A era do streaming

, por Alexandre Matias

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Escrevi sobre a atual fase do streaming em uma matéria para a Azul Magazine do mês passado, que colo a seguir:

A vez do streaming
Aplicativos tornam-se cada vez mais populares e querem mudar nossa relação com a forma de consumir música – mais uma vez

Em fevereiro, uma troca de cargos levantou uma sobrancelha do mercado de música global quando a Apple anunciou a contratação do DJ Zane Lowe – talvez o principal da rádio estatal britânica BBC – para integrar as fileiras da divisão Apple Radio. O serviço hoje funciona só nos Estados Unidos, mas a iniciativa pode ser mais um passo que a empresa criada por Steve Jobs esteja dando para entrar no universo do streaming.

Aqui, vale uma explicação sobre este novo mercado: trata-se de aplicativos e serviços, pagos ou não, que permitem escutar música a partir de diferentes aparelhos (principalmente smartphones e tablets, mas é possível acessar boa parte deles via web e até pelas smartTVs) e oferecem um leque cada vez mais amplo de artistas, discos e canções. É um setor ainda pequeno (agora que ultrapassou sua terceira dezena de milhões de assinantes no mundo todo), mas seu crescimento vem acontecendo a largos passos (em 2011 eram 8 milhões de assinantes) e a cada ano novos ouvintes aderem ao formato que, para muitos, é um caminho sem volta.

Dá para entender. Afinal, com uma conta em um destes serviços é possível ouvir música sem se preocupar em fazer downloads, ripar CDs ou conectar o celular ao computador. Mesmo o ato de comprar faixa por faixa (ou disco a disco) parece estar com os dias contados, pois paga-se uma mensalidade para ter acesso a um número crescente de novas músicas – o catálogo dos principais aplicativos é parecido e já ultrapassou os 30 milhões de canções disponíveis.

E, como já era de se esperar, o Brasil é um dos principais alvos desses serviços inovadores. “O País é considerado um mercado novo e como tudo que está no inicio apresenta grandes oportunidades e obstáculos”, explica Roger Machado, diretor do Napster para a América Latina. “Talvez o maior desafio agora seja explicar quais os benefícios do streaming e os diferenciais entre os players.”

Os serviços em atuação por aqui já são cinco: Deezer, Napster, Rdio, Spotify e Google Play. “O mercado no Brasil é muito promissor, porque essa tecnologia começou a provar o seu impacto na pirataria”, afirma Mathieu Le Roux, diretor do Deezer para a América Latina. “Segundo um estudo encomendado pela Deezer e outras empresas do setor, quem usa serviços de streaming baixa 31% a menos de música ilegal.”

Em contrapartida, há que vencer a cultura de resistência ao pagamento pelas canções. “Uma das tarefas do setor é catequizar os usuários, explicar a cadeia musical e ressaltar a importância de colaborar com o artista”, prossegue Mathieu.

Os players ainda não brigam entre si justamente por entender que o momento é de trazer novos ouvintes em vez de disputar os já existentes. Por isso a contratação de Zane Lowe pela Apple parece indicar que a empresa vá querer sua fatia deste bolo. No ano passado, ela comprou a fábrica de fones de ouvido Beats e a aquisição incluía seu próprio serviço de streaming. Se somarmos as duas apostas, tudo indica que a Apple pode também pular no mercado de streaming em 2015, fazendo valer sua história na difusão da música digital neste século.

Com que aplicativo eu vou?

As opções disponíveis no Brasil têm preços (em torno de R$15) e catálogos (cerca de 30 milhões de músicas) parecidos. Seus diferenciais são as parcerias, a interface e as promoções:

Spotify
O serviço sueco é o mais popular atualmente. Sua versão premium – pode ser tsatada por 30 dias gratuitamente – permite escutar músicas sem estar conectado à internet e pular os anúncios onipresentes no formato grátis.

Deezer
A opção gratuita do aplicativo francês permite pular apenas um número específico de músicas por dia. Realiza as Deezer Sessions, convidando artistas para fazer shows exclusivos, cujos repertórios ficam disponíveis posteriormente. Recentemente anunciou parceria com a operadora Tim, que pagam menos para ter acesso ao conteúdo do aplicativo.

Rdio
Com uma interface clean e com a possibilidade de funcionar como rede social (há como ver listas de músicas de amigos), o aplicativo pode ser experimentado durante seis meses gratuitamente. Depois disso só é possível utilizá-lo pagando a assinatura.

Napster
Sua versão atual é o oposto do software homônimo, criado em 1999 e que deu origem à pirata digital, já que é o único serviço que não oferece versão grátis. A marca foi comprada pela norte-americana Rhapsody e traz playlists escolhidas por artistas e celebridades, além de ter fechado parcerias com a operadora Vivo e o portal Terra (cujos assinantes pagam menos para ter acesso ao conteúdo do aplicativo).

Google Play
É o caçula dos players e ainda está engatinhando – mesmo com a força do Google por trás, é o que está presente em menos dispositivos, apenas para iOS, Android e web. Foi lançado no fim de 2014 e deve mostrar suas armas este ano, especialmente quando conectar-se a outro serviço pago de música do Google, o YouTube Music Key.

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