A volta dos Cleggs e o great rock’n’roll swindle de Ricardo Alexandre

, por Alexandre Matias

cleggs-2014

Quando conheci o Ricardo Alexandre ele já tinha abandonado a música rumo ao jornalismo. Ambos cobríamos a cena independente do interior de São Paulo no início dos anos 90 por motivos diferentes: eu havia acabado de me mudar de Brasília para Campinas e vi uma cena tão interessante quanto a que eu acompanhava na minha cidade (que na época paria Little Quail, Raimundos, Oz, DFC e Maskavo Roots) e ele, fui saber depois, fez parte da incipiente cena de Jundiaí.

Quando cheguei a Campinas comecei a descobrir as cidades próximas a partir das cenas que surgiam nestas cidades e a de Jundiaí, cinquenta quilômetros entre Campinas e São Paulo, tinha um grupo de conhecidos que montavam bandas na raça e tratavam isso com uma autoironia característica daquela década – a ponto de lançar fitas demo através de um fictício selo chamado Visite Jundiaí – A Seattle Brasileira Records, que por pouco não chamou-se Visite Jundiaí – A Seattle do Morango Records ou outra cretinice do gênero. Nomes como Burt Reynolds, Death by Visitation of God, Charlie Road, Towards the Cathedral e Astrofuckelroy formavam aquela protocena que nunca chegou a acontecer de fato, tocando esporadicamente nas minúsculas casas noturnas de cidades do interior ou nas pouquíssimas casas de show de pequeno porte que existiam em São Paulo. Uma daquelas bandas, Os Cleggs, fui descobrir depois – havia sido fundada por Ricardo Alexandre dois anos antes de conhecê-los – tanto a banda quanto Ricardo.

Mas ao visitar suas origens noventistas em seu Cheguei Bem a Tempo de Ver o Palco Desabar – 50 Causos e Memórias do Rock Brasileiro (1993-2008), Ricardo viu-se confrontado com o passado. Em sua curta estada nos Cleggs nenhum registro havia sido feito. Nenhuma foto, nenhuma música, muito menos vídeos de shows (lembrem-se que estamos falando do início dos anos 90, quando a menor máquina para fazer vídeos era um trambolho um pouco menor que um videocassete). Após sua saída, a banda compôs novas músicas, a maioria em inglês, e seu curto momento rock parecia fadado ao esquecimento.

Até que ele tomou vergonha na cara, chamou os dois integrantes da formação original (o baixista TT e o baterista Michel Sinclair) e vai fechar essa etapa de sua carreira. Na sexta que vem, dia 22, o trio volta à ativa mais de 20 anos depois da saída de Ricardo em um show em Jundiaí (veja mais detalhes no flyer abaixo). Ricardo quer fazer alguns shows, gravar umas músicas e, quem sabe, lançar um disco para, finalmente, dar cabo dessa fase em sua vida.

Vamos acompanhar pra ver se essa armação dá certo…

cleggs

Tags: , ,