As 75 melhores músicas de 2012: 50) Blur – “Under the Westway”

, por Alexandre Matias

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A outra música que o Blur lançou em 2012 (além de “The Puritan“) alia duas qualidades da banda a uma de seu líder, Damon Albarn. Ela entra no rol de baladas sobre o cotidiano, lentas incursões introspectivas criadas ao piano que talvez sejam melhores que os hits instantâneos que a própria banda nos faz puxar pela memória, além do papel de cronista londrino, que descreve ruas, bairros, estradas, pessoas naquela obrigação de registrar uma história que não aparece nas manchetes de jornais – justamente por ser mais comezinha e fútil, corriqueira e mundana. Amarrando duas tradições do Blur à própria plural carreira solo, Damon Albarn prefere deixar sua primeira banda como principal veículo de comunicação com seu público, no mesmo ano em que lançou uma ópera sobre um conselheiro real do século 17 e um disco com o Flea e o Tony Allen (o trio que compôs minha música favorita de 2011). Não por acaso o Blur – que está longe do fim – foi uma das principais atrações durante os jogos olímpicos deste ano, realizados em Londres. E “Under the Westway” ainda tem a aceitação da maturidade, a consciência do reduto que é o saudosismo, uma melancolia inglesa rara (principalmente em tempos em que o pop da ilha é composto por dubstep, rockinhos de pista e bandas velhas voltando a todo minuto) que só encontra eco em extremos, como o do Xx ou o do Radiohead. Aqui, o sentimento é trivial como uma música que toca no rádio – algo que também é cada vez mais raro, ainda mais vindo de uma banda de rock.

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