Beyoncé 2013

, por Alexandre Matias

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Ainda estou digerindo esse novo disco da Beyoncé – até porque ao lançá-lo de supetão no meio de dezembro, ela embaralhou listas de melhores discos de 2013 em formação além de comprometer algumas que já foram lançadas. Mas um disco lançado de uma hora pra outra pode parecer novidade, mas não é (o Radiohead fez isso duas vezes, em 2007 e 2011, e só esse ano David Bowie e My Bloody Valentine já fizeram isso). Ele sim consolida essa tendência e mostra pra um monte de artistas a importância de se trabalhar na surdina e não criar expectativa sobre um novo trabalho como fórmula oposta aos montes de teasers de álbum em MP3 ou no YouTube que estamos aos poucos nos acostumando.

Mas não é só isso: Beyoncé também é um “disco visual” em que todas as músicas têm clipe (além de algumas que só têm clipe e não estão apenas como canções na versão em áudio do disco) e assim ela começa a extrapolar para além da música – ela está fazendo Arte, com “a” maiúsculo, ao transformar seu disco em uma experiência audiovisual. O disco também consolida outra forte tendência – a dos blue beats que caracterizam o melhor R&B dos anos 10, de nomes como Weeknd, Frank Ocean, Drake e The Internet. Beyoncé não apenas canaliza esta variação pesada e triste de uma black music pouco festiva para as massas como chama alguns de seus protagonistas (Drake e Ocean) para dividir canções.

Não bastasse tudo isso, Beyoncé, o disco, é uma forte afirmação do feminismo do século 21 e até se dá ao luxo de samplear o TED da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adiche (“Todos nós deveríamos ser feministas“) numa música. Em todo caso, uma coisa é certa: Beyoncé não está mais no mesmo patamar que divas pop contemporâneas como Britney Spears, Rihanna, Alicia Keys, Mariah Carey ou Lady Gaga. Talvez ela tenha ultrapassado até o marido, Jay Z, e esteja se firmando como uma das artistas mais influentes deste século.

Não é exagero dizer que ela pode estar assumindo um papel parecido com o de Madonna no final dos anos 80/ começo dos anos 90. Só que com outras propostas, preocupações e provocações. Palmas pra ela.

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