De volta ao Juntatribo
Culpa do Facebook, que agora tem uma página em homenagem ao clássico festival campineiro. Um resumo bem 3 x 4 na matéria abaixo, da EPTV.
Traduzindo: foi o início do rock alternativo no Brasil de fato, quando o movimento paralelo às gravadoras e rádios começou a se tornar nacional a partir de um festival realizado fora de uma grande capital. O Junta foi imaginado pelo Marcelão, que na época tocava com o Waterball, e executado pela dupla Sérgio Vanalli e Thiago Mello, que editavam o fanzine Broken Strings. O festival teve duas edições, ambas na Unicamp: na primeira, em 93, mais guitar e hardcore, a principal revelação foi os Raimundos, mas a banda de Brasília já estava no radar do jornalismo musical brasileiro há alguns meses e o show no Juntatribo (marcado em cima da hora) foi quase que a explosão de uma banda relógio. A principal atração da primeira edição foi reunir a primeiríssima geração daquele novo rock independente brasileiro (que cantava em inglês e existia basicamente entre o Rio e São Paulo) num mesmo evento: Mickey Junkies, Killing Chainsaw, Pin Ups, Second Come, Safari Hamburgers e Low Dream (a outra representante de Brasília). Os Raimundos funcionaram quase como um brinde para o festival. Assisti à maioria dos shows sem nenhum distanciamento crítico: era apenas estudante da Unicamp e a realização de um festival daqueles, feito na raça por pessoas que eu conhecia pessoalmente, era exatamente o que eu esperava da vida na universidade.
No ano seguinte, já estava trabalhando em jornal (no Diário do Povo) e ajudei a pensar a edição especial que cobriria a segunda edição do evento, que já ampliou seu leque musical e cuja principal atração era um grupo de rap novíssimo do Rio de Janeiro, um certo Planet Hemp. A edição de 94 foi marcada pela desorganização em alta escala, uma vez que a popularidade posterior do primeiro Junta trouxe dezenas de carros cheios de malucos da capital e de todo o interior de São Paulo para o festival. Já no primeiro dia, o palco desabou. O que transformou o segundo dia em uma maratona que começou ao meio-dia e terminou às cinco da manhã do dia seguinte, algumas horas antes dos shows do último dia começarem.
Foi um festival importante pra muita gente, que passou a aprender o que era rock alternativo, cultura independente e a lógica do faça-você-mesmo na prática e que cultivou sementes que brotariam no decorrer da década e que até hoje estão aí. E isso num tempo sem internet, sem MP3, sem blog, sem rede social, sem podcast, sem YouTube. Era tudo na base da carta, do xerox, do VHS, da fita cassete e do flyer. Parece que se passaram uns cinquenta anos.
Eu fui na segunda edição, embora só lembre de flashes… Andava com uma garrafa pet com café e cachaça… lembro da maior roda de fumo que ja participei, dentro do observatório. Alguém já ouviu falar no Forró da Lua Cheia? Woodstock brasileiro total!
Rapaz, dentro daquele observatório eu vi coisas…
Aos 15 anos fui ao JuntaTribo com meu skate. Fui de trem via Jundiaí. A jornada foi uma diversão tão boa quanto os shows.
acho mó bonito ver escrito ali OSASCO. osasco pride.
Sou mais novo que essa galera,mas meus primos e primas mais velhos,viveram essa época,então tenho uma certa lembrança,mesmo sendo pivete naquela época…e era MTU melhor ,do que a geração pseudo alternativa de bunda na cadeira e mão no mouse,acho que coisas assim nunca mais existirão depois do comodismo da internet..
Legal ver a matéria. Realmente foram dias intensos. Apenas algumas ajustes. A idealização do festival nasceu da necessidade que minha banda na epoca (Heaven in Hell) tinha de tocar. Tinhamos que fazer as festas para podermos tocar. Era muito microfonia! Ao propor uma festa junto ao DCE vi a oportunidade de fazer um festão e a partir daí comecei a inserir mais bandas e expandir o conceito do festival. Quanto ao Raimundos não era vagamente falado na época, apenas mais uma bandinha. Foi em um show da Low Dream em Londrina que o Giuliano (vocal/guitarra) me falou dos Raimundos, então pedi para que o Giuliano falassem com eles para mandarem uma fita K7. Assim que ouvi eu os chamei.
Não esqueçam do Eduardo Romero, meu irmão. Ele que, junto com o Sergio Vanalli, trabalhou duro para fazer virar este festival. Custou muito caro para os dois fazerem isso! Mas creio que valeu pelo legado que deixou.