto dos primeiros discos do Lou Reed como dos últimos do XTC) sem perder a pegada quadrada de disco rock (“What You Meant”, “I’m Your Villain”, “Outsiders”), emblemática de seu disco de estréia, o grupo tira onda com gosto, fazendo um dos melhores discos gringos deste ano. Faixas como “The Fallen”, “Evil and the Heathen”, “Well That Was Easy”, “This Boy”, a faixa-título e a balada “Walk Away” (a “Boulevard of Broken Dreams”/ “Wonderwall” deste ano) se sustentam sozinhas. Juntas, fazem o disco brilhar.